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Cidades

Regras da Sejusp revoltam tropa da PM, que pede revogação das medidas

Marta Ferreira | 23/02/2011 11:58

Duas resoluções da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) sobre o trabalho da PM (Polícia Militar) baixadas ontem provocaram uma crise de insatisfação na tropa, que, por meio das associações que representam os policiais, pediu a revogação das medidas. Uma reunião debateu o assunto esta manhã no comando da Corporação.

A primeira resolução, sobre a entrega de presos, determina que isso deve ser feito sempre a um delegado de Polícia Civil, e a outra veda a atuação do Serviço de Inteligência da PM, a chamada PM2, em relação aos crimes comuns.

A grita foi geral na tropa, de praças a oficiais, e em uma reunião nesta manhã com o comandante da PM, Coronel Carlos Alberto David, as associações que representam a tropa pediram que ele intervenha junto ao secretário Wantuir Jacini para que as resoluções sejam revogadas.

O principal reflexo da medida sobre a entrega de presos, conforme as associações, vai ser para a população, que vai enfrentar ainda mais demora para o atendimento das ocorrências, pois as equipes terão de ficar “paradas” nas delegacias à espera de um delegado para entregar o preso, como afirmou esta manhã o vice-presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM e dos Bombeiros de Mato de Grosso do Sul, Cláudio de Souza.

A entidade divulgou uma nota de repúdio às determinações da

Sejusp, em que afirma que, embora a maioria das padronizações já são práticas rotineiras da Polícia Militar, há novidades que significam “ingerência de práticas burocráticas que somente poderão tumultuar o bom trabalho dos policiais militares que estão no dia-a-dia no desempenho de suas funções para trazer uma melhora na segurança pública dos cidadãos”.

O texto afirma que “quem perde com isso são os cidadãos do nosso Estado que passarão mais ainda a sentir a falta da verdadeira segurança pública”.

Uma preocupação da tropa é com as cidades do interior onde não há delegacia, por exemplo. “O policial vai ter que ir atrás de outra cidade com delegacia com o preso até achar delegado de plantão?, indaga um PM, que terá a identidade preservada. “E nas delegacias especializadas, em Campo Grande, que não tem plantão noturno, como vai ser?, prossegue.

Os PMS reclamam também de uma determinação da resolução sobre a entrega de presos que resgata o boletim feito a mão, prática abandonada há vários anos. “É reatroagir”, define o vice-presidente da ACS.

“A partir de agora as viaturas policiais da PM terão que, em qualquer ocorrência, aguardar o atendimento do delegado de Polícia para só depois voltar a fazer o trabalho ostensivo e preventivo, sendo que aí só quem perde a sociedade e a bandidagem ganha, em razão de práticas que doravante terão que ser atendidas, prossegue a nota divulgada pela entidade.

Sobre o veto à investigações de crimes civis por parte da PM2, a ACS afirma que que o trabalho de inteligência da PM-MS já desvendou vários crimes “de comoção social”.

De acordo com policiais ouvidos pelo Campo Grande News o serviço reservado faz o trabalho de inteligência tanto envolvendo policiais quanto civis e municia as forças de segurança com informações que tem ajudado a prender criminosos. Uma das ocorrências, este ano, foi a apreensão de mais de uma tonelada de maconha no bairro Otávio Pécora em Campo Grande, a partir do trabalho da PM2.

Briga de poderO episódio expõe ainda mais uma antiga disputa de poder entre Polícia Civil e Polícia Militar e, com as duas resoluções, a corporação civil saiu fortalecida.

As medidas foram tomadas depois de um episódio polêmico em que um ladrão por policiais militares, reconhecido por 11 motoristas de ônibus, acabou sendo solto na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), sob a alegação que não havia mandado de prisão.

Ao sair da reunião com o comandante da PM nesta manhã, o presidente da associação dos oficiais da PM, coronel Valter Godoy, afirmou que o momento deveria ser de unir e não dividir as forças policiais contra a criminalidade.

O Comando da PM informou, por meio da assessoria de imprensa, que estão sendo feitas gestões junto à Sejusp, para tratar do assunto.

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