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Em Pauta

Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/07/2015 07:45
Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas

O Ministério da Justiça criará um grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas. É a melhor solução para ficar tudo como está.

O Ministério da Justiça afirma que os processos de demarcação das terras indígenas não estão parados. "A orientação do Ministro da Justiça é tentar partir para um processo de negociação e mediação dos conflitos, já que da última vez em que não houve mediação [Fazenda Buriti e suas vizinhas], o resultado gerou grave conflito e até morte", afirmou o órgão público.

Nos próximos dias, disse o ministério, o governo publicará uma portaria anunciando a criação de um grupo de trabalho que terá o objetivo de realizar diagnósticos e propor soluções para a redução dos conflitos fundiários envolvendo povos indígenas. O grupo será coordenado pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e terá integrantes de nove ministérios, incluindo o da Fazenda, o de Orçamento e Gestão e a Advocacia Geral da União. Quem trabalha ou tenha trabalhado em qualquer órgão público deste país sabe que a melhor maneira de não resolver uma pendência é organizando um grupo de trabalho. Lamentável decisão. Só resta rezar para que não ocorram mais mortes enquanto Brasília senta-se confortavelmente discutindo o nada, para resolver coisa alguma.

Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas
Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas

PSDB reelege Aécio Neves por mais dois anos.

Aécio foi escolhido por 99% dos convencionais do PSDB para continuar ocupando o posto de presidente do maior partido de oposição brasileira. Todavia, causou surpresa a ausência de José Serra na chapa escolhida. Até os sapos que nadam no Tietê sabem que Serra será o último tucano a apoiar Aécio Neves em uma possível nova campanha para a Presidência da República. Caso Geraldo Alckmin seja o candidato tucano escolhido o quadro se modifica, Serra provavelmente ocupará um posto chave em sua campanha. Mas o que José Serra mais deseja é ocupar o espaço de candidato dos tucanos. E faz sentido, foi ele quem enfrentou Lula e não Aécio.

Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas
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O esporte mais praticado pelo brasileiro, em 2015, é a conspiração.

Lula será preso. Dilma também. Olarte é o próximo da lista prisional. Sobrarão poucos vereadores na Câmara de Campo Grande, seguirão o mesmo trajeto do prefeito. Todos os presidentes das famigeradas federações de futebol seguirão o poderoso chefão Marin, e dormirão na cadeia... O conspiracionismo prolifera por toda parte.

É tentador enxergar os adeptos dos complôs como indivíduos delirantes. Entretanto, suas análises apoiam-se em razões relativamente comuns. A maioria deles aprendeu a duvidar da versão oficial dos acontecimentos, e o descrédito das instituições amplifica seu discurso. Para tudo que acontece há uma reunião escondida que decidiu tudo. No entanto, estaria na hora de convocar, de alguma forma, um pensamento não conspiracionista dos complôs: reconhecer que existem, de vez em quando, ações conjuntas e dissimuladas e recusar fazer do complô o esquema explicativo único de todos os fatos mais explorados pela imprensa.

Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas
Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas

Os teóricos da conspiração.

A conspiração começou a ter importância no início do século XIX. Honoré de Balzac foi seu grande impulsionador. Ele chegou a fundar uma associação, com o nome de "Cavalo Vermelho", destinada a organizar nas sombras a ascensão de seus amigos. "Há duas histórias: a oficial, mentirosa, e a secreta, na qual estão as verdadeiras causas dos eventos".

Tudo começou com o estarrecimento provocado pela Revolução Francesa que esmagou a ordem universal, até então existente. Ela abriu possibilidades pouco imaginadas. Mas o que veio a seguir foi igualmente perturbador: o legado da revolução foi liquidado e as esperanças da República foram traídas. Ao longo daquele século, a vontade do povo foi sistematicamente confiscada. O que restou foi a indagação: Então, quem faz a história e a política? O imaginário popular respondeu com a ideia de que as mudanças espantosas do curso dos acontecimentos são propiciadas pelos conspiradores que atuavam nas sombras. Àquela época ser conspirador era quase sinônimo de ser maçon. Um dos teóricos da conspiração mais contagiantes foi Alexandre Dumas. A série "Memórias de um Médico" é centrada na figura de Cagliostro, chefe da sociedade dos Invisíveis, dotado de poderes sobre-humanos, que se dedica a derrubar a monarquia. George Sand com a "Condessa de Rudolstadt mostrará a mesma tendência de Dumas. Pouco importa a tendência política dos teóricos da conspiração - monarquistas ou republicanos - a compreensão de seus mundos passava por agentes clandestinos, muitas vezes homens excepcionais à frente de seitas. A mesma vertente terá continuidade com o sucesso de Saint Simon, o seu projeto revolucionário de reorganização da sociedade que deveria ter como líderes uma elite industrial e religiosa. Pipocam as organizações clandestinas nessa época. A Carbonária era dedicada a libertar e unificar a Itália, e sua prima francesa a Charbonnerie, voltada a derrubar a monarquia francesa.

No século seguinte, XX, a conspiração terá sua maior porta-voz na pena de Agatha Christie que revela um inabalável desprezo pelo povo. "Os Quatro Grandes", seu livro de 1927, fala de uma coalizão de quatro superinteligências cujo objetivo é dominar o mundo. Com diversas adaptações para o cinema, inúmeros romances de Graham Greene, trataram de conspirações erigidas pelos próprios representantes da ordem - uma ordem corrupta, submetida a interesses diferentes daqueles que alega defender. A conspiração começa a aparecer como as verdadeiras escolhas de democracias pervertidas. Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, lançado em 1932, é uma versão a mais desse ideário conspiracionista. Começa a época de ouro da espionagem.

Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas
Grupo de trabalho para resolver os conflitos entre fazendeiros e indígenas

Os espiões passam a ser os reis das conspirações.

Os livros de espionagem afirmam o fim da inocência. Para essa época a democracia se assenta em uma ilusão: acreditar nela é bom para os ingênuos, que não enxergam que os verdadeiros jogadores estão acima das massas - todos os políticos e industriais conspiram. O pós-Hiroshima, a Guerra Fria, o macarthismo e as guerras de independência glorificaram essa visão, acentuando o cinismo e o elitismo. A vontade do povo passou a ser igual a nada, o que vale é a conspiração e seus espiões. James Bond já tem mais de 60 anos (é de 1953) e continua forte. Ainda dá as cartas no mundo que coloca os espiões e conspiradores de todos os tipos e ideologias como os comandantes do mundo. Todos os espiões são bem nascidos e dotados de habilidades incomuns. São profissionais. Assim como a política também é assunto de profissionais, sendo movida pela traição, pelo jogo duplo e até pelo assassinato. É um mundo que pensa que o povo não deve conhecer a verdade dos governos. John Le Carré assume o trono. Serviços secretos da ex-União Soviética travam uma guerra que não é fria e sim total, nas penas do afamado escritor, contra seus colegas norte-americanos. O mundo pertence aos espiões e às conspirações. E essa ideia nos aprisionou.

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