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Em Pauta

Conheça o museu do fim do mundo

Mário Sérgio Lorenzetto | 14/11/2016 07:00
Conheça o museu do fim do mundo

Ele é conhecido como Museu do Titan II. Entrar pela porta desse lugar é uma viagem ao passado. Uma viagem à Guerra Fria. É um silo onde fica um míssil Titan, a maior bomba nuclear fabricada pelos Estados Unidos. O programa Titan começou em 1963. Construíram 54 silos como esse. Esse museu é o único lugar do planeta onde você poder ver uma ogiva atômica. Há um vídeo na entrada do recinto que diz com toda clareza: "recordemos que a paz nunca se ganha, só é mantida minuto a minuto". E completa: "o programa Titan nasceu dos medos mais profundos de nossa nação".

Na base havia permanentemente uma equipe com quatro pessoas. Um comandante, um subcomandante e dois assistentes. Há placas espalhadas por todos os cantos, menos nos dormitórios que dizem: "Two man policy". Ninguém podia ficar sozinho em nenhum momento para evitar algum comportamento indesejado, perigoso. A sala de controle tinha um computador, duas almofadas, um relógio com o horário de Greenwich e um rudimentar sistema de comunicação por rádio. Um cofre vermelho guardava as chaves do sistema. O manual de lançamento do míssil hoje está aberto na página dos códigos de lançamento.

Para lançar o míssil tinha de virar duas chaves ao mesmo tempo. Elas estão a mais de dois metros uma da outra, de forma a impossibilitar uma só pessoa lançar o míssil. O museu permite que os visitantes sentem-se nas poltronas de comando e coloquem a mão em uma das chaves de lançamento. 1, 2 e 3, essa seria a contagem para o lançamento. Girariam as chaves para a direita, uma luz acenderia com os dizeres: "Launch enabled. Batteries activacted". Assim começaria o fim do mundo.

O holocausto nuclear seria rápido. O sistema de ignição do Titan II reduziu o tempo de ignição dos mísseis dos EUA de 15 minutos para espantosos 58 segundos. Esse míssil transportaria uma bomba nuclear de 9 megatons. Comparativamente, seriam 9 milhões de toneladas de TNT. Outra comparação perversa: a "Little Boy", bomba atômica lançada sobre Hiroshima equivalia a 18 mil toneladas de TNT. A Titan II equivale a 500 Little Boys. Se somarmos todas as bombas atômicas nos silos dos Estados Unidos e da Rússia, teremos o equivalente a 2.500 vezes o total de todas as bombas usadas na II Guerra Mundial.

Retornemos ao Museu Titan II. O computador usava fitas perfuradas, as usadas nos primórdios da computação. O complexo inteiro funcionava com um poder computacional menor do que hoje temos em um só iPhone. A simplicidade do lugar que poderia destruir o mundo é de uma simplicidade aterradora. Durante 20 anos houve uma pessoa sentada na almofada sem outra coisa para fazer, só aguardando a ordem de detonar o míssil.

O ex-diretor da CIA, Michael Haydn, um republicano convicto, se horrorizava há uns meses diante da possibilidade de Trump comandar o arsenal nuclear. Advertia que o sistema nuclear dos EUA não está desenhado e organizado para contradizer as ordens do presidente e sim para executá-la a toda velocidade. São apenas 58 segundos...

Conheça o museu do fim do mundo
Conheça o museu do fim do mundo

Os pulmões da Terra começam a ser protegidos pela tecnologia

Entre 1990 e 2015, o mundo perdeu 129 milhões de hectares de matas e florestas destruídos pela fúria das motosserras, fogo e cimento. Apesar do desmatamento ter avançado a um ritmo assombroso - o correspondente a 14 campos de futebol a cada minuto - ao longo do último quarto do século, sua velocidade diminuiu. Entre 2010 e 2015, o mundo registrou uma perda de 3 milhões de hectares por ano.

E determinadas regiões, como a China e a Europa, as matas e florestas estão em expansão, sobretudo graças aos programas de reflorestamento. Todavia, em outras zonas do mundo, especialmente nos trópicos, as selvas continuam muito ameaçadas pelos humanos. A Amazônia, o Congo e o Sudeste da Ásia, perdem milhões de hectares de matas e florestas a cada ano.

Na Indonésia, por exemplo, desapareceram 2,6 milhões de hectares de mata tropical só em 2015, por causa de um dos incêndios mais trágicos dos últimos tempos. Os bosques, junto com os oceanos, absorvem enormes quantidades de dióxido de carbono que circula na atmosfera. Proteger as matas e florestas tornou-se uma obrigação para preservar a biodiversidade e combater o aquecimento global.

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Drones para proteger as matas

Um drone de boa qualidade pode ser adquirido por US$ 2.000, e o programa que o faz voar é gratuito e de livre acesso. Só é preciso montar uma câmera de alta definição no drone para obter fotos que visem fiscalizar qualquer tentativa de destruição das matas. Essa foi a ideia na fundação da "Asia Conservation Drones", uma organização sem fins lucrativos formada por um grupo internacional de especialistas em ecologia e entusiastas das aeronaves teledirigidas. Eles voam sobre a Tanzânia, onde além de proteger as matas, controlam a conservação de chimpanzés.

Na indonésia, são empregados para a proteção dos orangotangos. Os drones já estão presentes em quase todos os países no Sudeste da Ásia para proteger as florestas contra a invasão das palmas (leia-se produção de azeite de palma), a principal causadora do desmatamento nessa área. Os voos da Conservation Drones estão dando resultados, conseguem impedir o avanço das palmas e as autoridades dos diversos países estão utilizando suas imagens como provas para levar à justiça os infratores.

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Os microfones que prenderam caçadores

Um celular preso ao tronco de uma árvore na mata, alimentado por pequenos painéis solares e um microfone de alta sensibilidade ligado ao celular: esta a ideia da "Rainforest Connection", para proteger as matas e os animais. Permite escutar a longa distância os sons das florestas. O aparato, razoavelmente barato, transmite os sinais sonoros para a internet e um programa analisa os sons. Quando o programa detecta um som incomum, como o rugido de uma motosserra ou o disparo de uma espingarda, envia uma mensagem de alarme para as autoridades e para a associação. A Rainforest Connection está testando seus equipamentos em todas as florestas do mundo. Já sabem que um só aparato é capaz de detectar uma motosserra ou um rifle em uma área de 3 quilômetros quadrados. Isso significa que, com poucos aparatos é possível fiscalizar uma imensa floresta.

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