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Em Pauta

Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção

Mário Sérgio Lorenzetto | 24/06/2015 08:05
Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção

Construção civil: está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia.

As acusações de corrupção envolvem as empresas da construção civil há décadas. Não há surpresa alguma nas novas acusações da operação Lava Jato. A novidade está na prisão. Foram levados para as senzalas que eles mesmos construíram. A facilidade é a mãe da ociosidade, essa é a regra que levou essas empresas a não se adaptarem à alta tecnologia empregada na construção civil em muitos países que lhes permite faturar enormes fortunas limpas.

A construção de um arranha-céu de 57 andares levou incríveis 19 dias na China recentemente. E a China se assemelha ao Brasil no quesito corrupção. Todavia, por lá há um crescimento absurdo da alta tecnologia. Roubam os cofres públicos mas investem em alta tecnologia. As peças dos edifícios são fabricadas em série, com todo o encanamento, ligações elétricas e condutores de ar prontos para a conexão. São transportadas em bloco para o local do edifício e lá são montadas em tempo recorde. É igual montar um Lego. As terceirizações são raras e os trabalhadores são tratados em um ambiente de trabalho considerado excelente com salários muito acima dos adotados no Brasil e praticamente inexistem acidentes mortais de trabalhadores na construção civil. Assim se constroem empresas lucrativas - eficiência e funcionários contentes. Com padrões idênticos aos adotados em seu país, as empresas de construção civil chinesas estão montando aquele que será o maior porto do mundo, no Golfo Arábico. Também começam a faturar na Europa. Algumas das principais rodovias estão em obras na Alemanha, Espanha e Portugal com a tecnologia desenvolvida pelos chineses (mas criada na Europa e EUA). Eles aprenderam rapidamente as tecnologias (tem mais de 30 anos) da construção e as melhoraram.

Suas similares brasileiras vivem, quase exclusivamente, dos acertos fáceis com os cofres públicos. Muitos "empreiteiros" nada entendem de construção civil. Alguns são semialfabetizados, não sabem nem o significado da palavra tecnologia.

Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção
Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção

O sobá da escravidão. A chegada dos imigrantes japoneses.

A vinda dos japoneses para o Brasil teve início em 18 de junho de 1908 com a chegada do navio "Kasatu-Maru". Eles desembarcaram limpos e bem cuidados, apesar da longa travessia marítima, fato que espantou os brasileiros. Há outra característica surpreendente: ao contrário dos outros povos que chegaram ao Brasil, eles tinham pequenas economias. Tinham um pouco de dinheiro no bolso.

O Brasil ainda procurava mão-de-obra para as fazendas de café paulistas, esvaziadas pela abolição da escravidão. Se já não existia a escravidão plena, o espírito do fazendeiro ainda era o de praticar uma semiescravidão. A família japonesa tinha descontado de seu salário o custo da viagem do Japão a nosso país. A imensa maioria não suportou o "contrato" com os fazendeiros e fugiu, durante a noite, para outras fazendas e regiões do país. Um dos locais que mais atraía os imigrantes era o Mato Grosso do Sul. Estava sendo construída a estrada de ferro em nosso território e os salários pagos para os trabalhadores eram superiores aos dos professores no Japão (considerado o mais elevado daquele país).

A malária e o esgarçamento das "famílias compostas" deram o sinal de saída de São Paulo. O governo brasileiro só aceitava famílias constituídas durante os primeiros anos da imigração e os japoneses responderam a essa exigência casando-se às pressas, sem os cuidados que suas tradições determinavam. Ocorreu a falência de muitos desses casamentos no Brasil.

Em 1909, setenta e cinco famílias mudam-se para o Mato Grosso do Sul. Quase todos eram de Okinawa (muitos chegavam do Peru). Essa ilha ao longo da história sempre esteve em conflito com os mandatários do Japão; durante séculos foram ligados comercial e culturalmente com a China. Os Okinawanos criaram um forte núcleo, muito fechado e endogâmico (casavam-se somente com outros membros do grupo de Okinawa), em Campo Grande. Em 1920, existiam aproximadamente 50 famílias japonesas em Campo Grande, 49 originárias de Okinawa.

Os sonhos eram iguais para todos. Virar fazendeiros era o anseio de todos. Mas, parcela expressiva deles deixa de trabalhar na construção da estrada de ferro e passa a oferecer alimentos para os trabalhadores dos locais onde existia maior aglomeração daqueles que assentavam os dormentes. Fizeram um sobá. Um sobá da fuga da escravidão. O sobá que se tornou o ouro que procuravam ao partir de sua longínqua pátria.

Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção
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Quando a educação saiu da elite e foi para o povo.

"Doctrinale" é o nome do livro que revolucionou a educação. A educação era praticada apenas para alguns poucos membros da elite. Alexandre de Villedieu, um professor francês de latim, desenvolveu um método rápido para ensinar a língua oficial de quase todos os povos europeus na Idade Média usando regras simples e escritas em versos. A educação foi para o povo.

Durante toda a Idade Média ser alfabetizado era ler e escrever o latim. No entanto, até o final do século XII, os métodos de ensino do latim eram longos, baseados em um sistema em que os alunos liam e memorizavam textos por anos a fio. Era um esquema apropriado para a elite clerical. Mesmo o baixo clero, e a imensa maior parcela da nobreza, era constituída por analfabetos.

Alexandre de Villedieu foi contratado para ensinar latim para os sobrinhos de um bispo no norte da França. Quando o bispo perguntou aos sobrinhos como eles estavam indo em seu aprendizado, eles recitaram alguns versos. O bispo ficou estupefato com a façanha conquistada em pouco tempo e incentivou Villedieu a escrever uma gramática inteira. Doctrinale tornou-se o livro referência na Europa toda. Sua influência e uso se espalharam por todos os lados daquele continente. Iniciaram em várias cidades movimentos de alfabetização em massa. Doctrinale é o livro que revolucionou a educação. Libertou o saber que era prisioneiro das elites.

Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção
Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção

E surgem os políticos.

Não sabemos muito sobre quem foram os primeiros políticos. Todavia, sabemos que, por exemplo, no século VII antes de Cristo, na pequena cidade de Dreros que fica na ilha de Creta (Grécia), houve uma assembleia pública em que os políticos comandaram as decisões. É provável que antes desse marco já existissem os políticos, mas o que se pode comprovar é que eles surgiram em Creta. É um marco extremamente importante pois, antes deles, quem tomava as decisões o fazia por "direito divino". Eram "ungidos ou escolhidos pelos deuses" e não pelo povo.

Está na hora de sair a grande corrupção e entrar a alta tecnologia na construção
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Por que os corretores de imóveis ainda existem?

Há inúmeras profissões que deixaram de existir ou estão a caminho. A mais famosa, com o debate mais intenso, é a de agente de viagem. Os corretores de imóveis sempre estiveram nas pontas das emoções - despertam amor e ódio. Supostamente deveriam ter sido os primeiros a desaparecer com o advento dos computadores. Em vez disso está ocorrendo o contrário: basta observar a quantidade de placas de aluguéis e venda de imóveis feita por eles.

Aparentemente isso não faz sentido. Antigamente você precisava deles para saber o que estava alugando ou vendendo. Hoje, a internet faz esse trabalho. O Google Heart nos mostra como um lugar é do lado de fora e os vídeos mostram como ele é por dentro. Parece que o motivo da permanência deles no mercado e até de algum crescimento dessa profissão nada tem a ver com lógica e sim com emoções. É provável que eles existem para, principalmente, calibrar as emoções de quem compra e de quem vende. Em geral, quando as pessoas estão comprando ou vendendo uma casa, elas se tornam irracionais. As casas não são apenas os lugares onde vivemos, mas também o nosso maior ativo e o mais emotivo. Até mesmo as pessoas mais equilibradas ficam transtornadas quando o assunto é comprar ou vender uma casa. Elas mudam a maneira de pensar. Elas hesitam. Elas pedem preços que não são razoáveis. Todo mundo fica de saco cheio. É esse o principal papel do corretor de imóveis de nossos dias - reconstruir a racionalidade perdida.

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