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Em Pauta

Cortando o diabetes, a cirurgia que cura 50% os pacientes

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/10/2017 06:43
Cortando o diabetes, a cirurgia que cura 50% os pacientes

Há décadas, o mundo vive uma epidemia de diabetes. As mais recentes estimativas da Federação Internacional de Diabetes e da Organização Mundial de Saúde sugerem que pelo menos 415 milhões de pessoas têm a doença. Esse número pode chegar a 650 milhões nos próximos anos. O diabete tipo 2 atinge 90% dos 415 milhões. Descobrir a causa e a cura pode salvar milhões de vidas. A causa presumida do diabete 2 é alguma disfunção nas células produtoras de insulina no pâncreas e na forma como o corpo lida com esse hormônio.
Há duas décadas, o Kings College, de Londres, iniciou os estudos adotando uma nova técnica: cortar uma parte do intestino delgado. Inicialmente, essa ideia foi considerada uma heresia. Duas décadas depois, a heresia começa a se tornar o senso comum. Há agora dezenas de estudos com animais e pelo menos 12 testes clínicos controlados, randomizados, envolvendo centenas de pessoas que exploraram a cirurgia desenvolvida originalmente para redução de peso como tratamento para o diabetes tipo 2. Todos os testes mostraram que reduzir a superfície do trato gastrointestinal gera um efeito mais forte sobre o diabetes que qualquer outra terapia. e não é só resultado da perda de peso. Em muitos pacientes, os níveis de açúcar no sangue voltam aos níveis normais em semanas, muito antes de os níveis de gordura ou os quilos começarem a baixar. Em geral, cerca de 50% dos pacientes ficam livres do diabetes após a cirurgia, e alguns permanecem assim por anos. Os demais mostram melhora significativa no controle do açúcar no sangue e podem reduzir sua dependência de insulina ou outras medicações.

Cortando o diabetes, a cirurgia que cura 50% os pacientes

Sofre de diabete? Faça uma tatuagem.

Há milhares de anos o ser humano utilizou distintos pigmentos para desenhar em sua pele. A evidência mais arqueológica mais antiga de tatuagem que temos é dos 67 desenhos do corpo de Ötzi, o Homem de Similaun ou Homem dos Alpes Italiano. Os paleontólogos acreditam que esse antepassado dos europeus viveu há 5.400 anos e que as tatuagens que estavam em sua munheca, pernas e costas tinham, também, uma função terapêutica. Também sabemos que em muitas culturas da Polinésia, Egito, Grécia e até em nossos Kadiwéus, as tatuagens tinham motivações religiosas, rituais, sociais ou puramente ornamentais.
De marinheiros e presidiários para os nossos dias. A tatuagem tomou conta de todos os famosos. Raramente encontramos um jogador, artista e modelos que não são tatuados. Virou cool. Entrou na moda e não saiu.
Porque não aproveitar essa onda para algo útil como tratar da saúde? Essa foi a ideia de pesquisadores do MIT, da Escola de Medicina de Harvard. Estão experimentando desenhar com tintas tradicionais que foram incorporados biosensores. Esses invisíveis sensores promovem a mudança de cores em algumas doenças. Uma ideia sensacional que evita as frequentes picadas de agulha para aqueles que sofrem com diabetes e outras doenças. O sensor de pH muda da cor púrpura para rosa. O de glicose muda de azul para marrom. E o de sódio adquire uma tonalidade mais fluorescente. É importante explicitar que as pessoas levam de três a dez picadas por dia para saber como estão seus índices bioquímicos. Um imenso incomodo. Com essa revolucionária ideia, as picadas ficarão no esquecimento. E se o,paciente encontrar um bom tatuador, talveznão ganhe a Bola de Ouro da FIFA, mas melhorará da saúde.

Cortando o diabetes, a cirurgia que cura 50% os pacientes

A última vez que Bob Dylan cantou como militante político.

9 de maio de 1974. Um Dylan visivelmente bêbado subia em um palco do Madison Square Garden de N.York. Conseguiu entoar apenas três canções, "Blowin´ in the Wind", foi a última. Era um evento político. Cinco mil espectadores haviam comprado ingressos em solidariedade aos perseguidos e exilados chilenos. "Uma tarde com Salvador Allende", o nome do evento. Foi a última vez que Bob Dylan tomou partido, cantou como militante político.
Era um momento difícil para o cantor dos rebeldes. Estava separando da esposa e havia desaparecido de cena. Sumiu do mapa. Seu último show foi descrito como "um dos melhores casos, melhor documentado, de seu estado de embriaguez" e " a mais enlouquecedora de suas numerosas aparições como convidado". E não só ele. Um jornal denunciou que havia muita gente bebendo atrás das cortinas.
Depois de cantores pouco renomados da ala rebelde dos EUA daqueles tempos, Dennis Hopper recitou uma canção de Pablo Neruda e leu o último discurso de Allende. Os Beach Boys cantaram, pela primeira vez, o famoso "Califórnia Girls" em defesa dos que caíram na tomada do poder de Allende.
Era uma tentativa de copiar o "Concerto por Bangladesh", que, em 1971, havia organizado George Harrison. Um evento com a participação da Anistia Internacional. Dylan nem mesmo sabia o que ocorria no Chile. Já estava vivendo em outro mundo. O mundo narcisista dos poetas. Só aceitou o convite por causa da história do assassinato de Victor Jara, um dos mais famosos cantores chilenos, que fora trucidado pela ditadura.
Em 1974 os tempos estavam mudando. Mas no sentido contrário do que havia sonhado o vencedor do Premio Nobel. No dia após o concerto, um ressacoso Dylan desejou saber se o concerto havia destinado um bom dinheiro para os exilados chilenos. Foi visitar a exposição do Guernica, de Picasso, que estava sendo exibido no MoMa. Despediu-se da companheira de Victor Jara. Despediu-se de qualquer participação política. Deixou de ser um militante. O registro sonoro do concerto, incluindo os berros da plateia, foi editado sob o título "An Evening with Salvador Allende". Mas, tal qual esta história, encontra-se fora dos catálogos.

Cortando o diabetes, a cirurgia que cura 50% os pacientes

A ideia mais perigosa do mundo.

Em 2006, uma organização perguntou a 100 intelectuais qual era a ideia mais perigosa do mundo. Harm Harari, temia que a democracia poderia desaparecer. Steven Pinker, temia que existissem grupos com distintos talentos genéticos e John Horgan, que não existissem as almas. Mas nenhuma dessas ideias superou a que foi expressa por Isaiah Berlin. Para Berlin, os horrores do século passado não foram produto da maldade, do medo e nem do ódio tribal. Foi o resultado de uma ideia: crer que exista uma sociedade perfeita bem alí na esquina. Essa lógica permite que se cometam crimes terríveis em nome da ordem, do paraíso, da igualdade ou da justiça. É uma ideia perigosa porque é falsa. O certo é que não existe uma sociedade ideal ao alcance da mão. Não existe uma utopia dessa ou daquela classe, dessa ou daquela religião, dessa ou daquela ordem... ainda que pensar dessa forma seja surpreendente e inquietante. Não existe porque nem todos queremos o mesmo. As pessoas têm temperamentos e interesses diferentes. Há quem necessite da segurança para sentir-se feliz e quem necessite de fortes emoções para sentir-se vivo.
Essa sociedade ideal não existiria nem que fossemos clones. Não pode existir por uma razão mais profunda: é impossível ter tudo que se deseja e ao mesmo tempo. Há valores universais: liberdade, igualdade ou justiça - que se chocam uns com os outros. A liberdade absoluta não é compatível com a segurança absoluta. A justiça choca com a piedade. A autonomia individual com a coesão do grupo. Não podemos ser espontâneos e organizados ao mesmo tempo, ainda que as duas coisas nos pareçam uma virtude.
Berlin resumiu essa maldição com uma frase: "Não se pode ter tudo o que se deseja, não só na prática, como na teoria". Mas se não existem utopias possíveis, qual a alternativa para Berlin? A resposta não é dramática. Propõe sermos tolerantes, buscarmos compromissos e acordos. Te dou tanto de ordem em troca de tanto de liberdade, tanto de segurança em troca de tanto de emoção. A temperança.

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