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Cidades

Turistas pagavam 1,5 mil dólares para caçar

Redação | 21/07/2010 11:13

A prisão de Eliseu Augusto Sicoli, apontado como homem que comandava a matança de onças no Pantanal, mostra que turistas pagam até 1,5 mil dólares para participar de safáris clandestinos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Eliseu tem a formação de dentista e é professor titular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, mas também optou pelo agenciamento lucrativo das caçadas. Segundo o próprio chefe do esquema, só em 2009 foram abatidas 29 onças.

O esquema de prejuízo "incalculável" ao meio ambiente, na avaliação do Ibama, movimentava por grupo trazido ao Pantanal cerca de 10 mil dólares.

As viagens também eram organizadas para a África, pelo valor de 3,5 mil dólares, sem contar as passagens aéreas.

"Eles chegaram a caçar uma onça pantera negra, que é extremamente rara. Nem moradores da região conseguem ver o animal", comenta Luiz Benatti, chefe de fiscalização do Ibama.

A propaganda do turismo predatório era de que ninguém voltaria sem, pelo menos, uma espécie de onça abatida.

Em campo, os caçadores tinham uma colaboração fundamental, a experiência de Antônio, o "Tonho da Onça". Segundo a Polícia Federal, ele foi contratado por Eliseu para coordenar as caçadas, por conta da experiência.

Por anos Tonho trabalhou para fazendeiros da região do Pantanal para evitar que as onças atacassem os rebanhos. Depois da ação de organizações não-governamentais, ele chegou a mudar de lado e atuar junto das ONGs, mas segundo a PF esse comportamento era só "fachada" para o crime ambiental.

Além do Pantanal, a quadrilha também organizava grupos para caça no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná.

Existe mandado de prisão contra ele, mas Tonho é considerado foragido. Na chácara dele, em Rondonopólis (MT), a Polícia encontrou vários cães de caça e armamento.

Já o filho de Tonho, Marco Antônio Moraes de Melo, foi preso em Sinop, em flagrante, durante uma caçada.

Além de Eliseu e do filho de Tonho da Onça, um açougueiro e um chacareiro foram presos em Miranda, mas os nomes não foram divulgados.

As investigações começaram em outubro, depois que a ONG da qual Tonho fazia parte denunciou o sumiço de 2 onças monitoradas. "Mobilizamos 70 homens que, na parte final da operação, os acompanharam por quase uma semana, mas nesse tempo nenhuma onça foi morta", detalha o superintendente da PF em mato Grosso do Sul, José Rica Lara.

Dos 7 mandados de prisão, só 4 foram cumpridos, os outros três envolvidos, incluindo Tonho, ainda estão foragidos e são de Corbélia (PR) e Curitiba (PR), um deles é o homem que empalhava os animais abatidos para que os turistas levassem para casa.

Os caçadores que vinham para o Pantanal, na maioria das vezes eram argentinos e paraguaios.

A logística do grupo chamou atenção por abranger caminhonetes e aviões, além do armamento pesado.

Ao ser preso, Eliseu chegou a zombar da Polícia, segundo o delegado da PF em Corumbá, Paulo Machado Nomoto.

"Ele disse que o arsenal dele é maior que o da delegacia onde ele estava preso".

Fazendeiros das regiões onde ocorriam os safáris também são investigados. Existe a suspeita de que eles auxiliavam os caçadores, emprestando, inclusive, cães. A quadrilha também era contratada para matar onças para fazendeiros.

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