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Em Pauta

A esquerda desnorteada

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/01/2016 10:10
A esquerda desnorteada

O sistema partidário brasileiro sofre como um todo em razão de sua enorme distância da população. O PT em especial se encontra estreitamente vinculado ao governo, e o projeto de mantê-lo absorve suas energias. Não se pode esquecer que a CUT e o MST ainda têm reservas de forças e alguma capacidade de mobilização. Mas o PT se distancia, cada vez mais, de todos os demais movimentos do país. Em particular Lula, que tem relação de chefe frente a subordinados em seu partido e está sendo emparedado por denúncias que não cessam.

O PSB com a morte de seu criador, Eduardo Campos, está em vias de se esfacelar. Em sua origem fez um movimento à esquerda para logo a seguir guinar para a direita. Era uma época em que o PT não deixava espaço para nenhuma força se consolidar à esquerda. Teria espaço agora, mas não tem comando. Perdeu muito de sua aura, e muitos deixaram a legenda.

Podia-se esperar que nas eleições de 2014 o PSOL crescesse expressivamente. Não foi o caso, talvez em virtude da forte polarização que o PT conseguiu impor ao pleito. As dificuldades do PSOL vão além da campanha eleitoral - seu forte compromisso com o marxismo incapacita reunir um grupamento maior da esquerda. Fecha-se. Mesmo assim, existe alguma probabilidade de ocupar os espaços vazios que o PT e seu sócio prioritário - o PC do B - estão deixando pelo caminho.

O espaço do PC do B é o que o PT lhe destinar e nada mais lhe resta. A novidade na mesma área do PC do B, foi a Rede de Marina. Ela surge na política acreana como aliada primordial do PC do B. A candidatura de Marina não tinha um centro definido, mas cativou parcela importante da juventude. Com o apoio dado a Aécio Neves no segundo turno eleitoral, tal como o PSB, a Rede perdeu parcela expressiva de sua aura original. Tornou-se mais um partido.

Resta o PDT. Pode ainda retomar certo protagonismo caso Ciro Gomes seja de fato candidato à Presidência. Poderá representar até certo ponto outro elemento de pluralização da centro-esquerda. Os demais grupamentos de esquerda como o PPS e o PSTU não têm expressão alguma, são partidos cartoriais e cativos de um passado encantado. A esquerda necessita de uma bússola. Perdeu totalmente o norte, o sul e tudo mais.

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Eleições municipais. Poderosas fraquezas.

Constrange ler pesquisas eleitorais em 2016. Parcela importante do eleitor de Campo Grande acredita em marketing político. Depois de tudo que presenciamos nas eleições municipais e na campanha para a presidência era de se esperar uma alta dose de descrédito. Ceticismo deveria ser a racionalização do eleitor que trombou com tantas mentiras. O leão transformou-se em gato (ou gatuno). O cordeiro vestiu a pele de lobo. O bonzinho colocou as garras de fora. Nas campanhas eleitorais ninguém parece revelar como é de verdade. Quase todos querem ser aquilo que não são. Porquê?

Não há nada mais eficaz do que revelarmos honestamente quem verdadeiramente somos. A regra vale para a vida e vale ouro para a comunicação. Ora, quando nos preparamos para escolher o mandatário da cidade, todos os candidatos deveriam estar mostrando parte de seu verdadeiro eu, e não uma figura plástica criada para angariar votos. Os eleitores procuram um exemplo, um porto seguro, uma última instância para ajudar a cidade em estado caótico. Os eleitores não podem continuar vivendo em estado de ilusão.

Não deveriam acreditar em personagens criadas pelo marketing político que se apossaram de Campo Grande. Apenas denigrem seus opositores. Não existem ideias sólidas, projetos críveis, nem há verdade alguma na apresentação de quem eles realmente são. Escondem-se - uma faca em uma das mãos, uma metralhadora na outra e o vazio no cérebro. São fracos, incrivelmente frágeis, mas pelo marketing político e pela repetição exaustiva das mentiras, tornaram-se poderosos. Poderosas fraquezas. Estamos a poucos passos de decidirmos pela permanência ou mudança de um nome no comando da cidade. As pesquisas mostram que mais de 30% da população está sequiosa por mentiras. Estamos na única cidade do mundo que está viciada em mentiras eleitorais?

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Lotação esgotada: as praias brasileiras atrairão 2 milhões de argentinos.

Eles estão de volta. Pelo menos cinco ônibus e três voos diários lotados de argentinos estão chegando diariamente às praias de Santa Catarina. No Rio de Janeiro outros tantos. A agência de viagens Despegar afirma que pela primeira vez em muitos anos, o Rio de Janeiro ultrapassou Miami como destino de férias dos argentinos. E mais: sete dos dez principais destinos de viagens preferidos dos argentinos ficam no Brasil. Os cálculos dessa agência de viagens virtual ainda mostram a força da desvalorização do real frente ao dólar. O dinheiro norte-americano é a moeda tradicional das reservas individuais dos argentinos. Há mais de dez anos eles deixaram de acreditar em sua própria moeda.

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Os Ilusionistas de Brasília.

O país não aguenta de tanta expectativa. Nos bares e nas residências alguns tem ataques de ansiedade a cada notícia de jornal eletrônico. Não seria de descartar-se a criação de uma bolsa de apostas: Dilma cai ou não cai? Quando será a vez de Cunha?

No Congresso Nacional assistiremos uma enxurrada de brigas. Todas, significarão nada. Mas todas passarão a percepção de que amanhã será anunciado o fim do mundo. Que não há sistema político perfeito e que a política é uma ciência de contornos habilidosos, isso é perceptível. Mas quando o padrão deixa de ser uma linha para ser um ziguezague ao sabor do interesse do momento, a questão passa a afetar a vida de todos. O governo Dilma conseguiu, em um ano, ser desconcertante. Enganou a população e conseguiu enganar a si mesmo. Se na era Lula a ideia era de que a utopia socialista deveria ser "modelada pela realidade", em Dilma II os socialistas deram adeus ao socialismo. Derreteram a utopia. Tornaram-se meros Ilusionistas de Brasília. Ilusões só entre eles, não enganam a nada e a ninguém fora da Capital Federal. A única utopia que resta é o Bolsa Família. Sem nada cobrar de seus participantes, corre sério risco de ao longo do tempo criarmos um país de medíocres inclusivos. Será a última utopia que a realidade engolirá e degustará?

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Sonhos e desejos reprimidos.

Até a "Interpretação dos Sonhos", livro escrito por Sigmund Freud, os sonhos não eram levados a sério e as explicações sobre eles eram exclusivas de tradições e crenças, religiosas e populares. Com Freud, os sonhos passaram ao mundo das ciências. Todavia, o desprezo inicial pelos meios acadêmicos à "Interpretação dos Sonhos", vendeu apenas 228 exemplares, aborreceu seu autor, tanto que as críticas o levaram à depressão.

Freud se interessou pelos sonhos por meio dos métodos que empregava no tratamento da histeria em mulheres - escutá-las, hipnose, lembrança de vivências. Ele constatou que as lembranças eram importantes para a cura de determinados sintomas e que quanto mais a lembrança estava ligada à doença, a dificuldade era maior em recordá-la. A ideia central do livro é a de que o sonho é a realização de um desejo. Quem está com fome, por exemplo, pode sonhar que está comendo ou ingerindo alguma bebida. O ponto delicado da questão é que alguns desses desejos nem sempre são fáceis de serem admitidos, por não serem aceitáveis ou compatíveis com os valores pessoais ou sociais. Assim, sempre que um desejo proibido ou não aceitável surge em nossa mente é reprimido, mas não é eliminado. Ele fica guardado em algum lugar do cérebro provocando na pessoa seus efeitos que podem surgir e se apresentar durante o sonho. A principal característica do sonho é a ausência da razão. Ele tem suas próprias regras que podem estar distantes de qualquer sentido lógico ou racional. De forma resumida, pode-se dizer que sempre que um desejo não obedece às regras que conhecemos - família, religião, sexo... - ele fica guardado em nosso inconsciente. O sonho, então, pode ser compreendido como a expressão de desejos, grande parte reprimida. E a forma de representação mais conhecida dos sonhos é, sem dúvida, a de representação por símbolos.

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