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Cidades

Sindicato denuncia abuso de PMs contra médico de posto

Redação | 29/04/2009 15:39

O Sinmed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) acusa dois Policiais Militares de intimidação contra médico do posto de saúde do bairro Nova Bahia, em Campo Grande.

Ontem por volta das 23h, o clínico geral de 60 anos, cujo nome será preservado a pedido, foi retirado durante plantão e levado à delegacia por um cabo e um soldado da Polícia Militar que, segundo testemunhas, não possuíam nenhum documento legal para embasar o procedimento e obrigar o profissional a ir até a Polícia Civil naquele momento.

Os PMs levaram o médico para prestar esclarecimentos na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), alegando que ele teria atendido mal um paciente. O homem que reclamou do profissional seria amigo dos policiais, dizem testemunhas.

Procurado pelo Campo Grande News , o médico não quis falar sobre o assunto, por receio de retaliação. Visivelmente abalado, ele apresenta ferimentos nas mãos e braços, mas alega que são decorrentes de uma queda de motocicleta.

Contudo, a direção do posto de saúde confirmou a intimidação dos policiais e o fato de terem obrigado o profissional a ir até a Delegacia no meio de seu plantão de emergência, levado em uma viatura da PM.

Segundo o sindicato, nem sequer havia denúncia formal sobre o caso até o depoimento na delegacia.

O médico foi liberado da Depac somente após se comprometer a comparecer ao local quando receber uma intimação sobre o caso.

No boletim de ocorrência, registrado só às 23h16, consta uma denúncia de injúria. De acordo com o documento, no meio da consulta o paciente pediu sua ficha para ser atendido por outro profissional, alegando ser maltratado pelo médico.

O rapaz, de 28 anos, diz que o médico passou a ofende-lo com palavras de baixo calão.

Respaldo - O Sindicato dos Médicos garantiu que irá reagir ao caso, mas ainda não definiu de que forma isso será feito. Ontem, enquanto o médico estava na delegacia, um representante da entidade foi até o local por volta da meia-noite para acompanhar o depoimento.

A presidente do Sinmed, Luiza da Silva Santana, de 53 anos, reclama da falta de segurança para os médicos que atendem nos postos de saúde, problema há anos denunciado. Ela afirma que o ideal seria a presença de guardas armados nesses locais, mas o que há são apenas agentes patrimoniais.

"Quando acontece agressão, a gente não tem nem a quem recorrer", reclama. Segundo a entidade, apenas no último ano houve um aumento de 10% nos casos de agressão contra médicos.

Pancadas - As histórias variam desde tapas no rosto e socos, até pacientes insatisfeitos que voltam ao posto de saúde com um revólver para ameaçar o profissional. "O chute na porta é uma coisa corriqueira", conta a presidente do sindicato.

Segundo o sindicato, a melhor solução seria que médicos e pacientes se respeitassem. Mas, como as agressões tem aumentado, a entidade reivindica segurança para que os profissionais possam trabalhar.

Resposta - Questionada sobre o caso, a Polícia Militar destacou que cumpre o princípio da legalidade. A orientação da assessoria de comunicação da PM é para que, caso algum policial tenha agido de forma truculenta, o médico faça denúncia à Corregedoria.

Além disso, a PM alega que um enfermeiro do posto de saúde serviu como testemunha. E faz parte do procedimento padrão da Polícia o encaminhamento do autor, da vítima e de uma testemunha à Delegacia.

Segundo a PM, caso seja comprovado que o médico realmente xingou o paciente, cabe apuração por se tratar de crime contra a honra.

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