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Em Pauta

174.000 pessoas demitidas pelas empresas investigadas pela polícia

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/08/2015 07:50
174.000 pessoas demitidas pelas empresas investigadas pela polícia

As empresas investigadas pela polícia demitiram 174.000 pessoas. O currículo delas está manchado?

São 174.000 pessoas desempregadas nos últimos dias pelas empresas investigadas pela polícia. Ao contrário dos demais brasileiros desempregados neste momento de crise, eles terão de enfrentar um segundo desafio: seu histórico profissional. O currículo desse batalhão de pessoas está manchado?

O debate entre administradores de empresas e profissionais de RH foi acesso há poucos dias e o estopim foi a manifestação de trabalhadores da Odebrecht, que se reuniram na frente da sede da empreiteira segurando cartazes com os dizeres "Somos Todos Odebrecht". Eles demonstraram apoio à construtora nesse momento difícil. Mas a atitude está gerando polêmica. Para alguns, foi uma forma de demonstrar lealdade, mas para outros consultores de RH, os funcionários deveriam ter sido mais cautelosos, adotar uma posição neutra.

Com as regras de "compliance" (auditoria interna das empresas) sendo adotadas pela maioria das empresas, muitos empregadores eliminam o candidato com a mera inscrição na carteira de trabalho de ter sido funcionário de uma das empresas investigadas. Caso tenham a felicidade de passar na primeira triagem, provavelmente serão perguntados sobre o contato de sua área com os possíveis negócios escusos e outros tópicos sensíveis. Só há uma saída a essas questões - a sinceridade. A atitude correta é não defender nem criticar a empresa investigada que o demitiu. O apoio pode ser visto com mal olhos, caso as denúncias se confirmem. As críticas podem ser encaradas como falta de lealdade. O tempo médio de espera por um novo emprego para o brasileiro demitido de uma empresa qualquer é de nove meses, para os desempregados das empresas investigadas pela polícia será bem maior. Mas é inaceitável que os 174.000 tenham o currículo manchado.

174.000 pessoas demitidas pelas empresas investigadas pela polícia

Brincando com fogo.

Caso caia um palito de fósforo no assento de teu carro o fogo fará um pequeno buraco e não ocorrerá um incêndio. Mas, e se você derrubar um palito de fósforo na poltrona de tua casa, o que ocorrerá? Um incêndio dentro de 1 a 2 minutos que incinerará toda tua sala ou uma imensa fumaceira altamente tóxica. Porque existem essas diferenças entre as poltronas do carro e de uma sala-de-estar?

Muitos países europeus proibiram o uso dos "aditivos retardantes de chama" usados na fabricação de sofás e poltronas no Brasil, são eles que inibem ou eliminam a propagação de chamas, mas, por outro lado promovem uma grande fumaceira de produtos altamente tóxicos e cancerígenos. Em resumo, sua poltrona demora a pegar fogo, mas a sala se torna uma "bomba" tóxica. A alternativa, pouco utilizada no Brasil, é a de deixar pegar fogo, em um minuto, utilizando espumas de plástico altamente combustíveis. Assim, sofás e poltronas nacionais te colocam entre a opção de uma dentre duas mortes: fogo ou intoxicação. Não há saída? A alternativa que precisa virar lei nacional é a utilizada nas poltronas dos automóveis - um tipo de trama especial feita com os tecidos escolhidos pelo fabricante. Essa trama diferente é a responsável pelo pequeno buraco feito por um palito de fósforo nos assentos dos carros e nenhuma consequência maior. Então, porque a multibilionária indústria de móveis não usa essa trama de tecidos no Brasil? A resposta é óbvia - devido ao lucro, pois a trama é mais cara que as opções dos aditivos retardantes de chama e as espumas de plástico. Quem conduziu a luta na Europa, para ter móveis com trama especial, foram as corporações de bombeiros e as mães de crianças pequenas. Há alguns anos ocorreu um aumento explosivo de bombeiros com câncer na Europa ocasionados pela fumaceira tóxica. As mães se engajaram na luta devido à descoberta de que os móveis infantis são os mais perigosos. O Brasil das fogueiras de agosto, nas cidades e no campo, está brincando com fogo.

174.000 pessoas demitidas pelas empresas investigadas pela polícia

Papel de uma empresa: marketing para conquistar clientes e inovação para sobreviver.

Em meados do século passado existiam poucas empresas, poucos produtos e a possibilidade de escolha dos consumidores era quase zero. As empresas reinavam. Muitas de forma tirânica, prepotente e truculenta. Agiam com as perguntas: "Quer? Está aqui. Não quer? Então, saia da frente, porque existe uma longa fila de pessoas ansiosas para comprar os nossos produtos". A mensagem empresarial soava como um "não encha o saco". Esse reinado está em seus minutos finais. As empresas de todos os setores de atividade passaram a ter, quase exclusivamente, duas funções: marketing e inovação. Marketing para conquistar e preservar clientes e inovação para sobreviver. E a única forma de sobreviver é converter-se em uma marca de qualidade na cabeça, no coração e no reconhecimento dos clientes. Nada mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou. Estamos diplomados por meio século de compras malfeitas e dinheiro jogado fora. De forma gradativa, consistente e irreversível, o consumidor passivo torna-se ativo. "Empodera-se", isto é, o indivíduo passa a agir coletivamente. Ou as empresas pensam, planejam, organizam-se e ativam-se sob a ótica desse novo cliente, ou podem encomendar as cerimônias de passamento.

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Madame Déficit e a queda dos poderosos.

O navio dos poderosos enfrenta tempestades, mas parece insubmersível. No entanto, múltiplos indícios mostram que ele começa a fazer água. Raros são os que pressentem o drama. "Mas é uma revolta?" indaga um poderoso. "Não, pode ser uma revolução", responde um nobre. A diferença fundamental entre revolta e revolução está no extremismo de cortar cabeças.

No cristianíssimo reino proliferam as ideias de liberdade, igualdade, tolerância e felicidade. Difundem-se em todas as camadas sociais. Até parte dos poderosos é atraída por essas ideias. Acumulam-se rancores de todos os partidos, dos que desejam um regime mais igualitário advogando a supremacia do mérito e dos talentos, aos que defendem seus privilégios fiscais e sociais. Os rancores e as diferenças que separam os dois campos se acirram. Algumas manobras fiscais são realizadas porque "eu quero", um gesto de inabilidade. Quando consegue ser firme, faz isso de maneira equivocada. A quase totalidade do povo está contra os poderosos. Ela é doravante "Madame Déficit". Esse é o Brasil de Dilma Roussef? Não. É a França de Maria Antonieta, cujo navio soçobrou.

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Os pães especiais estão saindo da mesa do brasileiro, mas para os pães comuns não há sinais de desaquecimento.

Aquele pão com quinoa, ervas ou gergelim, está saindo da mesa. Croissants, bolos e grande parte dos derivados de trigo "chiques" estão ficando de fora das cestas dos consumidores. No primeiro semestre deste ano, o processamento do trigo caiu cerca de 10% no país. Em torno de 600 mil toneladas do cereal deixaram de virar pão. O uso da capacidade instalada dessa indústria caiu para níveis de 50% a 60% - as máquinas estão parando. Além disso, a baixa procura deixa pouco espaço para que essa indústria consigam repassar o aumento de custos, notadamente aqueles decorrentes dos gastos com energia elétrica. Mas, no segmento de pães comuns, biscoitos e massas, por ora, não há sinais de desaquecimento. Há apenas uma mera substituição de marcas mais caras por alternativas mais baratas.

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