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Em Pauta

Brasil. O país da sobremesa. A medicina de elite e a do povo

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/09/2015 07:03
Brasil. O país da sobremesa. A medicina de elite e a do povo

O país da sobremesa. A medicina de elite e a do povo.

Pensar a sociedade de forma fragmentada vai fazer com que fiquemos remendando os furos. A pergunta essencial é: o que levou a sociedade brasileira ao caos da saúde? Lá no início, o europeu trouxe várias doenças que por aqui não existiam. As primeiras epidemias no Brasil foram de sarampo, e sífilis e gripe. Tribos indígenas foram devastadas. A cárie no Brasil tem 515 anos. E a medicina só irá se institucionalizar no país no século XIX com a abertura das primeiras faculdades por conta da vinda da corte portuguesa. Ou seja, era uma medicina exercida para a elite e não para o povo.

A cana-de-açúcar fez a festa dos senhores de engenho e desgraça dos escravos. Como eram "peças" de fácil "reposição", não interessava o "gasto" em programas de saúde para negros e índios. Sem contar, é claro, com a fome, que dava seus primeiros passos em nossa sociedade. Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais surgiu uma das maiores contradições de nossa saúde - uma enorme riqueza convivendo, lado-a-lado, com a fome e as doenças dela decorrentes. Começaram a surgir as primeiras fábricas. Com uma canetada, Dona Maria I, acabou com o sonho. Fecharam todas as fábricas nacionais. Só podíamos comprar produtos manufaturados da Inglaterra. E o sonho de uma riqueza que ficasse definitivamente instalada no Brasil, levando dinheiro para a saúde, se desfez. Um movimento semelhante ao sonho do pré-sal nos tempos atuais. Continuamos a ser o país da sobremesa, nunca do almoço e jantar. E o choque entre os dois sistemas de saúde, da elite e do povo, se agudizam a cada dia. Não há dinheiro nem organização para sustentá-la. Oh! Que saudades da CPMF. Quando tudo era a mesma coisa. Quando a saúde vivia o mesmo caos de agora.

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Bancada da cana e Ministra da Agricultura querem aumento de imposto sobre gasolina e diesel.

Com a apresentação do orçamento negativo ao Congresso Nacional foi dada a largada um aumento ainda maior de impostos. Em Brasília raras autoridades querem cortar despesas, pelo contrário, desejam aumentar impostos para resolver seus interesses. A Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e a bancada que defende as usinas produtoras de álcool (Frente Sucroalcooleira) levou à equipe econômica a proposta de aumento da Cide sobre a gasolina e diesel. O argumento principal é de que essa majoração não necessita do Congresso Nacional pois pode ser realizada por decreto presidencial. Assim, os produtores de etanol sairiam ganhando porque os outros combustíveis perderiam competitividade. Caso ocorra a recomposição total da Cide original, o governo receberia algo como R$ 10 bilhões, Estados e municípios receberiam um incremento de R$ 4 bilhões, sem contar com a receita do ICMS que também aumentaria. O polo negativo dos articuladores da proposta é que ocorreria um forte impacto na inflação.

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Nas crises econômicas as mulheres assumem o centro da família.

Há algo que escapa a muitos estudos sobre crises econômicas: como vivem as famílias dos desempregados? A família torna-se o centro crucial da economia e as mulheres tornam-se o centro da família, enquanto os homens vão perdendo seus empregos e tornando-se parasitários. Na maioria dos países, o nível de desemprego das mulheres é inferior ao nível de desemprego dos homens. Os empregos industriais - com maioria masculina e também com maiores salários - vão diminuindo. Os pequenos e mais baratos serviços - prestados preferencialmente pelas mulheres - ficam estagnados. Nas crises econômicas, as mulheres, dentro de suas famílias, tendem a se fortalecer.

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O dinheiro é o novo sexo?

Com as incertezas da família, do país e do mundo, a primeira preocupação que costuma vir à mente é em relação ao dinheiro. E tudo que ele significa tanto na vida real como na fantasia. Fala-se muito do dinheiro, preocupa-se demais com ele - ou com sua falta. Como nos relacionamos com o dinheiro e com os ideais de satisfação que projetamos nele, e não com nossa conta bancária em si é, muitas vezes, o fator responsável por nossas angústias.

Afinal, o dinheiro é o novo sexo? Aparentemente há muito mais loucuras e doenças associadas ao dinheiro do que à vida sexual. Na teoria, a relação com o dinheiro está ligada aos primeiros anos de vida, quando a criança aprende que pode "negociar" o afeto da mãe. Essa relação teria forte influência na forma como a pessoa lidará com sua vida financeira no futuro. Por exemplo, a avareza seria um tipo de neurose obsessiva e seu inverso, o esbanjamento, poderia ser uma característica da histeria ou de quadros de mania.

Se tudo isso é teoria, não resta dúvida que ansiedade, desejo de autocompensação, culpa, dificuldade de lidar com os próprios medos podem ser tão prejudiciais à saúde financeira quanto as incertezas de um tempo de crise. Muitos usam o poder aquisitivo para compensar sentimentos de insegurança e solidão e só se sentem bem se puderem comprar o que pretendem na hora que querem. Sacolas cheias de mercadorias que não necessitamos podem mostrar o caminho de problemas e não de soluções.

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A autoestima do brasileiro é elevada. As franquias de saúde, beleza e esporte avançaram 23%.

O faturamento das franquias de saúde, beleza e esporte atingiu R$ 10 bilhões no primeiro semestre, uma elevação de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essas três categorias representaram 16% das vendas totais do setor de franquias. O número de lojas também cresceu - 11% nesse período. Os consumidores têm migrado para itens mais baratos de uma mesma marca ou buscam concorrentes mais em conta, porém, não abandonaram seus hábitos. Ao longo dos últimos anos, os brasileiros incorporaram em suas rotinas diversos produtos e serviços com elementos de qualidade de vida e bem estar. Aumentaram ainda mais a sua já elevada autoestima.

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