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Cidades

Revoada de pipas dá exemplo contra o cerol

Redação | 08/04/2009 10:28

Idéia de uma professora da rede municipal mudou a forma de pensar de alunos da Escola Oliva Enciso, no Bairro Tiradentes, em Campo Grande.

Para coibir o uso de cerol, a educadora implantou o projeto "Divertir sem ferir. Não ao uso do cerol". Carmen Lucia Dias de Andrade, conta que a morte do motociclista que teve o pescoço degolado por uma linha de cerol no Aero Rancho no mês passado, foi motivo para entrar em ação.

Ela conta que depois que soube pelos jornais da morte de Valdir Rodrigues Cavalcante, 36 anos, resolveu fazer algo na escola para evitar novas tragédias.

"Na sala de aula perguntei aos alunos quem soltava pipa usando cerol e me assustou o número de alunos que afirmaram usar. Com isso montei o projeto e passei a trabalhar com as crianças".

Segundo a professora, o resultado é surpreendente. "Eles ficaram bastante chocados quando souberam do perigo que o cerol trazia para as pessoas. Juntei recortes de matérias, tanto daqui do Estado como de outros que mostravam pessoas cruelmente feridas por linha com cerol", emenda.

Iniciado em março, o projeto teve a adesão de 130 alunos da 4ª e 5ª séries do ensino fundamental. Nas oficinas, as crianças aprenderam a confeccionar pipa e brincar sem o uso da mistura de cola com vidro.

Lição de casa - Diogo Gomes Pereira, de 12 anos, afirma ter apreendido bem a lição. Ele conta que costumava soltar pipa usando a mistura. "O cerol é uma arma nas mãos da gente", define.

Foi Diego quem confeccionou 70% das pipas feitas durante a oficina. "Vi meus amigos fazendo e resolvi tentar". Ele conta que solta pipa desde os 10 anos e por diversas vezes foi vítima da brincadeira. "Costumava cortar os dedos", lembra. Aprendida a lição, Diego diz que ele mesmo tem tratado de falar sobre o perigo aos amigos.

Jhabner Martins Mota, de 8 anos, conta ter aprendido que a "brincadeira" perigosa quem paga são outras pessoas e ainda os pais. "Usar cerol pode ferir outras pessoas, além disso, meu pai pode ser preso". Para a professora, esse é o maior resultado do projeto. "Pretendo levar adiante com ajuda dessas crianças que hoje propagam a idéia".

Operação Corta Cerol - A Operação da Polícia Civil contra o uso da mistura de cola e vidro, de acordo com a titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude (Deaij), Maria de Lourdes Souza Cano, atingiu seu objetivo de conscientização nas ruas.

Após um mês de operação é possível observar que os casos envolvendo cerol já são menos expressivos, garante. "A operação atingiu o foco e esperamos que não tenha mais nenhuma ocorrência desse tipo", afirma a delegada.

"A atuação dos policiais continua. Eles saem nas ruas e apreendem quem estiver utilizando cerol na linha de pipa: adolescentes e adultos também. Quem for pego praticando este tipo de ação vai responder a um processo judicial", reforça Maria de Lourdes.

Ela diz ainda que a operação não está focada somente em áreas específicas da cidade, a atuação continua e em todas as regiões da Capital.

"As pessoas devem se conscientizar que a brincadeira deve ser feita de forma segura, sem a utilização do cerol. Tem aqueles que usam o material e dizem que estão em uma área tranquila para a brincadeira. Isso é uma utopia: dizer que vai brincar e não vai lesionar ninguém. A linha pode arrebentar e atingir uma pessoa; é uma linha que fere", comenta.

Desde o dia 2 de março os policiais da Deaij fazem o trabalho. A ação tem o objetivo de mostrar para a população que utilizar o produto é crime porque coloca a vida de outras pessoas em risco.

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