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Em Pauta

EUA: muito mais que uma mera eleição

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/11/2016 07:08
EUA: muito mais que uma mera eleição

Em poucas horas, milhões de norte americanos decidirão quem será a pessoa que exercerá o posto político mais importante do planeta. Ainda que o resultado de uma eleição nos Estados Unidos sempre influencie o curso da história recente, este processo eleitoral se apresenta como um ponto de inflexão dramático sobre o modo de conceber a política e o governo na maior potencia do mundo ocidental.

A irrupção do populismo descarado de Donald Trump distorceu por completo um processo transparente e participativo de eleição de candidatos. E terá efeitos importantes e duradouros, independentemente de quem saia vencedor. Seu exitoso salto à política, supõe que nenhum sistema está a salvo do populismo. Nem sequer os EUA, a democracia mais sólida do mundo, a que mais oportunidade oferece a cada indivíduo e a que mais se beneficia da globalização. Os EUA não conseguiu blindar-se de um rico e sem escrúpulos homem de negócios que finge falar em nome dos mais humildes.

Ganhe ou perca Trump, o republicanismo - um dos grandes pilares do sistema político dos EUA - sofreu um golpe gravíssimo do qual tardará muito a recuperar-se. Não se pode crer que o populismo seja uma criação de Trump. Esse problema vem de muito antes, quando os setores mais conservadores e intransigentes do Partido Republicano decidiram dar asas ao movimento ultraconservador Tea Party, que tal como ocorre em amplos setores da sociedade brasileira, considera corrupta e ineficaz em seu conjunto a todos os políticos presentes em Washington (ou em Brasília).

É certo que Hillary Clinton não é uma candidata que possa equiparar seu carisma ao de Obama. Mas, ao contrário de Trump, que não cumpre nenhum dos requisitos para tornar-se presidente dos EUA, a Hillary lhe sobram qualidades, experiência e critério. Se todos os argumentos não servirem, Hillary merece ganhar para que o mundo não trema de medo.

EUA: muito mais que uma mera eleição

BlaBlaCar, o carro compartilhado por 35 milhões de usuários

A economia do futuro não será totalmente capitalista. Será compartilhada. Perdidos em impeachment e prisões, esquecemos de olhar os avanços mundiais. O carro compartilhado já é uma realidade em 22 países e conta com 35 milhões de usuários. Quase todos conectados em um aplicativo francês denominado BlaBlaCar.

O cenário de nascimento dessa empresa é digno de um filme hollywoodiano. Um jovem desesperado, nas vésperas de Natal, por não encontrar uma passagem que o levasse de volta a sua casa,e uma irmã generosa que o acode com seu carro. Dessa situação, Frédéric Mazzella, aprendeu duas lições: que é melhor não deixar para o último minuto as coisas importantes e que os carros particulares são um dos bens mais subutilizados que existem. Acreditem, seu carro passa, em média, 95% do tempo estacionado. Outros 0,5% preso no transito e 0,8% procurando estacionamento. Você utiliza seu carro tão somente 3,7% do tempo em que é sua propriedade.

Imaginem que abram sua loja apenas em 3,7% das 24 horas de um dia. Ou que coloquem o gado dentro de sua fazenda apenas em 3,7% de 24 horas.Seria o tempo gasto para colocar a chave na porta da loja ou fazenda, entrar e voltar atrás, fechando a porta ou porteira. Algo inacreditável. E tem ainda mais dados: a quase totalidade dos automóveis do mundo carrega apenas uma pessoa.

Uma das chaves do êxito do BlaBlaCar é a confiabilidade de seus usuários. Isso abre um debate tão necessário como espinhoso tudo que tem a ver com a internet. Como confiar em alguém que não conhecemos até o ponto de compartilhar esse pequeno habitáculo que é um carro. A teoria de Mazzella a respeito desse dilema, fala de mudanças disruptivas nas relações humanas. Assegura que um perfil online completo - que inclua fotos e valorações positivas de outros usuários - fazem com que a confiança entre quem compartilha um carro, cresça. Creiam, a economia colaborativa, ainda que não tenha acontecido no Brasil, veio para ficar.

EUA: muito mais que uma mera eleição

A revolução social do nylon

O invento do nylon foi o apogeu da química nos Estados Unidos do século passado. Engenharia, ciência, universidade e indústria se uniram como nunca, para tornar realidade um sonha da inovação: fabricar uma seda artificial totalmente sintética. O nylon foi um êxito comercial tão imediato que, literalmente, convulsionou a sociedade norte americana nos anos 1940. Mas seu inventor, Wallace Carothers, não viveu para ver esse êxito. Teve uma carreira científica tão brilhante quanto fugaz, própria de uma estrela de rock ou de um pintor atormentado.

Em 1928, a empresa norte americana Du Pont decidiu investir em ciência. Contratou Wallace Carothers para chefiar a secção de química orgânica. Carothers, com uma promissora carreira acadêmica, deixou seu posto de professor de Harvard para assumir o desafio proposto por Du Pont: fabricar uma molécula gigante com peso levíssimo. Não havia um objetivo prático, tratava-se apenas de bater um recorde.

Carothers obteve êxito dois anos depois. Em 1930, conseguiu criar um superpoliéster (e também criou o neopreno, hoje, usado em trajes aquáticos). Mas uma forte depressão e uma vida pessoal agitada, o afastaram das linhas de produção da Du Pont.

Quatro anos depois, Carothers voltou. E iniciou outra etapa muito fértil de criações. Mas sua vida passava a ter constantes internações em clínicas psiquiátricas. Nesses anos, Du Pont lhe encomendou algo muito mais prático: fabricar uma seda sintética que fosse usada no cotidiano das pessoas. Assim, nasceu o nylon, sintetizado pela primeira vez em 28 de fevereiro de 1935. E logo morreu seu criador. Em 1937, Carothers cometeu suicídio. Bebeu cianureto com suco de limão. Com seus conhecimentos químicos, sabia que essa mistura seria um veneno muito rápido e potente. Carothers promoveu uma revolução social feminina sem saber.

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As revoltas femininas do nylon

O nylon (a palavra talvez signifique New York e Londres: NY-Lon) foi usado, inicialmente, para fabricar escovas de dente. Seu boom só ocorreria em 1940, sob a forma de meias para mulheres. As meias de nylon eram baratas, finas e muito mais duradouras que as de seda, usadas pelas mulheres ricas. Em seu lançamento, venderam inacreditáveis 4 milhões de pares por dia.

A Segunda Guerra Mundial pôs um parênteses na febre do nylon. Du Pont deixou de fabricar meias e foi usar o nylon em paraquedas e outros materiais para os soldados. Durante esses anos houve um mercado negro de meias de nylon e, uma vez terminada a guerra, suas volta às lojas causou tumultos. Du Pont as relançou com uma grande campanha publicitária, mas não conseguiu cobrir a demanda, e o desabastecimento de meias de nylon causou distúrbios nas lojas. Houve tapas e empurrões em muitas cidades. O pior conflito ocorreu em Pittsburgh: uma fila de 40 mil mulheres para comprar 13 mil pares de meias acabou em lutas corporais com destruição total de uma grande loja.

Du Pont não conseguia produzir a quantidade de meias exigida pelas mulheres. Com medo, acabou liberando a patente para que outras indústrias satisfizessem a vontade feminina.

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