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Em Pauta

“Estes brasileiros são certamente como os asnos”, pensamentos que rondam a terra

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/01/2014 07:35
“Estes brasileiros são certamente como os asnos”, pensamentos que rondam a terra

Antes era o Europeu, mas o pensar sobre a posse da terra ronda a América Latina

Quais os direitos dos indígenas ou habitantes? Serão, como quer João Baptista de Porta: a saber que cada Nação tem os traços característicos de certo animal?

Assim, estes brasileiros são certamente como os asnos, dolentes e fleumáticos, e só aproveitáveis para o labor e para a escravidão, razão pela qual a natureza não dotou este país de nenhum outro animal de carga senão eles.

São, todavia, mais corpulentos do que robustos, gente de tronco grosso, pernas curtas, olhos pequenos, pele morena e doentia, feições irregulares, cabelos negros e oleosos, muito lisos e caindo sem graça pelas orelhas abaixo.

Homens e mulheres andam geralmente nus, usando apenas um trapo que lhes esconde as partes genitais, o que ninguém desejaria ver aliás, pois é o resto bastante repugnante.

Em relação à tal ferocidade não acredito tudo o que dizem mas sim o que é alegado de sua selvageria, como o de se devorarem uns aos outros ou não possuírem em seu vocabulário palavra alguma que traduza a Deus, Rei e Lei.

Se fossem tão ferozes quanto contam, não teriam cedido tão mansamente sua terra a Portugal, nem permitido que este a desfrute tão tranquilamente.

Esta a narrativa feita pelo jesuíta irlandês Ricardo Fleckno em 1648, compilada pelo historiador Affonso de E. Taunay em seu pequeno livro “Visitantes do Brasil Colonial”.

Fleckno foi um intelectual que debateu teatro com críticos de Moliére. Nada havia de inculto em suas palavras. Era um dos raros europeus que viajou por quase todas as capitais de seu continente. Ele representava o pensamento de tantos outros homens da época em que viveu.

Esse pensamento não desapareceu ao longo de mais de 400 anos. Se o interesse do europeu pelos indígenas da América Latina hoje é residual, parte dos latinos americanos continua a pensar como Fleckno.

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Mulheres discriminadas pela aparência

As mulheres são discriminadas no ambiente de trabalho pela aparência? Sim, ainda hoje se perpetua o “quociente de beleza profissional”. Tema que tem mais de 20 anos de debates contínuos e não resolvidos. Alguém poderia argumentar que os homens também são promovidos ou penalizados com base em sua aparência. Na realidade, os economistas descobriram que aqueles que possuem uma aparência “acima da média” ganham 5% mais do que seus colegas “menos atraentes” e que os profissionais que tem uma aparência “abaixo da média” ganham de 7% a 9% menos que seus colegas “medianos”.

“Estes brasileiros são certamente como os asnos”, pensamentos que rondam a terra

Devemos reconhecer que está iniciando a premiação profissional para a aparência masculina

Todos nós sabemos que existe uma real motivação para eles gastarem R$800 em corte de cabelo e cuidados com as unhas e pele. Também existe uma razão para executivos se vangloriarem de malhar durante a madrugada, com um treinador pessoal. Parecer saudável, apto, jovem e profissional é o sinal que a elite masculina usa agora para mostrar seu status em uma economia de consumo avançada.

Mas, as mulheres não estão apenas sujeitas à evidente discriminação, com base na aparência que os homens também enfrentam no trabalho. As mulheres jovens, sobretudo, sofrem discriminação no trabalho quando são vistas como esteticamente atraentes em demasia. Muitas empresas e órgãos públicos atribuem funções relacionadas ao contato com o público às mulheres jovens convencionalmente atraentes ou as submetem a postos nos quais sua aparência pode adicionar valor à “marca” da empresa – como servir cafezinhos aos homens de cargo elevado durante as reuniões, embora valor algum esteja sendo adicionado à própria carreira.

“Estes brasileiros são certamente como os asnos”, pensamentos que rondam a terra
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Um negócio animal: raio X do mercado de pets

Você tomou uma cerveja com seu cão? Preparou uma festa de aniversário para seu gato? Alugou uma suíte em um hospital veterinário para não deixar seu animal de estimação convalescente passar a noite sozinho? Seu pet já tomou seu banho energizante com pétalas de rosas em um ofurô?

O dito popular estabelece o cão como o melhor amigo do homem. E os humanos não poupam recursos para retribuir à altura a amizade de seu bicho de estimação. No mundo, os gastos anuais no mercado pet somam US$ 102 bilhões.

O Brasil disputa com o Japão o posto de segundo maior mercado – os EUA são o primeiro. Em 2013, a expectativa desse mercado é de crescer 8% no Brasil, com faturamento de R$15,4 bilhões. Esse crescimento o dobro do previsto para o varejo brasileiro. O ritmo de crescimento do mercado pet já dura uma década e tem fôlego para se manter no mesmo patamar, entre 7% e 8%, nos próximos cinco anos devido ao crescimento da população de animais de estimação, de 6% a 7% ao ano. O Brasil tem hoje, 106 milhões de pets.

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O primeiro shopping center do país e um coronel moderno

O “modernizador dos sertões”, Delmiro Gouveia, foi o “coronel dos coronéis”. Um homem que enriqueceu com sua visão empreendedora também podia mandar castigar um trabalhador por mau comportamento, amarrando-o em uma árvore por ter “manchado a honra” de uma jovem.

Nascido no Ceará, Delmiro mudou-se para o Recife com a mãe aos 4 anos, depois que o pai foi morto na Guerra do Paraguai. A mãe faleceu quando ele tinha 14 anos, obrigando-o a tornar-se responsável pelo próprio sustento.

Aos 21 anos, começou a vender peles secas de bode e carneiro. Dois anos depois fundava sua primeira empresa – a Delmiro & Cia. Para exportar couro para os EUA. O sucesso fez com que ele ganhasse o apelido de “rei das peles”. Daí em diante, os seus negócios não pararam de crescer.

Delmiro construiu o Mercado do Derby, considerado pelos historiadores como o primeiro shopping center do país. Era um centro comercial e um complexo de lazer – mesmo conceito dos atuais shoppings – com carrosséis, pista para ciclismo e barraquinhas de prendas. Mas o que mais chamava a atenção era a iluminação elétrica, então inédita no Recife.

Decadência após acusações sobre crimes, além de paixão e crime

O fim do Mercado do Derby é triste. Em 1900 é destruído após um incêndio. Delmiro foi preso acusado de ter sido o causador do incêndio. Como ele havia dado umas bengaladas no vice-presidente da República, Francisco Rosa e Silva, líder pernambucano e rival de Delmiro, tudo leva a crer que a acusação de incendiário foi uma retaliação política.

Delmiro vai para o exterior. Após um ano, retorna para cometer sua vingança – rapta uma jovem, por quem se apaixona, filha de outro adversário político. Carmela Eulina do Amaral tinha apenas 15 anos quando foi raptada pelo coronel Delmiro. Viverão juntos até 1917 quando ele foi assassinado com três tiros na varanda de sua casa.

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