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Em Pauta

Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/03/2015 07:56
Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.

Os aplicativos tomaram conta de sua vida

Você abre os olhos pela manhã e olha um aplicativo para saber a hora certa. Em seguida vê outro aplicativo para saber a previsão do tempo. Durante o café da manhã, mastiga o pão na companhia dos amigos no Facebook. Em seguida lê as notícias no Campo Grande News e no Uol. Se sobrar tempo curte as novas fotos no Instagram. Quando retorna da corrida matinal, o tempo e a distância percorridos estão registrados no Runkeeper. Você se deu conta de quantos aplicativos consultou? Não se preocupe, nas próximas horas , acessará muitos outros. Para seu consolo, você não está sozinho. Segundo uma recente pesquisa, 86% do tempo gasto na internet por meio dos celulares é dedicado aos aplicativos. Os programas de navegação tradicionais como Internet Explorer, Chrome ou Firefox, que costumavam ser a porta de entrada principal no auge dos computadores pessoais, ficam com apenas 12%. Analise bem este número - hoje existem 2,3 bilhões de celulares conectados aos aplicativos ante 1,5 bilhão de computadores pessoais. E a diferença continua crescendo. É uma mudança drástica de acesso e de leituras, mas também de tempo. Há pesquisas mostrando que as pessoas costumam consultar o celular até 180 vezes por dia.

Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.
Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.

Pior é possível

Mais de 7 milhões de brasileiros pedem ajuda para não passar fome. Entre 15% e 20% da população não tem acesso a nenhum tipo de medicamento. Quase 4 milhões de crianças e jovens, entre 4 e 17 anos, estão fora da escola. Nos horrorizamos com os assassinatos cometidos pelo Estados Islâmico, mas o Brasil é mais violento que as zonas de guerra no Oriente Médio, os homicídios no nosso país tiveram aumento de 259% nos 30 últimos anos. E enquanto tudo isso acontece no Brasil, os que nos governaram, governam ou sonham governar andam entretidos com insultos e acusações para ver quem é afinal entre eles....o maior malandro.

Os políticos, sem exceção partidária, estão mostrando nos jornais, rádios e televisões que os problemas deles, a corrupção deles, a chantagem entre eles, são para eles muito mais importantes dos que os problemas da população. Fome? Miséria? Saúde? Segurança? Educação? O que interessa agora é o "campeonato de esqueletos no armário". Quem tiver mais esqueletos no armário poderá lançá-los no adversário. E todos são adversários de todos.
Não, não deve ser indiferente ao país saber quem roubou a Petrobrás ou o Metrô de São Paulo. Não, não pode ser indiferente ao país as listas que talvez os coloque na cadeia. São casos que devem ser denunciados, investigados, julgados e explicados. O que não podemos é continuar a assistir a esta vingança e acerto de contas no espaço mediático como se nada mais houvesse para discutir. O combate político no Brasil, no Mato Grosso do Sul e em Campo Grande já não é feito com propostas. Ele está sendo feito na lama.

Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.
Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.

500 mil empresas estão no Simples

Foi uma explosão. A adesão ao Simples, sistema de tributação simplificado para pequenas e microempresas, cresceu 125% este ano em relação a 2014, estimuladas pela inclusão de 142 atividades antes não aceitas no sistema. O resultado superou as expectativas dos governantes que previam tão somente 440 mil empresas aderindo ao sistema.

O governo federal espera enviar no mês de março o projeto de lei com outras mudanças no Simples. Entre elas estaria o aumento do teto e a criação de faixas de transição para as empresas que atingem o limite máximo do programa que hoje é prevê um faturamento de R$3,6 milhões por ano.
A má notícia é que a inclusão dessas novas 142 atividades está impedindo a redução do tempo de abertura de uma nova empresa que consome, no Brasil, em média, 83,6 dias. O balcão único idealizado pelos governantes, um guichê para centralizar a burocracia para abertura de empresas e consequente extinção das inscrições estaduais e municipais, permanecendo apenas o CNPJ, será adiado.

Febre dos aplicativos: consultamos o celular até 180 vezes por dia.
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A espiral da intolerância anti-petista e a banalização do mal

Guido Mantega foi o personagem principal desta coluna em muitas notas ácidas contra a política econômica construída em sua administração do Ministério da Fazenda. Há poucos dias ele e sua esposa estavam no Hospital Albert Einstein quando foram hostilizados por algumas pessoas aos gritos de: "Vá pro SUS" , "safado" e "f da p". A esposa do ex-ministro faz um tratamento contra o câncer que a acometeu (há informações de que estariam visitando um amigo).
A questão que urge ser colocada é: qual o limite entre a discordância da politica econômica traçada por ele e a impossibilidade de respeitar a sua presença em qualquer espaço? Qual o limite entre o debate de ideias e a necessária civilidade? Temos de estar alertas. Em que momento a opinião ou a ação da qual divergimos, se transforma na impossibilidade de suportar que o outro exista? E é preciso eliminá-lo, seja expulsando-o do local onde está ou mesmo eliminando sua existência em um raciocínio extremado. Esse limite, essa fronteira está se rompendo no Brasil.

Uma das maiores pensadoras da humanidade, Hannah Arendt, dá as pistas. Ela presenciou o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém e escreveu um dos mais complexos textos da história sobre a "banalização do mal". Ela percebeu que Eichmann não passava de um mero burocrata cumpridor de ordens, não era um monstro com o cérebro deformado, nem demonstrava um ódio profundo para com os judeus. Ele era um homem decepcionantemente comezinho que acreditava apenas no momento tumultuado de uma economia aos frangalhos que viveu a Alemanha nazista. Eichmann era apenas um burocrata cumprindo ordens que não lhe ocorreu questionar. A banalidade do mal se instala na presença do pensamento amplo. Ela surge especialmente quando falta dinheiro, faltam mercadorias, falta tudo.

Talvez estejamos ingressando, desde as eleições, em um período de franca banalização do mal. Uma tentativa de explicação pode estar na ausência de limites colocado à nossa disposição pelas redes sociais. Usamos essas redes sem nenhuma mediação ou freio. E como usamos...Também fomos diariamente incentivados ao ódio pelos marqueteiros que se tornaram proprietários do discurso político dos candidatos.
As redes sociais abriram um novo mundo repleto de estranhezas. Descobrimos que aquele vizinho simpático defende o linchamento de homossexuais, apenas para exemplificar. A liberdade de expressão travestiu-se de crueldade, de achincalhamento e agressões com grosserias. Muitos demonstram orgulho de seu ódio e algumas vezes de sua ignorância. Começam a construir uma abissal intolerância para com o pensamento diferente do seu. Ingressamos em uma época de trevas?

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