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Em Pauta

O fim de um ciclo no campo e a continuidade de pautas antigas

Mário Sérgio Lorenzetto | 27/08/2014 07:35
O fim de um ciclo no campo e a continuidade de pautas antigas

O fim de um ciclo no campo e a continuidade de pautas antigas

A era das estradas rodoviárias no Mato Grosso do Sul está encerrada. O que resta a fazer é a manutenção das existentes e a construção de estradas curtas, com poucos quilômetros de extensão. Se os futuros governantes se preocupassem com rodovias e com enormes contingentes populacionais estariam propondo o asfaltamento daquelas que demandam aos assentamentos montados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e às aldeias indígenas que deveriam ser mantidas pelos governantes federais. E uma ou outra que venha a atender uma planta industrial de envergadura.

Restam os ramais ferroviários e hidroviários. Até o momento estão próximos a da utopia, a um sonho distante. Promessas de longínquas datas não se efetivaram. Também, a tão decantada saída para o Pacífico através da Bolívia revelou-se uma "estrada abarrotada de calangos", no linguajar dos corumbaenses; não ofereceu uma solução minimamente lógica para um problema importante de logística.

A pauta mais almejada para 2015 é a da solução dos conflitos entre indígenas e produtores rurais. Ela está encaminhada, mas longe de ser resolvida. E se torna mais nebulosa e perigosa com os resultados das pesquisas eleitorais para a Presidência da República.

O tema da regulamentação para desapropriar terras onde ocorra registro de trabalho escravo diz respeito a poucas dezenas de fazendeiros no Mato Grosso do Sul. São resquícios de um passado distante que nem mesmo a quase totalidade dos proprietários de terra deseja discutir.

Restam dois debates menores que estão mais próximos a um incômodo do que de problemas - a obrigatoriedade do registro e licenciamento de máquinas agrícolas e a cobrança de impostos.

Mas os líderes do agronegócio estão preocupados com o afunilamento eleitoral. Neste momento só concorrem Dilma contra Marina e Simone contra Bernal. Sairão de suas fazendas para influir nos rumos eleitorais? Também resta a eles garantir uma vaga para a candidata a deputada federal que saiu de suas hostes. Muito trabalho e despesas para históricos pequenos esforços.

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Quem acha que política e agricultura não têm nada em comum está enganado

Para muitos, a agricultura não pode se aproximar da política. Mas elas sempre estiveram estreitamente vinculadas, sempre andaram de mãos dadas. Pode ser por meio de programas de financiamento para a compra de maquinários, seja com a regulamentação de preços mínimos ou programas que exigem a conservação do meio ambiente, o governo federal sempre influencia na agricultura e na pecuária. E isso não acontece somente no Brasil.

Nos Estados Unidos, a tão decantada pátria do livre comércio e crítica contumaz do protecionismo e dos subsídios dos outros países, inclusive do Brasil, o assunto mais importante é o "Farm Bill", uma legislação com 900 páginas que vai reger os trabalhos no campo norte americano até 2018. O Farm Bill também prevê um aporte de US$ 489 bilhões, durante a sua vigência. Os pontos aparentemente mais importantes que serão atacados serão o seguro rural, novos programas para as commodities que estão perdendo espaço para os brasileiros nas vendas para os chineses e programas de conservação ambiental.

Não está na hora de uma Farm Bill brasileira?

O fim de um ciclo no campo e a continuidade de pautas antigas
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Morar próximo ao trabalho ajuda a reduzir faltas e mantém profissional na empresa

É mais fácil mesmo e, segundo dados da empresa de recolocação Emprego Ligado, 60% dos empregados que moram perto do trabalho permanecem mais de seis meses em atividade. E a avaliação é feita com empregados do setor de telemarketing, cargo de elevadíssima rotatividade. De acordo com o gerente da empresa, Jacob Rosenbloon, o profissional calcula a proximidade com a família e a eliminação do tempo de deslocamento ao trabalho para considerar ou permanecer em uma vaga de emprego.

A elevada rotatividade onera o setor de Recursos Humanos e, para tentar economizar, muitas empresas preferem profissionais que têm moradia próxima ao local de trabalho já na seleção. A fidelização do empregado contribui, ainda, para a formação de quadros sólidos nas empresas e direcionamento dos recursos em outros benefícios que consolidam a permanência na vaga.

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Produção cai e setor de embalagens teme agonizar

A melhor das hipóteses para o setor em 2014, seria a estagnação. É o que sugerem os dados do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), ligado à FGV (Fundação Getúlio Vargas). Nem mesmo a melhor das hipóteses, porém, deve se concretizar porque a previsão é de que a produção recue em relação a 2013, encolhendo 0,7%. O cenário reflete o medo da recessão do país. A expectativa do valor de produção para o setor neste ano é de R$ 56 bilhões – R$ 4,2 bilhões superior ao montante gerado pela indústria em 2013, mas tudo depende da recuperação no segundo semestre.

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O dia que o Brasil mudou. E ninguém ficou sabendo

O governo brasileiro estava encantado com a Alemanha. E não era pelo belo futebol. A Alemanha era o principal parceiro comercial do Brasil. Nós enviávamos matérias-primas e eles mandavam armas e equipamentos militares. O mundo se preparava para mais uma mortandade, para mais um assassinato dos povos - para a II Guerra Mundial. Entre 1933 e 1938, o Brasil namorou o nazismo.

No Sul brasileiro, 800 mil imigrantes eram abastecidos com propaganda nazista. Vinha da Alemanha material escolar com propaganda nazista, jornais e filmes eram distribuídos. A simpatia pela figura hedionda de Hitler se disseminava. Outros polos se abriam - sudeste, nordeste... Criaram uma significativa rede de espionagem.

Mas uma parcela significativa dos brasileiros não aceitava essa ligação. E a ditadura de Getúlio Vargas, o chamado Estado Novo, começou a sofrer de dúvidas. Uma rara doença em homens de índole autoritária.

Uma longa e paciente negociação, que consumiu quase três anos - de setembro de 1939 a agosto de 1942 - foi tramada por diplomatas brasileiros e norte-americanos.

O "mestre-cuca" responsável pela receita foi o Ministro das Relações Exteriores Osvaldo Aranha. Foi Aranha que municiou Getúlio Vargas na reunião final que levou o Brasil para o lado dos Estados Unidos, Rússia e Inglaterra. A reunião foi secreta, no dia 28 de janeiro de 1943, em Natal, no Rio Grande do Norte. Ficaram a sós Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt. Eles construíram uma agenda das políticas externa e doméstica do Brasil para as décadas seguintes.

Washington concedeu de saída um crédito de US$ 70 milhões ao governo brasileiro. Muito dinheiro para a época e para a pobreza do Brasil. Ainda assim, Getúlio foi a público afirmar que o Brasil era neutro na guerra. Valorizou até onde pode. O apoio formal só saiu após o milionário financiamento para a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda, principal símbolo da industrialização brasileira. Também financiaram o fortalecimento da infraestrutura e a modernização das Forças Armadas. Em contrapartida, o Brasil enviou para os EUA diamantes industriais, ferro, manganês, borracha, titânio e bauxita. A condição essencial era assegurar a "consolidação da superioridade brasileira na América do Sul e uma melhor posição na política mundial".

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Chegando ao teto do mundo no trem das nuvens

A China moderna é uma terra de imensas conquistas da engenharia, onde a palavra "impossível" simplesmente não existe. Há muitas "cerejas no bolo" do desenvolvimento chinês e uma delas é, certamente, a ferrovia que faz hoje a rota de Pequim a Lhasa, a capital do Tibet.

Conhecida localmente como Kien Liu - a Ferrovia para o Paraíso - é motivo de orgulho para os chineses. A ferrovia é a mais alta do mundo, alcançando 5.072 metros de altura quando ultrapassa as montanhas Tanggula, uma série de picos do Everest. A obra se enquadra na estratégia chinesa de demonstrar ao mundo que é capaz de realizações mais espetaculares que as de qualquer nação avançada.

A China já tinha, desde 2003, em Shangai, o trem mais rápido do mundo, que desliza sobre trilhos com rodas de cerâmica a 430 km por hora. Conseguiu construir outra proeza. O trem dotado com máscaras de oxigênio e vidros contra a radiação ultravioleta, corre sobre trilhos protegidos. O degelo das montanhas do Everest transforma em rios, córregos e lamaçais as proximidades dos trilhos. Para que os anuais degelos não se tornassem impeditivos de uma velocidade alta os trilhos receberam proteção de milhares parapeitos e pequenas pontes de concreto em toda a sua extensão.

O céu tempestuoso parecia ter saído do Gênesis. Durante 24 horas, o trem cheio de chineses e tibetanos, e nenhum ocidental, subia montanhas acima. Depois de uma vastidão austera e solitária surgiram os picos de dentes serreados que, por vezes, desapareciam entre nuvens esbranquiçadas vaporosas. As encostas nevadas da cor de mortalha.

O trem passava ao lado de inúmeras aldeias. A maioria das casas tinham bandeiras, em algumas da China e, em outras, a do Partido Comunista. Os rebanhos de iaques chifrudos eram conduzidos pelos nômades tibetanos com suas roupas e adereços multicoloridos e as faces vermelhas queimadas de sol. Talvez o povo mais primitivo da China. Um trem moderno para um povo primitivo. O transporte foi o priorizado pelo governo chinês. Em Lhasa não se vê nenhuma propaganda dos avanços sociais, econômicos ou turísticos. O trem ocupa as atenções e a perspectiva de unificação da China com o Tibet. Mas quem domina o comércio tibetano são os mulçumanos e não os budistas.

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