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Em Pauta

Não há explicação para Dilma não ter resolvido os principais problemas do país

Mário Sérgio Lorenzetto | 02/05/2014 08:59
Não há explicação para Dilma não ter resolvido os principais problemas do país

Os problemas do Brasil são fáceis de resolver:

1. A Standard & Poors nos rebaixou?

Basta contratar os advogados do Fluminense que retornaremos à série A da economia mundial.

2.Os Black blocs vão tumultuar o país durante a Copa do Mundo.

Basta ligar para o Putin e perguntar se ele não se importa em anexar o Brasil durante esse mês. O homem impõe respeito. Não é como um Cabral.

3. Revolta nos presídios do Maranhão?

Basta contratar o Maduro da Venezuela. Não perdoa nem miss.

4. Há uma fácil solução para os criadores de confusão na capital federal:

Cuecas boxer. Acomodam confortavelmente cinco chumaços de cédulas de real, euro ou dólar. Leve 3 e pague 5.

5. Isenção de impostos para a fábrica de carapuças.

Produção em larga escala das carapuças para contemplar oposicionistas e não tão oposicionistas.

6. O Buffet Dona Joana está à disposição...

Especializado em pizza atende convenção, CPI de votação ordinária. Preço promocional nas segundas e sextas-feiras.

7. Contratem a diarista surda.

Lava, passa e varre. Experiência em faxina de escândalos.

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Não há explicação para Dilma não ter resolvido os principais problemas do país

Lições do passado de um mundo em crise econômica

Se algo pode ser aprendido com o passado no mundo capitalista é que devemos temer os momentos de crise econômica. Elas estão por trás de declarações de guerra, invasões, acirramentos entre países, massacres e, se não são suficientes para explicar fenômenos horrendos como o holocausto ou a matança alucinada em Nanquim e Shangai, podem ser observadas para que o erro não se repita.

Contudo, hoje o cenário é distinto. Se, depois da Primeira Guerra Mundial, a República de Weimar passou por momentos conturbados até a ascensão de Hitler, hoje, os países do Mediterrâneo, infelizes com a austeridade econômica impostas pelos alemães, procuram lembrar a eles que os duros termos econômicos impostos pelo Tratado de Versalhes compuseram uma das causas que levou a Alemanha para o extremismo, incorporado pelo nazismo. Certos alemães contestam tal leitura do passado e dizem que o nazismo foi uma consequência da hiperinflação.

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Ambas as teorias podem ser vistas como equivocadas

Ao menos esta é a posição da historiadora Christiane Liermann, que afirma que ambas são superficiais, pois estão pautadas apenas na opinião pública, no sentimento das pessoas da época. Outra teoria que procura explicar o passado econômico que levou ao nazismo aponta que: em 1914, US$ 1 valia 4.2 marcos; em 1923, durante a crise econômica do país, US$ 1 valia 1 milhão de marcos; no pico da crise, US$ 1 dólar comprava 4 trilhões de marcos. Para comprar um pão era necessário meio quilo de notas bancárias.

Na prática, a população deixou de usar dinheiro e retomou um sistema de permutas, escambo, uma vez que o dinheiro não valia nada. A situação estabilizou-se apenas em 1923 com a introdução de uma moeda transitória, o rentmark e, por fim, pelo reichsmark. Os meses de crise destruíram a economia. As poupanças, construídas ao longo de gerações evaporaram. Este ainda é considerado o “trauma” alemão. Os elos entre hiperinflação, Weimar e a ascensão do nazismo fazem parte do imaginário dos alemães. Ainda que teorias econômicas procurem rever tais conceitos, elas acabam por se identificar com a ideia de que pessoas comuns, trabalhadoras, foram arruinadas pela crise.

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A gravidez na adolescência, a maternidade desassistida e a economia

No mês que homenageia as mães, um alerta é necessário. A maternidade deve ser uma escolha, um direito e não imposição ou consequência social. Quando a maioria da mídia vai abordar de forma espirituosa a maternidade, não é possível esquecer que ainda há um longo caminho a ser traçado para a garantia dos direitos de mães e filhos. Entre os pontos está a gravidez na adolescência, que tem implicações psicológicas, biológicas e econômicas. A condição que faz com que Brasil tenha perdas econômicas anuais de R$ 7 bilhões, conforme dados da ONU (Organização das Nações Unidas).

O cálculo é o mais recente e foi divulgado na ocasião do lançamento do documento “O Estado da População Mundial 2013”. A pesquisa mostra quase tudo que parece óbvio, apontando que a cada ano, 7 milhões de adolescentes que ainda não completaram 18 anos enfrentam a gravidez. Do montante, 2 milhões estão abaixo dos 14 anos e, segundo a ONU, a culpa é delas, na visão da sociedade que as envolve. São carentes de quase tudo, saúde, educação e dos próprios direitos. A maioria tem acesso precário ao ambiente escolar, informações de prevenção e vivem em famílias sustentadas por subempregos. Na verdade, as jovens que engravidam não têm escolha, são vítimas de consequências em condições que se assemelham a bumerangues. Ou seja, seus filhos e filhas também poderão passar pelo mesmo problema.

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Serão gerações seguidas de força de trabalho reduzida e qualificação insuficiente

Poucas são as mães adolescentes que conseguem prosseguir nos estudos e há, invariavelmente, hiatos até que estejam disponíveis ao mercado. O assunto é abordado por instituições, como o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a USP (Universidade de São Paulo) e a Unesco. Entre tantos, há o destaque para trabalho dos pesquisadores da UFC (Universidade Federal do Ceará) denominado Perfil Socioeconômico, Demográfico, Cultural, Regional e Comportamental da Gravidez na Adolescência no Brasil. O levantamento, que ficou a cargo do departamento de economia da universidade, aponta que 70% das mulheres da região Norte engravidam antes dos 19 anos. E no Centro-Oeste a prevalência também é imensa, chega a 50%. Ao menos 2% das gestações em nossa região ocorrem antes dos 14 anos.

Na avaliação dos pesquisadores cearenses, os aspectos que influenciam na primeira gestação estão diretamente ligados à ausência de políticas de proteção sexual, a comportamentos que colocam as adolescentes em condição de desvantagem em relação aos meninos – elas temem perder o parceiro e não sabem se proteger – e a questões religiosas. O trabalho conclui que é necessário maior investimento na disseminação de conhecimentos e aumento da oferta de métodos contraceptivos que previnam a gestação precoce e evitem doenças sexualmente transmissíveis. O custo benefício da gravidez na adolescência, para os pesquisadores, não pode ficar a cargo somente das jovens, mas precisa ganhar o corpo de política pública.

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Gestação precoce interfere diretamente no PIB de países pobres

E não são só as riquezas do Brasil que se perdem com a falta de prevenção. Segundo a ONU, estamos no mesmo patamar de países como o Quênia e a Índia. A perda é calculada pela receita não gerada em vista da falta de disponibilidade de mão de obra, pressão no sistema de saúde e assistência social. O impacto no PIB (Produto Interno Bruto) é inevitável. Outro estudo, este do Banco Mundial, aponta que os filhos de mães adolescentes têm baixo rendimento escolar, elevado os custos econômicos com riqueza não gerada, mão de obra desqualificada e pressão social. Outra faceta da gravidez precoce está nos abortos desassistidos que chegam a 3,2 milhões ao ano em países em desenvolvimento, atingindo meninas de 15 a 19 anos. A prática chega a abreviar a vida de 70 mil adolescentes.

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