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Em Pauta

A mulher de todas as cores. Dia Internacional da Mulher

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/03/2015 08:38
A mulher de todas as cores. Dia Internacional da Mulher
A mulher de todas as cores. Dia Internacional da Mulher

Novo Alvorecer em Campo Grande.
La Doctora, a médica cubana revela a solidariedade à população da periferia de Campo Grande.

Um semblante sério e triste marca a fisionomia da Dra. Yanete Marquez Vinent, a médica cubana que atende no posto de saúde do longínquo Bairro Tarumã, há 16 meses. Muito disciplinada, cuida de seus afazeres com esmero. Ela é totalmente dedicada à profissão, com um ingrediente inovador - a solidariedade. Pensa e trabalha o dia todo para resolver os problemas de saúde de seus pacientes. La Doctora é uma jovem de 36 anos, mas carrega em seus pequeninos ombros uma larga experiência. Esteve nas periferias bolivianas e venezuelanas onde desenvolveu um trabalho similar ao que vem exercendo em Campo Grande. Mas foi ao Paquistão, cuidar do trauma das famílias de uma cidade turística (Balako) que deixou de existir, arrasada por um terremoto.

A mulher de todas as cores. Dia Internacional da Mulher

La Doctora vive na periferia.

Yanete vivia em uma grande cidade cubana, com uma população de aproximadamente 500 mil habitantes, Santiago de Cuba só é menor que Havana (capital cubana). Desde Santiago foi a Havana e voou para Brasília. Na capital brasileira residiu por um mês, aprendendo a língua portuguesa. O Ministério da Saúde escolheu Campo Grande para ela trabalhar. Está bem adaptada. Reside no Bairro Aero Rancho com outra "doctora" que é bem próximo ao Tarumã. O clima da capital lhe é favorável, muito semelhante ao de Santiago, diferenciado apenas pela baixa umidade. Nos dois bairros campo-grandenses mostra sua solidariedade. Está sempre à disposição de suas populações. O movimento no posto do Tarumã costuma ser intenso: vacinas, medir a pressão, conferir o peso ou retirar gratuitamente remédios receitados por Yanete. Trabalha de segunda a sexta-feira. Faz o acompanhamento de rotina dos moradores do entorno para evitar a procura às vezes desnecessária por hospitais.

Conhece muito pouco do centro de Campo Grande. O único momento de lazer é dedicado às novelas da rede Globo. Mostrou-se surpresa com o tamanho da cidade e a beleza do Parque das Nações Indígenas. Nos 16 meses residindo no Mato Grosso do Sul visitou apenas Corumbá e Ponta Porã. Gostou e interessou-se pela "cidade branca".

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O Mais Médicos em Campo Grande.

Estão trabalhando na capital apenas 5 cubanos, quatro mulheres e um homem. O controverso programa do governo federal cujo objetivo foi contratar temporariamente, por três anos (renováveis por mais três) médicos que estejam dispostos a trabalhar em unidades básicas de saúde de regiões com déficit de profissionais - ou seja, confins brasileiros e nas periferias das cidades, onde a maioria dos médicos nativos tem pouquíssima, ou nenhuma, inclinação a botar os pés.

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Família de profissionais da saúde. A força da Doctora e da mulher cubana.

Yanete é filha de uma médica e sobrinha de uma enfermeira. Com as fortes influências familiares, fez-se médica. Ela não demonstra qualquer medo por ter enfrentado os desastres de um terremoto. Ela transpira força e segurança. O medo é uma palavra que não existe em sua mente. Deixa clara a independência e a conquista da igualdade da mulher da ilha comandada por Fidel. Em Cuba, a lei e a realidade colocam a mulher em pé de igualdade com os homens.

Os postos de comandos estão divididos proporcionalmente entre homens e mulheres. Tanto no poder executivo como no parlamento. O parlamento de Cuba conta com uma proporção de aproximadamente 45% das cadeiras ocupadas por mulheres e 55% por homens. A igualdade entre homens e mulheres é uma realidade na pequena ilha. Vale em todos os âmbitos da sociedade e no cotidiano das pessoas. Os mesmos salários, os mesmos postos de comando e a igualdade no padrão educacional.

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A tristeza marca o semblante de Yanete.

De onde é proveniente um claro semblante de tristeza da La Doctora? Talvez da aversão de seus colegas médicos. Pode ser proveniente de algum preconceito a que foi submetida por ser cubana, um país "comunista" em terras "cristãs"? As hipóteses aventadas ruíram. Yanete é mãe de Douglas, um garotinho de apenas 3 anos de idade. A saudade de seu pequeno filho a sufoca. O semblante de tristeza é o mesmo de uma mãe brasileira distante de seu filho. Yanete é mãe, antes de ser médica, cubana ou qualquer outro aspecto de sua personalidade.

Tanto foi debatida a vinda dos cubanos para o Brasil. Esqueceram de algo fundamental - sua humanidade e sua solidariedade. Yanete é uma mulher contemporânea, pertence ao século XXI. É uma mulher de forte personalidade que jamais aceitaria conviver dentro de padrões machistas. Mas, antes de tudo é mãe. Ela é uma mulher de todas as cores. É um dos símbolos mais caros à independência e ao mesmo tempo, da sensibilidade feminina. Yanete pode ser o estereótipo da mulher que avança, a cada dia, na ocupação de seus espaços. É um belo fruto deste século.

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