Sem nomes nas ruas, moradores improvisam mapa de bairro
Com poucas placas indicando os nomes das ruas e sem aparecer nas listas telefônicas, moradores do bairro Nova Esperança, em Campo Grande, têm que recorrer a mapas improvisados e a pontos de referência para serem encontrados.
Segundo eles, apesar de estar próximo do Centro e de locais conhecidos como o Estádio Guanandizão, o quadrilátero de cerca de cinco quadras que forma o bairro foi esquecido.
Na tentativa de amenizar a situação dos entregadores e visitantes que vão ao local, o funcionário de um mercado, Rodnei Carlos Nascimento, de 33 anos, improvisou um mapa que construiu com base nas informações de moradores.
"Eu ia perguntando o nome da rua onde a pessoa mora e anotando aqui", diz orgulhoso com o pedaço de papel. Ele conta que os carteiros mais experientes e que conhecem o bairro consegue se localizar, mas os novos ficam em uma situação complicada. "Aqui a turma quase não acha as ruas", diz.
Morador do bairro há cerca de 20 anos, o churrasqueiro Rogério Rezende de Souza, de 23 anos, fala da dificuldade de dar o endereço para quem vai à sua casa. "Nova Esperança ninguém sabe onde é, tenho que falar da UFMS para a pessoa se localizar, mas nem é perto", explica.
Segundo ele, o local ainda não conseguiu reconhecimento de vila e ainda é tratado como chácara. "Aqui é chamado até de Rocinha", revela.
No bairro, não há asfalto e as casas ainda não possuem documento, apenas um título provisório, afirma a dona-de-casa Isabel de Oliveira, de 43 anos.
Ela reclama que a rua da sua casa, Antônio de Souza Júnior, é "morta" porque começa em uma casa e termina em uma rua pouco utilizada. "Supermercado e 'gaizeiro' é a maior dificuldade para entregar a compra. Tem que ficar dando ponto de referência e eles não encontram", declara.
O entregador de açougue José Pereira, de 57 anos, ressalta que a falta de nomes nas ruas dificulta e atrasa o trabalho. "Você tem que ficar procurando", ressalta.
Apesar dos imóveis não terem documentação regularizada, o bairro conta com energia elétrica, água encanada e rede de esgoto, dizem os moradores.
Para eles, a falta de nome nas ruas e de inclusão no mapa gera transtornos diários, mas é apenas um reflexo da situação de "esquecimento" em que se encontra o bairro.
"Aqui é tão pertinho do centro e nós não temos benfeitorias de nada", observa a auxiliar de serviços gerais Maria Madalena Alfredo, de 47 anos.