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Em Pauta

O mito Bolsonaro

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/02/2016 08:15
O mito Bolsonaro

Adesivos nos carros. Filmetes nas redes sociais. A candidatura de Bolsonaro começa a sair das conversas informais, ganha as ruas. E preocupa quem defende a democracia. Palavrões, ataques raivosos. Homossexuais e bandidos colocados no mesmo saco. Um saco para ser enviado à pena de morte. Bolsonaro cresce na imaginação popular.

Cresce no meio de quem apoia o autoritarismo. Torna-se gigante no meio de uma população abandonada por todos os políticos. Ele não apresenta uma proposta sequer para conduzir o país rumo à saída das crises política e econômica. Provavelmente, nem mesmo sabe o significado de Produto Interno Bruto, de como estancar a sangria da inflação ou do pior pesadelo dos brasileiros - o desemprego.

"Em 2018 acabou a put##### na por### desse país". Com esses palavrões, construíram o slogan da campanha de Bolsonaro. Só discute o comportamento de parte da população do país. Um aficionado por homossexuais e bandidos. Nada diz sobre como a educação de nossos filhos deve ser conduzida. Nada fala sobre os enormes problemas da saúde pública que mata diariamente os brasileiros, ao invés de tratá-los com um mínimo de dignidade.

"Em 2018 acabou a put##### na por## desse país". Qual delas? A criada por meia dúzia de alucinados que criou uma cartilha visando discutir o homossexualismo com as crianças nas escolas deste país? Cartilha que nem foi distribuída.

Eles são apenas doidos varridos que não merecem nem mesmo serem lembrados. Merecem todo o repúdio, mas não podem fazer parte de um programa de candidato à Presidência da República. Há problemas reais a serem tratados. Pena de morte? É claro, esse é um tema recorrente de 100% dos oportunistas que estão no Congresso Nacional, e de tantos outros que desejam lá chegar. Populismo fácil e barato. Pena de morte para todos, até para ladrão de galinha.

Como se a pena de morte resolvesse o gravíssimo problema de nossa insegurança. No vazio da política brasileira, surge um "herói". Aparece um "mito". Não passa de mais um "salvador da pátria". Mas os "salvadores" são toleráveis. Bolsonaro é um perigoso autoritário, um candidato que tem o cheiro da ditadura militar, tem os chifres diabólicos dos ditadores militares, usa as mesmas roupagens daqueles que adorariam matar todos seus adversários e inimigos.

Um pretenso policial dos costumes. E da imensa falta de segurança que todos nós somos obrigados a conviver, pela pura desfaçatez dos governantes. Em política não existe vácuo...Bolsonaro está ocupando um espaço deixado por todos aqueles que desejam a mesma cadeira que ele. Um Berlusconi violento, filho da terra arrasada dos partidos políticos. Abram os olhos. Bolsonaro poderá ser nosso próximo Presidente da República. Ele é o único político ouvido - e ovacionado - pela imensa multidão de descontentes e desanimados brasileiros. Se ele gritasse e esperneasse contra a "put######" que fizeram com a economia do país.

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Senado votará projeto que eleva limites do Simples.

Mesmo com a oposição do governo federal e de muitos prefeitos e governadores, o Senado votará o projeto 125/2015. Ele já foi aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e irá ao plenário. O projeto eleva de R$ 360 mil para R$ 900 mil o teto da receita bruta anual das microempresas (ME) e de R$ 3,6 milhões para R$ 14,4 milhões o das empresas de pequeno porte (EPP). No segundo caso, das EPPs, o teto aumentaria gradativamente, seria concluído em 2018. O Secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, diz o óbvio: o aumento do teto "não vai ser bom para as contas públicas", mas também argumenta que "não dá para falar que uma empresa que fatura isso [R$ 14,4 milhões] é pequena". Atualmente, 82,5% das empresas brasileiras estão no Simples. De acordo com Rachid, caso o limite seja elevado, esse número iria para cerca de 98%. "E daí, fica como? Não existe empresa media no país?" O fato é que, dificilmente, os senadores ouvirão os reclamos de Rachid e demais governantes.

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Mineração no Brasil sempre foi sinônimo de fortuna, miséria e dejetos.

"Ao longo dos vales, correm pequenos riachos, turvos pela lavagem do ouro, que, aos poucos, vão se avolumando até desaguar no Rio Doce. Os arredores da cidade apresentam um quadro assustador de devastação do solo. Os campos áridos, desprovidos de todo tipo de árvores e arbustos, cobertos de montes de cascalhos, dão ao conjunto um aspecto triste". "Toda lavação de ouro acontece sem nenhum método, ao Deus dará. Aqui, principalmente, chegou-se à loucura". Essa é uma descrição da região do Rio Doce feita pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff. Ele é o autor de um dos mais ricos diários de viajantes da história brasileira. Durante sete anos (1822 a 1829), Langsdorff percorreu cinco províncias - Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso uno e Amazonas. Esse diário foi editado em 1997 em três volumes e em formato digital. Ele faz um relato crítico da exploração mineral no Brasil.

Alvo da grande corrida pelo ouro no fim do século XVIII, que fez do Brasil o exportador (especialmente pelo contrabando) de metade do ouro no comércio mundial daquela época, a região do vale do Rio Doce continuaria a produzir fortuna, miséria e dejetos até os nossos dias. Se não bastasse, também foi responsável pela morte de dez pessoas e pelo desaparecimento de outras treze. A mineração brasileira sempre foi uma exploração de ganhos imediatos, devastação permanente, que em nada ajuda a desenvolver uma região. Langsdorff profetizava: "Onde há lavação de ouro [ou exploração mineral], reina a pobreza".

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Os políticos profissionais e seus parentes, um legado da monarquia.

Um dos costumes mais abjetos das monarquias é a herança de poder. Ele passa de pai para filho ou parente eternamente. A República brasileira deu continuidade a essa história de abusos. Dos 513 deputados federais da legislatura passada, 401 tentaram se reeleger em 2014, e 290 conseguiram. Uma taxa de sucesso de 72%. Nada se correlaciona mais com a vitória na eleição parlamentar do que já ser um parlamentar. Pode-se imaginar que 223 são novos. Mas essa é uma ilusão numérica, 25 são ex-deputados que, após breve interregno, voltaram à Câmara. Mas grande parte das "caras novas" tem sobrenomes de velhos conhecidos do Congresso. Mudam só os prenomes. Ás vezes nem isso, basta acrescentar um "júnior", "filho", "neto" ou até mesmo um "bisneto" no final. São quase todos herdeiros do poder. É um dos legados mais abjetos da monarquia que a república brasileira conserva com mais zelo. Não houve renovação de fato. As oligarquias reeleitas são as de sempre.

Há de se perguntar o motivo de os vencedores pertencerem ao velho clube dos donos do poder. A resposta é o círculo vicioso do sistema político nacional. Quanto mais ojeriza a política provoca, mais ela fica restrita aos políticos profissionais e seus parentes. Acrescente-se, no momento, o medo. Uma boa parte de pessoas que estavam interessadas em ingressar na política está desistindo, pelo forte temor da polícia e da justiça.

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A física explicará o aumento abusivo de impostos. A cada ação uma reação em sentido contrário.

Há uma certa dose de ingenuidade e desconhecimentos dos governantes, não sabem que a cada ação em impostos e taxas, há uma forte reação em sentido contrário? Começa com o aumento escorchante da taxa de energia, a resposta é o aumento da inadimplência e o crescimento de furtos e fraudes de energia. Em Campo Grande, com o auxílio da polícia, os casos de furtos e fraudes vinham caindo nos últimos anos. Começam a crescer e não existe polícia ou fiscalização que sustará a curva ascendente. Termina com a "facilidade" e preguiça que os governantes e políticos em geral demonstram ao aumentar os impostos. Não há lugar no mundo que esses aumentos não ensejem uma brutal sonegação. Sonegar passar a ser o verbo predileto de todos os cidadãos e empresários. O “sonegômetro”, medidor de sonegação de uma entidade de fiscalização de tributos, vai derreter.

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