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Em Pauta

A irracionalidade humana ainda rege a produção de comida no Brasil

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/09/2014 07:05
A irracionalidade humana ainda rege a produção de comida no Brasil

Malthus ainda vive?

Malthus foi um dos primeiros estudiosos a observar a irracionalidade humana. Seus estudos ensinam que duas leis regem a condição humana: precisamos de comida para sobreviver e a atração sexual é o nosso principal motor. Esse economista britânico, que viveu até 1834, é considerado o pai da demografia por sua teoria para o controle do aumento populacional.

Ele estimava que a população mundial deveria dobrar a cada 25 anos e não encontrava evidência para igual crescimento dos meios de subsistência. O homem morreria de fome, correndo atrás de suas necessidades sexuais. Ele dizia que a propriedade "condenaria a plebe à miséria". A culpa não seria dos pobres, iguais aos ricos no que tange à moral. Ele chegava às raias da crueldade quando dizia que, se um homem não pode sustentar seus filhos, eles devem morrer de fome. E para aumentar a mortandade existem as doenças e as guerras.

Mesmo acreditando no engenho humano, em sua capacidade de inovação, Malthus não viu que a inventividade humana acabou por ser mais poderosa do que ele supunha. Não previu a mudança da base econômica que saiu do milho para o carvão e, em seguida, para o petróleo. Não podia adivinhar a descoberta de novas tecnologias agrárias - o processo de Haber-Bosch para a síntese de amônia, os fertilizantes nitrogenados, as técnicas de reprodução que tornaram a pecuária mais produtiva, a introdução de herbicidas e pesticidas e, finalmente, a "revolução verde" de 1950.

Em sua época, precisavam-se de 2 hectares para alimentar uma pessoa na Europa. Hoje, necessitam-se de apenas 0,02 hectares. No Brasil, bem no nosso país, há uma enorme quantidade de hectares que são usados para alimentar larvas, pernilongos, cupins e um único boi. O descaso é tamanho que não existe medição.

Todavia, um número inconcebível de pessoas ainda passa fome. No mundo e no Brasil. Mas a fome não é motivada por escassez de alimentos, mas da falta de dinheiro para ter acesso a eles. Malthus ainda vive?

A irracionalidade humana ainda rege a produção de comida no Brasil
A irracionalidade humana ainda rege a produção de comida no Brasil

Excelência Impa

O pessoal do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e da Associação Brasileira de Ciências (ABC) que foi até a presidenta Dilma Roussef, na semana passada, solicitar 2% do PIB em pesquisas, ciência e tecnologia, em vez dos atuais 1,2%, demonstraram fórmulas e equações para justificar o pedido de verba. Todos têm suas razões. Mas o Impa, além de lógica, tem moral: é centro de excelência mundial na matéria. Basicamente, por três motivos recentes: 1) o ex-aluno e atual pesquisador do IMPA, Artur Avila, tornou-se o único ganhador da Medalha Fields (Nobel de Matemática) formado num país "em desenvolvimento"; 2) o Brasil foi confirmado como sede da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), em 2017; e 3) do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM), em 2018.

O Impa foi apresentado a Dilma como um modelo para outros campos do conhecimento, pela flexibilidade administrativa, que permite aproveitar talentos na formação e no recrutamento de pesquisadores nacionais e estrangeiros. César Camacho, diretor do IMPA, não se cansa de divulgar essa característica do instituto, a de não exigir diploma dos estudantes que participam dos cursos, o que atrai candidatos jovens e ajuda a identificação de talentos. Lá, na real, exige-se mérito científico.

A União Matemática Internacional (IMU) dá para o Brasil nota 4, em escala que vai até 5. Na América Latina, o País é o mais bem colocado, tendo os demais, no máximo, nota 2. Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e França têm nota 5. Quem for ao Rio, a partir de 2016, poderá visitar o Museu da Matemática, na Barra da Tijuca, desenvolvido pelo Impa, a pedido do Sesi.

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O Nobel da Matemática

Ávila conquistou sua medalha Fields em Seoul, no mês passado. O primeiro ano da premiação foi 1936 e ela é dada a cada quatro anos para de dois a quatro matemáticos. O prêmio é considerado o “Nobel” dos matemáticos e preenche o vazio deixado por Alfred Nobel que não incluiu os matemáticos no momento de sua morte em 1896. Alguns matemáticos acreditam que Nobel omitiu os matemáticos para irritar Gosta Mittag-Leffler, um rival sueco e que o canadense John Charles Fields criou o prêmio para preencher a omissão. Contudo, não existem muitas provas da briga entre Nobel e o sueco. Outros acreditam que Nobel omitiu a matemática por entender que ela não era tão importante quanto a física, a química, a medicina, a literatura, a economia e a paz. Fields não procurou substituir o prêmio Nobel, mas mostrar a unidade internacional dos matemáticos.

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NSA contrata matemáticos

Após a Primeira Guerra Mundial, a comunidade científica estava fracionada pelas rivalidades nacionais. O prêmio não teve reconhecimento no primeiro momento. Um exemplo disso está na história do matemático Stephen Smale, da Universidade da Califórnia, que em 1966 havia sido, em tese, convocado para depor sobre seu ativismo contra a Guerra do Vietnã e que teria fugido para Moscou. Contudo, o matemático havia viajado para comparecer ao Congresso Internacional em que ele receberia a medalha Fields. Durante a guerra fria, tal atividade foi relacionada como prova de “práticas comunistas” pelo matemático. Seus colegas acadêmicos passaram a defendê-lo e afirmar que ele estava indo receber o “Nobel da Matemática” e, com isso, o escândalo foi abafado. No ano seguinte, Smale usou o prêmio para desbloquear o financiamento que ele havia parado de receber por seu ativismo contrário à guerra. Hoje, o principal dilema político dos matemáticos nos Estados Unidos está relacionado com os escândalos envolvendo a Agência Nacional de Segurança (NSA), que é uma das principais empregadoras e uma grande financiadora dos trabalhos matemáticos.

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Suecos inventam prato que não precisa ser lavado

Mesmo com o advento das máquinas de lavar louças, nada é mais desanimador do que ver a pilha de pratos e vasilhas para serem lavados após uma refeição. Agora, os suecos encontraram a solução - um prato cuja superfície é resistente à sujeira e à água. Usou, guardou. O material usado na fabricação do "prato maravilha" é a celulose, que é revestida com uma cera especial de dióxido de carbono fundido em alta pressão e temperatura. O problema é que os suecos dizem que o prato é ainda um protótipo e levará entre dois e três anos para entrar na linha de produção fabril.

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“O Haiti é aqui”

Entre o fim de 2010, ano da tragédia no Haiti, e o fim de 2013, estima-se que 20 mil haitianos entraram no Brasil. O Ministério do Trabalho projeta que o número de imigrantes haitianos poderá chegar a 50 mil até o fim do ano.

De acordo com entrevistas realizadas pelos especialistas do Ministério com os imigrantes, os motivos da atração que o Brasil tem despertado entre os haitianos incluem o protagonismo das tropas brasileiras no processo de pacificação daquele país e a melhoria de vida que tiveram quando chegaram aqui. Adicione-se o fato de que as fronteiras brasileiras, na prática, estão – e continuarão a estar – escancaradas a todos os imigrantes, política inversa à adotada pelos Estados Unidos, e teremos uma grande quantidade de haitianos vivendo no Brasil. Desde que não sejam escravizados pelas confecções de roupas de marcas, são bem-vindos.

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