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Em Pauta

Greve na Receita Federal é exagerada

Mário Sérgio Lorenzetto | 29/11/2016 07:08
Greve na Receita Federal é exagerada

Empresários e caminhoneiros estão pagando a conta de exageros dos grevistas da Receita Federal. A pauta de reivindicações dos auditores da Receita Federal tinha uma parte remuneratória e outra com pleitos gerais. A parte ligada aos salários e vencimentos dos auditores foi razoavelmente contemplada. Sobrou a com pleitos gerais.

O primeiro pleito geral é o deles passarem a ter porte de arma irrestrito. Querem usar fuzil e metralhadora, uma vez que armas mais leves são aceitas atualmente. Algo discutível, mas compreensível. O segundo pleito é uma aberração. Os auditores pretendem não ser presos nem mesmo em caso de flagrante delito. Por último, a arrogância deve ter baixado no espírito de quem escreveu o pleito: a pretensão é de que os auditores, quando convocados por um juiz, marquem o dia e a hora que bem desejarem. Que tal dia 31 de fevereiro?

Todos os pleitos foram transcritos no projeto de lei 5864 original. Esse projeto foi modificado e é a motivação da greve atual. Tudo muito exagerado. Terá escopo petista?

Greve na Receita Federal é exagerada

O Brasil chinês

O Brasil está sendo o principal alvo de aquisições de empresas chinesas nos países emergentes. Recentemente, seis transações feitas pelos chineses no Brasil totalizaram quase US$12 bilhões, mais que o dobro da soma de dez operações realizadas em 2015. Bom para o Brasil e para a verdade dos fatos. O governo de Dilma acenava com a possibilidade dos chineses evadirem-se do Brasil caso ocorresse o impeachment.

Globalmente, o Brasil é o terceiro destino das aquisições de companhias chinesas. O maior interesse, antes da eleição de Trump, era pelas empresas norte americanas - nelas, US$ 60 bilhões foram investidos pelos chineses. Em segundo lugar despontava a Suíça com investimentos da ordem de US$49 bilhões.

Greve na Receita Federal é exagerada

O brasileiro triste

É difícil pensar em algum brasileiro tão prolífico. A sua pena e o desenho marcaram 70 anos de carreira. Ele trabalhou na Veja, Pasquim e no Jornal do Brasil, entre outras publicações. Ganhou fama por suas colunas de humor. Um humor ácido como navalha. Valia-se de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes. Fossem quais fossem. Por isso mesmo, era frequentemente confrontado pela censura. Após um AVC, Millôr Viola Fernandes, ou simplesmente Millôr, faleceu aos 88 anos.

Um de seus famosos pensamentos denota a alma do povo e continua atual: "Nenhum de nós, brasileiros, é contra o roubo, somos apenas contra ser roubados". Há outra frase de Millôr que é lapidar e nos conclama à reflexão: "Como são admiráveis as pessoas quando não as conhecemos bem".

Greve na Receita Federal é exagerada

A alma do brasileiro e o revolucionário de cozinha

Nossos contos de fadas falam da fortuna, daquele momento de sorte. Ter tudo sem precisar se mexer. Da esperança de uma ajuda miraculosa, de que tudo se resolva por conta própria. De que o fogão faça a comida sozinho. Quero isso e quero aquilo. Quero a Princesa Encantada! E quero morar em outro reino, com rios de leite ladeados de pudim, que é mole e não dá trabalho mastigar. Somos sonhadores, é claro. A alma se esforça e sofre, mas as coisas andam pouco, já não há forças para isso. As coisas ficam paradas. A misteriosa alma brasileira... Todos tentam entendê-la. Nós, além da alma, só temos mais alma. E assim nos sentimos singulares, únicos, embora não haja base nenhuma para tal.

Sempre fica no ar que o Brasil deve criar, mostrar ao mundo algo fora do comum. O povo escolhido. O peculiar caminho brasileiro. Temos um monte de jovens deitados no sofá, esperando por um milagre. Mas não temos empresários. Desprezamos e odiamos os empresários, ativos e ágeis, por terem derrubado um ipê tão querido. Lá vão construir suas fabriquetas, fazer dinheiro. Os empresários nos são estranhos...

A cozinha brasileira... A pequena e pobre cozinha brasileira. Sem planejamento. A cozinha para nós não é apenas um lugar onde se preparam as refeições - é também sala de jantar, sala de estar, escritório e tribunal. Um lugar coletivo para as sessões de psicoterapia. No século XIX, toda a cultura brasileira vivia em casas senhoriais, casas dos grandes fazendeiros idolatrados, mas no século XX ela passou para as cozinhas. Toda vida foi a vida da cozinha. Conseguimos cozinhas privadas, onde se podia xingar o governo até na época da ditadura, e ainda por cima sem ter medo, porque na cozinha era só gente da família e amigos confiáveis. Lá nasciam as ideias, os projetos fantásticos. Contávamos piadas... As piadas floresceram. Um comunista é aquele que leu Marx, e um anticomunista é aquele que entendeu.

Crescemos nas cozinhas e nossos filhos também, eles ouviam Chico e Milton conosco. Tocavam Beatles. Falávamos sobre tudo: sobre como as coisas estavam uma merda - e continuam - mas também sobre o sentido da vida, a felicidade para todos. Chás, cafés infinitos. Eles apaixonados por Fidel! Pela Revolução Cubana! Che Guevara com sua boina. Um bonitão hollywoodiano! Papos infinitos. Medo de que pudessem nos ouvir, com certeza nos ouviriam. Um número insignificante de pessoas se opunha abertamente contra a ditadura, mas tínhamos muito mais "revolucionários de cozinha". Falando mal pelas costas...

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