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Cidades

Trabalhador da construção não quer carteira assinada

Redação | 15/01/2008 10:19

Se por um lado o setor da construção civil em Mato Grosso do Sul aspira a lucros acima da média em 2008, do outro os trabalhadores pretendem reivindicar parte do "bolo", principalmente com a revisão do piso salarial. O valor, que oscila entre R$ 550 (na Capital) e R$ 560 (para o Estado), é aplicado para os trabalhadores com carteira assinada, e acaba atingido em cheio pelos encargos sociais. Assim, em busca de uma rentabilidade maior, os trabalhadores têm aberto mão do vínculo em carteira.

O quadro é exposto pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de Campo Grande, Samuel da Silva Martins. "O piso dos trabalhadores hoje está achatado, por conta das políticas econômicas aplicadas ao longo dos anos", afirmou. Como comparação, ele cita que em 1995 o piso do trabalhador do setor equivalia a 2,2 salários-mínimos (o que hoje equivaleria a R$ 836). "O piso atual, de R$ 550, se aproxima de 1,45 salário-mínimo", prosseguiu. O mínimo em vigor no País é de R$ 380.

A defasagem, salienta Martins, faz o trabalhador optar por não registrar o emprego em carteira, "garantindo assim um ganho semanal entre R$ 200 e R$ 250. O trabalhador deixa de assinar a carteira para fugir do piso", ressaltou, lembrando que, trabalhando como "autônomo", o empregado deixa de contar com benefícios como FGTS e cobertura da Previdência Social. Um agravante é que a contrução civil sempre foi um dos setores que mais registra acidentes de trabalho. Sem carteira assinada o trabalhador fica desprovido de qualquer seguro em caso de necessitar afastamento.

Mesmo assim, a tendência de optar por não ser regitrado é seguida pelo pedreiro Carlos Ramos da Silva, de 45 anos, há dez na profissão. Ele confirma preferir não ter assinatura em carteira para ganhar mais, e, para o futuro, pensa em dar "um jeitinho brasileiro para conseguir a aposentadoria". Ele defende compensar mais o ganho atual, mesmo ficando fora da Previdência. Já Reinando Mendes (40), pedreiro há dez anos, vale a pena "alternar" os períodos. "Trabalho em um emprego com e em outro sem carteira. Não acho certo ganhar menos, por isso aceito ficar sem carteira", disse.

Para outros, porém, a carteira assinada é uma conquista inabalável. Atualmente fazendo um bico como ajudante de pedreiro, Adelmo Manoel Riba (48) é tratorista, e afirma que "não abro mão da carteira, porque penso no futuro". Na mesma linha, José Luiz da Silva (46) prefere pensar no futuro, quando os braços não agüentarem mais a labuta nas obras.

"Tenho mais segurança. Não vou receber mais agora, mas no futuro vai compensar, porque sei que vou aposentar", afirmou Silva. Há 20 anos na profissão, sempre com preferência de registro em carteira, ele alega só conseguir confirmar 15 anos de trabalho.

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