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Em Pauta

Conseguiremos alimentar o mundo?

Mário Sérgio Lorenzetto | 22/04/2016 08:25
Conseguiremos alimentar o mundo?

Esse é um dilema que está colocado para a humanidade há mais de um século. A dúvida foi vencida, até o momento, pela alta tecnologia implementada pelos agricultores. Mas essa indagação não sai do raciocínio dos estudiosos. A conta mínima é feita à partir do aumento da população mundial. Durante o último século, a população global quadruplicou. Em 1915, o mundo tinha 1,8 bilhão de pessoas. Hoje, são 7,3 bilhões. E poderão ser 9,7 bilhões em 2050.
Este crescimento, aliado à melhoria dos rendimentos nos países em desenvolvimento - que leva a mudanças na dieta, como o consumo de mais proteínas - intensifica a procura global de alimentos. Espera-se que a procura por alimentos aumente de 59% a 98% no intervalo de tempo de 45 anos: 2005 a 2050. Esse crescimento determinará mudanças jamais vistas nas características dos mercados agrícolas. Agricultores por todo o mundo precisarão aumentar a produção, quer aumentando a área plantada, para que haja colheitas maiores, quer retirando áreas da pecuária ou aumentando a produtividade através de fertilizantes, irrigação, adoção de métodos novos, como a agricultura de precisão. Uma só grama de fertilizantes ou de defensivos poderá ser desperdiçada. Uma só semente poderá ser jogada em terreno inapropriado. Imensos territórios poderão ser conquistados com a irrigação e galpões.
Contudo as desvantagens sociais e ambientais de desflorestamento ainda permanecem elevadas. Basta verificar as inscrições no CAR - Cadastro Ambiental Rural - apenas 48% dos fazendeiros cumpriram suas obrigações até o momento. E, neste momento, o rendimento agrícola - a quantidade de produto colhido em uma superfície cultivada - cresce demasiado lentamente para corresponder pela procura prevista de alimentos. Existe um forte consenso no mundo de que a escassez de água, provocada pela mudança climática, o aumento da temperatura global e as condições atmosféricas extremas terão efeitos severos a longo prazo no rendimento agrícola.

Conseguiremos alimentar o mundo?

Onde a produção agrícola aumentará e onde reduzirá.

As previsões que os estudiosos fazem sobre as mudanças climáticas que interferirão na produção agrícola não são nada promissoras para nossa região. Os dois Mato Grossos, uma das regiões mais importantes do mundo para a agricultura, poderá enfrentar uma redução entre 18% e 23% em soja em 2050, devido à mudança climática. O leste da Austrália e o midwest norte-americano - duas outras regiões globalmente importantes - podem também sofrer um declínio substancial na produção agrícola devido ao calor extremo.
Prevê-se, contudo, que algumas regiões sejam beneficiadas - pelo menos inicialmente - com as mudanças climáticas. Países e regiões que se estendem pela latitude norte - China, Canadá e Rússia - experimentarão, segundo as previsões, épocas de cultivo mais longas e quentes. A Rússia, que já é um grande exportador de cereais, tem um imenso potencial não explorado de produção devido a grande lacunas de produtividade - a diferença entre a produção atual e a potencial - e cada vez mais terrenos de cultivo abandonados - são mais de 40 milhões de hectares sem plantio, uma área semelhante à da Alemanha. Esse fenômeno de abandono das terras ocorreu após a dissolução da União Soviética em 1991.
Logística avançada, transporte, armazenamento e processamento também são cruciais para garantir que os alimentos cheguem aos consumidores. É aqui que as empresas que comercializam produtos agrícolas de base, como a Cargill, a Louis Dreyfus, e a chinesa COFCO, entram em cena. Enquanto as empresas de "Big Food", como a Unilever e a General Mills, tem uma influencia global tremenda no que as pessoas comem, as intermediárias tem um impacto muito maior na segurança alimentar, porque obtêm e distribuem nossos alimentos básicos e os ingredientes utilizados pelas outras, desde o milho, o arroz, o trigo e o açúcar aos grãos de soja. Elas são determinantes no processo alimentar.
Mesmo que algumas regiões aumentem a sua produção e os comerciantes reduzam as discrepâncias entre oferta e procura, duplicar a produção de comida por volta de 2050 será, inegavelmente, um grande desafio. As empresas e governos terão de trabalhar em conjunto para aumentar a produtividade, incentivar a inovação e melhorar a integração em cadeias de abastecimento. Tudo isso, sem recorrer ao desflorestamento.

Conseguiremos alimentar o mundo?

Tempo de plantar couve ou carvalho?

O carvalho caiu. A couve foi devorada. São duas imagens do Brasil da segunda administração de Dilma. Os alicerces da economia ruíram. Todos. Restam apenas as raízes, os mais de US$ 360 bilhões do Fundo Soberano. E as couves, oras bolas, todos sabemos em qual Suíça foram parar. Mas não há como duvidar, o país espera de Temer apenas o que ele pode fazer. Não há sonhos. Não existem utopias. Nem megalomanias de um país que se aproximava do Primeiro Mundo. Tantas couves jogadas nas Olimpíadas. Tantas outras torradas em benefícios sociais para quem deles não necessitam... O tempo dele é curto, mas suficiente para plantar somente carvalhos. Ninguém aguarda por uma colheita de carvalho. Mas ninguém quer ouvir falar de couves.

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