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Em Pauta

A Reforma na Educação não pode ser a jato

Mário Sérgio Loenzetto | 27/10/2016 07:05
A Reforma na Educação não pode ser a jato

O que há, por trás das ocupações das escolas no Paraná e, agora, em outros Estados? São inúmeros fatores a levarem alunos (professores e pais apoiando) a se assenhorarem dos prédios escolares. É verdade que há alguma "petização" no movimento, mas isso é irrelevante. Também é verdade que há uma tentativa grosseira de manipulação dos candidatos à Prefeitura. Tal como a influência petista, essa manipulação não serve a nenhum deles. O cerne do movimento está na exaustão do governo tucano de Beto Richa e na pressa do governo Temer em mostrar ao Brasil, e ao mundo, que governa de verdade.

Quanto ao governo de Beto Richa todos conhecem os fatos. Criou um abismo entre professores e governantes à base do porrete. Nunca mais se recuperou. Em Curitiba, falar bem de Beto Richa é comprar briga em todas as esquinas.
Temer enviou ao Congresso, uma Medida Provisória sobre a flexibilização do currículo ser uma especialização dos alunos: metade das aulas serão comuns a todos os estudantes, e as demais, escolhidas entre disciplinas organizadas por áreas de interesse do aluno. - linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico.

Desde então, a mudança que, segundo o governo e as práticas das melhores escolas do mundo, ajudaria a combater a evasão escolar e aumentaria o interesse pelos estudos, vem gerando acirradas discussões.

A Reforma na Educação não pode ser a jato

Se é de interesse de todos, porque ocupam as escolas?

Há dezenas de anos sabemos que o ensino médio é péssimo no Brasil das escolas públicas. Está clara a necessidade de passar por modificações. Isso não surgiu com a medida provisória. Há um consenso geral de que se trabalha com um volume muito grande de disciplinas e de conteúdo. Isso vem sendo discutido à exaustão há muito tempo.
O grande problema é que ninguém veio a público dizer como isso será feito, o que seria ensinado, quais disciplinas serão ofertadas.

Muitos entendem que é problemático abrir a escolha plena das matérias, como é feito em algumas universidades. Há muitos riscos na gestão desse modelo. Em boas escolas, privadas e públicas, acreditam que é possível implementar esse modelo. Mas como será feito em escolas das distantes periferias, onde, até hoje, falta até merenda? Como será que levarão ao meio rural, sem infraestrutura alguma.

Mais uma vez o governo peca por não ouvir. Percebam a diferença de atitude: esse modelo vem sendo adotado pelas melhores escolas do país que oferece o melhor ensino público do mundo. A Finlândia é o local onde esse modelo avança, mas, é importante repetir: somente nas melhores escolas finlandesas ele começou a funcionar. Construíram um plano de crescimento paulatino que poderá levar até 5 anos para ser completado em todas as escolas daquele país. Ainda com essa preocupação, de bem discutir e planejar, alunos de algumas escolas finlandesas se postaram contrários à novidade. O argumento deles é: "se somos os melhores do mundo, porque mudar?". Nos, brasileiros, estamos no lado oposto da qualidade de ensino nas escolas - estamos entre os piores.

A Reforma na Educação não pode ser a jato

Educação antiquada: a maioria das universidades fechará as portas

Não adianta colocar passeata na rua, nem fazer greve ou chantagear políticos débeis. A verdade é que a nossa educação está rasgada. Estamos ensinando as pessoas da mesma forma nos últimos 100 anos. Como crescemos nesse sistema, acreditamos que é normal, mas é uma loucura. Ensinamos nas escolas o mesmo que os prussianos ensinavam há 100 anos. Queriam formar militares. Queriam que aprendêssemos matemática básica para fazer cálculos usados nas guerras, também aprendemos literatura portuguesa... Isso tudo já não tem sentido. Temos que ensinar ferramentas que ajudem as pessoas a ter uma vida gratificante. Alguns são afortunados por terem país que lhes ensinam a ter um conhecimento agradável e que preencha suas vidas.

Os programas acadêmicos estão muito controlados porque os governantes querem um modelo standartizado, igual para todos, e creem que os exames são uma boa forma de consegui-lo. Outro grande drama é a falta de personalização nas escolas. Enquanto um professor fala, alguns alunos não entendem por ser muito rápido, para outros, se torna maçante, por ser muito lento. Em seguida,vem as provas e a curva de aprendizagem não lhes importa, só interessa o passo seguinte. Hoje sabemos que se as escolas se adaptarem aos diferentes tipos de inteligência, algo como 98% dos alunos obteriam melhores resultados.

A Reforma na Educação não pode ser a jato

As matérias imprescindíveis na nova escola que surge no mundo avançado

Já existem algumas universidades no mundo que transformaram radicalmente o ensino. São caras. Mas são elas que constroem um novo modelo de ensino. Uma das mais famosas é a "Singularity University", do Vale do Silício, que recebe investimentos da Nasa e Google. Surpreendam- se, eles não dão títulos e nem existem provas. Seu único objetivo é formar líderes capazes de inovar e terem o atrevimento de romper as normas atuais. Seus alunos são chamados a resolver os 8 desafios do planeta: alimentar a toda a população, garantir o acesso à água potável, a educação para todos, os serviços sanitários básicos, a energia sustentável, vigiar a segurança, cuidar do meio ambiente e acabar com a pobreza.

São essas universidades disruptivas que acreditam que, brevemente, todas as obsoletas universidades fecharão as portas, só restarão as de grande renome como Harvard. A nova universidade estará, preferencialmente, nos computadores, será on-line.

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