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Cidades

Reinserção de adolescente infrator é desafio

Redação | 24/01/2008 14:36

Voltar para a casa: este é o desafio dos adolescentes que deixam as Uneis (Unidades Educacionais de Internação) após o cumprimento de medidas sócio-educativas. "O nosso 'calo' é a falta de alguém que prepare a família. Uma equipe técnica que traga a família de volta para o adolescente", enfatiza o juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude, Danilo Burin.

Segundo ele, o trabalho, "por ser muito difícil", é feito de forma esporádica. "Sem o compromisso da reinserção", destaca. Para o juiz, toda a sociedade sofre as conseqüências da ausência de uma iniciativa direcionada, que vá atrás dos familiares dos adolescentes em conflitos da lei. A situação contribui para os casos de reincidência.

Com o apoio da família, um adolescente de 17 anos* espera que a Unei não seja seu endereço constante. "Quero sair e tentar arrumar emprego em Dourados com meu irmão", planeja o rapaz, pai de uma menina de três meses. Ao lado dos pais, antes de uma audiência no Fórum de Campo Grande, ele relata, cabisbaixo e retorcendo os dedos das mãos, que em 2006 assaltou um ônibus porque não tinha dinheiro para comprar bebidas.

Segundo ele, a idéia partiu de um colega. Munidos com facas praticaram o roubo, que resultou em R$ 192, um celular, e posteriormente, privação da liberdade. Após 45 dias de internação na Unei do bairro Los Angeles, o jovem, que parou os estudos na 5ª serie do Ensino Fundamental, passou para a liberdade assistida, mas não seguiu a determinação de prestar trabalho comunitário. Há sete meses, ele cumpre medida de internação na Unei Dom Bosco.

Sua mãe, de 62 anos, conta que duvidou dos policiais quando bateram na porta da casa, no Jardim Carioca, em busca de um dos seus seis filhos. "Achava que o meu filho não faria isso". Depois, a mesma cena foi vivida quando o filho de 16 anos também foi para a Unei Dom Bosco (onde está há 11 meses) por ter assaltado um supermercado. "Isso é coisa de 'colegagem', má companhia", acredita a senhora, que vende produtos de limpeza, tapete de crochê, além de fazer faxinas.

De acordo com ela, o recorrente envolvimento da família com o crime começou quando deixaram uma fazenda com destino a Campo Grande. "Os mais velhos, que trabalham, já tinham a cabeça feita", afirma. Para o pai, de 52 anos, sua aposentadoria garantia o básico em casa. Porém, os adolescentes passaram a arcar com novas necessidades, como álcool e maconha.

Um passo - Nesta quinta-feira, o CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza lançou hoje o projeto "De volta para a casa". O foco é dar atendimento jurídico aos adolescentes, que em sua maioria se valem da Defensoria Pública - que por ser gratuita tem grande demanda de atendimento-, mas pretende dar um passo em direção ao atendimento da família.

"Vamos precisar que um adulto responsável pelo adolescente venha até aqui para autorizar a defesa. Daí, iniciamos um processo de diálogo com a família", aponta o presidente do CDDH, Paulo

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