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Cidades

Taxa de homicídios de jovens negros é quase triplo em relação aos brancos

Aline dos Santos | 02/07/2014 11:02

O risco de ser assassinado é bem maior para os jovens negros em Mato Grosso do Sul. Conforme dados do Mapa da Violência, a taxa de homicídios em 2012 na população negra jovem foi de 60,3 a cada 100 mil habitantes. O número é quase três vezes menor para a população branca jovem, com taxa de 22,6 em 2012.

Quando se faz um comparativo entre 2002 e 2012, a taxa de homicídio para os negros caiu 1,7%. Com redução de 61,3 para 60,3 em uma década. Nesse período, o ápice da violência foi em 2003, com taxa de 66,4.

Se o recorte do levantamento é relativo à juventude de cor branca, a queda foi de 47,4%. Em 2002, a taxa era de 43, com redução para 22,6 em 2012, no estado.

Segundo o levantamento, em 2012 foram 206 homicídios na população negra jovem em Mato Grosso do Sul. No mesmo ano, foram registrados 68 assassinatos de jovens brancos.

Em Campo Grande, a taxa de homicídios na população jovem negra foi de 58. Enquanto para a juventude de cor da pele branca o resultado foi de 14,6. Dourados aparece na lista dos 100 municípios com mais de 50 mil habitantes com as maiores taxas (por 100 mil) de homicídios de negros na população jovem. O segundo maior município do Estado registrou taxa de 138.

O predomínio do assassinato de negros é tendência nacional. Conforme a Agência Brasil, a vitimização dos negros é bem maior que a de brancos. Morreram proporcionalmente 146,5% mais negros do que brancos no Brasil, em 2012.

Considerando a década entre 2002 e 2012, a vitimização negra, isso é, a comparação da taxa de morte desse segmento com a da população branca, mais que duplicou. Entre 2002 e 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3% e o dos jovens negros aumentou 32,4%.

Na pele – Cleonice Rocha da Silva, 51 anos, virou símbolo do combate à intolerância racial depois de ter dois filhos assassinados por serem negros. No último dia 15 de maio, Isaías da Silva Faria, 30 anos foi baleado em uma conveniência no Jardim Colibri, em Campo Grande. Em 2007, o mesmo aconteceu com o filho caçula, Anderson da Silva Faria, 19 anos.

“Meus filhos se foram e não voltam, mais. Mas se desde quando aconteceu com o Anderson eu tivesse começado a lutar, as coisas já poderiam ser diferentes. Agora, com o Isaías, me vejo na obrigação de mergulhar de cabeça contra o ódio e o preconceito”, disse Cleonice ao Campo Grande News poucos dias depois da perda do segundo filho.

Coordenadora de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, Raimunda Luzia de Brito, avalia que o racismo aproxima o negro da morte. “O preconceito é quando existe só na sua cabeça. O racismo é quando você bota em prática”, afirma. Segundo ela, a situação mais preocupante é em Alagoas. “Lá, aos 12 anos o neguinho começa a morrer”, diz.

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