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Cidades

Recesso de creches modifica a rotina na periferia

Redação | 26/12/2007 16:43

As férias nas creches públicas e particulares em Campo Grande são traduzidas em transtornos para a maioria dos pais, em especial os da periferia, que precisam mudar a rotina e desembolsar o que quase sempre não têm para garantir o cuidado das crianças. "Ficam com outras pessoas, com minha sogra, minha avó. Até a vizinha, mas esta cobra", explica Joecenir Figueiredo Ferreira, 27 anos.

Joecenir mora no bairro Tiradentes com as quatro filhas, uma delas freqüentou o último ano na creche em 2007 e, agora, vai ficar meio período com a avó. "Quando elas vão para a escola, nós pagamos meio período e uma criança a mais sempre encarece". A secretária Maitê Borges Silva, 26 anos, explica que carrega o hábito de gastar mais nas férias escolares desde o nascimento do filho mais velho, hoje com 7anos. "Acaba acostumando porque não existem alternativas", lamenta.

Há 3 meses Maitê está desempregada e, para tentar encontrar emprego precisa escolher os dias em que a mãe não vai estar ocupada. "Como não tenho como pagar e preciso de emprego, fica ainda mais difícil. Mas quando preciso pago até R$ 100 por mês". Cuidando de duas meninas, a doméstica Fabiana Sábio Pereira, 23 anos, sugere a implantação de creches que também funcionem nas férias de forma diferenciada para atender crianças e pais. "Na creche o desenvolvimento é diferente. Ela aprende muita coisa quando está lá", afirma ao referir-se à filha de 4 anos.

Fabiana explica que para não pagar pelo cuidado da filha durante todo o período de férias, combinou com a patroa de tirar férias entre dezembro e janeiro. "Se fosse pagar seriam R$ 150, mas eu ganho o salário mínimo". De qualquer forma, a doméstica terá que colocar a mão no bolso, porque as férias na creche da filha pequena terminam na primeira semana de fevereiro, quase 20 dias depois do fim do recesso dela. Analisando as alternativas para cuidar da pequena só há uma hipótese descartada: a de deixá-la com a mais velha, hoje com 9 anos. "São muitos perigos em casa. Tem gente que faz isso, mas eu não consigo".

Os transtornos vividos no período de férias têm sido constantes para a doméstica Camila da Silva, 18 anos. Para cuidar do pequeno Willian, de 18 meses, ela conta com a família, mas ainda espera uma creche. "Já deixei o meu nome e vários lugares aqui perto e nunca tem vaga. Eu entro às 7 horas, saio 3 horas da tarde e deixo o menino com minha mãe ou minha vó, mas só quando dá porque não posso levá-lo para meu serviço".

Experiência semelhante viveu Liliane Flores, 19 anos, mãe de Marlon, 5. Sem vagas nas creches próximas ao bairro Tiradentes, fazia uma ginástica com a agenda dela, da família e vizinhos. "Como sou diarista, não são todos os dias, mas as coisas só melhoraram depois que consegui a vaga pra ele", resume.

A realidade vivida pelas mães do bairro Tiradentes é a mesma da maioria dos pais nesta época do ano. Somente nos Centros de Educação Infantil de Campo Grande são 9,3 mil crianças, metade na faixa de zero a 3 anos. O ano escolar terminou no dia 16 de dezembro e só retorna na primeira semana de fevereiro. "Infelizmente não há o que discutir, porque essa situação é a mesma de quem tem filho em creche, ou escola particular. Mas seria bom haver uma alternativa", sugere Fabiana.

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