O Pacote Trave e a Santa Trave
O Pacote Trave e a Santa Trave
A seleção brasileira foi salva, por duas vezes, pela bendita trave, no jogo contra a seleção chilena. A trave nos abençoou nos minutos finais da partida e na última cobrança de pênalti.
A presidenta Dilma poderá preparar um Pacote Trave de doação de impostos para todas as empresas que fabricarem traves. Pois afinal, a Trave é Nossa.
Aguarda-se a repetição dos milagres para a partida contra a equipe da Colômbia. Em caso de repetição do feito milagroso, a sugestão é de santificar ou beatificar a trave. Afinal, se o Papa é argentino e se Deus não for brasileiro, talvez a Santa Trave ore por nós e nos salve mais uma vez.
Os empresários das cervejarias estão “tomando porre” com a Copa
E não é para menos. A produção de cerveja no Brasil aumentou 16,2% segundo dados consolidados do Sicobe – Sistema de Controle da Produção. A produção atingiu 1,1 bilhões de litros em maio. De acordo com a CervBrasil, associação que representa as fabricantes do setor instaladas no país, o desempenho positivo é fruto da expectativa para a Copa do Mundo de Futebol.
Brasil, o país das figurinhas
A antiga brincadeira de colecionar retratos de jogadores de futebol empolgou o Brasil como nunca. Os números surpreenderam a própria Panini, produtora das figurinhas, e fizeram do país o recordista mundial nessa modalidade. Para os pais é um resgate da infância e para os filhos um bom divertimento, pelo menos deixaram os celulares em paz por alguns momentos.
O fervor tem algumas explicações. A Copa coloca o futebol dentro de uma perspectiva diferente. Ela está promovendo a discussão política e o nacionalismo. O que passa a estar em jogo, não é apenas o jogo. A rivalidade entre o Corinthians e o Palmeiras tomou parte importante no jogo entre Holanda (Corinthians) e Chile (Palmeiras), por exemplo. Mas a principal disputa ainda está sendo gestada - Brasil e Argentina.
Na Argentina estão pregando, nos álbuns de figurinhas, os jogadores brasileiros de cabeça para baixo. Talvez seja mais uma lenda urbana, mas as rodas de colecionadores fomentam o nacionalismo. As bancas de jornais são o ponto de encontro dos pais. As escolas congregam os filhos.
Talvez seja muito estranho às pessoas cultivarem o papel na era dos terabytes. Mas, as figurinhas estão, ainda que momentaneamente, ganhando a partida. Mostram a existência da necessidade de espaços para socialização que os computadores negaram. O balanço do momento no Brasil é de 10 milhões de álbuns produzidos. Foram 6,3 milhões distribuídos gratuitamente em mais de 43 jornais do país em um único dia do mês de abril. São mais de 8 milhões de envelopes de figurinhas produzidos por dia.
Os recordes batidos na Copa do Mundo no Brasil
O levantamento é alemão, mas aponta um dos principais raios x de tudo no torneio que é disputado nos gramados brasileiros:
- Faryd Mondragón, com 43 anos e três dias de idade, entrou na partida Colômbia contra Japão, e se tornou o jogador mais velho a atuar num Mundial, batendo a marca anterior do camaronês Roger Milla (42 anos e 39 dias).
- Com o empate contra Chile, Luiz Felipe Scolari é o treinador com mais jogos sem derrotas em Copas (16 jogos).
- Tim Howard, goleiro dos Estados Unidos, completou incríveis 14 defesas contra a Bélgica.
- A partida do Brasil e Chile quebrou o recorde de 16,4 milhões de tweets, batendo a marca do Super Bowl.
- A partida Alemanha e Gana foi a de número 800 em Copas.
- A Holanda já virou três partidas neste torneio (5x1 Espanha, 3x2 Austrália e 2x1 México). Nunca uma seleção alcançou tantas viradas no mesmo Mundial. Além disso, a atual edição já computa nove viradas – o que também configura um recorde.
- Pela primeira vez, duas seleções africanas avançam para as oitavas de final no mesmo torneio: Nigéria e Argélia.
- Com o gol do costa-riquenho Bryan Ruiz no jogo contra Grécia, chegou a 19 o número de gols anotados por capitães de seleções – outro recorde.
- Se a Copa teve muitos gols, muito se deve ao fato que incríveis 18 deles foram marcados depois do tempo regulamentar de 90 minutos de jogo. O número é o dobro da marca anterior (9), verificado nos Mundiais de 1998 e 2006.
A crise portuguesa, a literatura e o redescobrimento do Brasil
A crise portuguesa ainda está longe de conferir fôlego àquela população. Mais que a recuperação financeira, as consequências são sinônimo de angústia para o setor cultural. “O povo tem dado prioridade às necessidades do dia-a-dia”, resume a escritora e poetisa Arlete Piedade Louro, representante em Portugal da Associação Internacional de Poetas e Consul em Santarém do Movimento Poetas del Mundo. A artista pondera que, por parte da população, a escolha é óbvia entre frequentar espetáculos, comprar livros e garantir a subsistência.
Viver da cultura é quase impensável, principalmente da escrita. A exceção está para aqueles artistas que têm notoriedade na televisão. Devido à crise econômica, o apoio do governo foi cortado e a falta de recursos respinga não só no presente, mas indica um nefasto futuro para os portugueses. “As consequências são tristes. Há queda significativa da qualidade, fechamento de escolas e universidades. Cada vez mais, os jovens têm dificuldade em se educar. São consequências dramáticas. Hoje já se sente a dificuldade e em 30 ou 50 anos, será dramático”, enfatiza. A escritora acredita que a condução política da crise possa fazer da Europa um só Estado, engolindo países como Portugal.
Não sem lutar e integrar...
Antes disso, contudo, os portugueses têm se mostrado tão aguerridos quanto aqueles que cruzaram o Atlântico na conquista de novos mundos. Embora em crise, resistem e aguçam a criatividade. Estão de volta em um novo movimento de conquista em que também se deixam conquistar. De acordo com Arlete, a Associação Internacional Luso-brasileira de Integração, Arte e Cultura está a organizar o lançamento de uma editora para o apoio a escritores portugueses e brasileiros. “Estamos estudando uma maneira de trabalhar juntas e interagir com as pessoas para os brasileiros da comunidade brasileira se sentirem mais como em seu país natal”, adianta.
Já a contrapartida para os escritores portugueses está na redução das muitas barreiras, principalmente econômicas existentes. “Os benefícios são imensos. Os escritores terão acesso ao mercado brasileiro, que é enorme e está em crescimento. O mercado português está atrofiando”, resume. Um evento programado para a interação entre brasileiros e portugueses já foi marcado para outubro, em Santarém. “Para os escritores brasileiros que queiram vir a Portugal, Santarém é uma segunda pátria. Temos a casa que foi transformada em um espaço cultural e está a Igreja da Graça onde está o túmulo de Pedro Álvares Cabral. É um espaço muito importante e será lá que faremos o lançamento dos livros. O primeiro evento está marcado para outubro”.
Participar não é difícil, basta entrar em contato com a escritora por meio do endereço apiedade.daniel@gmail.com ou, ainda, pelo Facebook. Em Mato Grosso do Sul, a Associação Internacional de Poetas del Mundo é representada por Delasniev Daspet, que também pode ser encontrada no Facebook. Para ela, a promoção da cultura está entre os principais instrumentos para elevar a qualidade de vida da população.