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Em Pauta

O preço pela conservação da natureza: ambientalismo para adultos

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/06/2014 09:05
O preço pela conservação da natureza: ambientalismo para adultos

Ambientalismo para adultos

Mark Tercek comanda a maior ONG ambientalista do mundo, a Nature Conservancy. Além de ser responsável pela proteção de 50 milhões de hectares, que estão localizados em 35 países diferentes, a proposta da ONG é a de criar mecanismos que possam agregar valor para recursos naturais. Enquanto o discurso ambiental ainda sofre com o idealismo anti-humanista de alguns, Tereck procura evidenciar como é possível empurrar os grandes negócios para uma direção “verde”. Não se trata apenas de um discurso de preocupação com as próximas gerações que, em raras oportunidades é levado em consideração, mas de como agregar valor aos meios de produção com escolhas ambientalmente corretas – algo que o ranço pseudomarxista de um ou outro desinformado ainda resiste em acreditar ser possível.

A maior indústria química dos Estados Unidos, a Dow é um dos exemplos, ao devolver para a natureza a água de forma mais limpa do que a que é usada para empresa. Até 2011, a Dow confiava na natureza para o uso da água, até que a empresa passou a enfrentar uma temporada de secas e passou a considerar soluções de longo prazo. Por isso, a Dow contratou a Nature Conservancy para produzir um software que compare o valor de recursos naturais com o trabalho humano, uma proposta inovadora, por exemplo, descobrir qual é o valor de um enxame de abelhas? Uma empresa de refrigerantes poderia saber o valor de purificação de um galão de água poluída.

A grande questão é, se alguém quer que as empresas passem a se preocupar com a natureza, é preciso colocar um preço nela, de outra forma, seu valor implícito é zero. A ideia não é nova, por duas décadas a cidade de Nova York tem comprado terras e pago para pessoas pararem de poluir – e isso foi feito porque o preço é mais baixo do que construir estações de purificação de água. A proposta do software é possibilitar que uma pessoa “no campo” possa determinar o valor dos recursos naturais da empresa, uma vez que ainda não existe nada parecido no mundo.

O preço pela conservação da natureza: ambientalismo para adultos

Um novo olhar sobre o valor da natureza

Em 1997, um artigo publicado na revista Nature foi um dos primeiros a tratar do valor da natureza, a produção anual advinda da natureza gerava US$ 33 trilhões, enquanto que os valores criados por seres humanos chegavam a US$ 18 trilhões. Além disso, o artigo afirmava que a natureza é uma grande parceira de negócios para os seres humanos: um recife de corais nutre de maneira muito mais produtiva os peixes do que os peixes no cativeiro – o que não quer dizer que um exclua o outro. O problema está no “subsolo” do discurso ambientalista, se algumas pessoas passam a ver a natureza como tendo direitos ilimitados, prevalecendo sempre sobre as necessidades humanas, o ambientalismo se torna uma forma de “luta de classes” – o homo sapiens contra as demais espécies.

A preocupação com as gerações futuras deixa de ser discurso empático quando leva a sério todos os envolvidos no ambiente, inclusive aqueles que estão a poluir – que, não necessariamente são apenas as “grandes empresas malvadas”. Uma nova forma de lidar com o ambientalismo seria fundada em dados, deveria usar Big-data antes de qualquer coisa, se aproximar das corporações ao invés de apenas hostilizar suas práticas, além de não idealizar a própria natureza. O idealismo de certos ambientalistas beira a religião, procura-se um retorno a ambientes sem a presença de seres humanos, desconsidera que já alteramos os ambiente de maneira profunda e que vamos continuar a fazer isso nos próximos anos, um projeto adulto do ambientalismo levaria em conta a natureza, mas, também as pessoas que a habitam.

Isto começaria com o fim da idealização da própria natureza, as ideias meio hippies e meio marxistas que ainda estão na moda. Enquanto ainda muitos sonham com a “terra sem males” a Colômbia está a investir em hidrovias, um dos tantos patrimônios naturais desvalorizados que nós brasileiros desprezamos. Não se trata apenas da Dow que embarcou no discurso ambiental e passou a aceitar os problemas da mudança climática, a multinacional Rio Tinto e a Coca-Cola também se apresentam como “parceiras do ambientalismo”. Aquilo que as motiva não é nenhuma fantasia, trata-se de algo bem mais “natural”, o espírito de sobrevivência. Se os objetivos das empresas coincidirem com as ações ecológicas, todos ganham, enquanto que, de outro lado, outras empresas continuarão a seguir o caminho antigo e desinformado da poluição e terão de receber multas onerosas e não apenas discursos frenéticos.

O preço pela conservação da natureza: ambientalismo para adultos
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Os VIPs podem reclamar, mas a crise apertou com intensidade os mais pobres

Os trabalhadores com menor renda perderam mais durante a crise econômica mundial ou ganharam menos durante a recuperação dos países. Os dados constam no estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgada ontem. A pesquisa aponta que a renda dos 10% mais pobres caiu 1,6% por ano de 2007 a 2011 nos 33 países.

No intervalo, a queda de renda foi duas vezes maior para os mais pobres do que para os 10% mais ricos.

Nas nações mais atingidas pela crise, como a Espanha, os dados apontam que os rendimentos dos 10% mais pobres caíram mais do que a da população mais rica em todos os anos, exceto em 2010. Um dos países mais castigados pela crise, a Grécia, assistiu alteração no padrão de ajuste do rendimento real em toda população, levando a um aumento gradual da distância entre as classes. Ainda assim, a renda dos 10% mais pobres permaneceu estável na Alemanha, onde houve ligeira alta anual de 0,2% no Reino Unido e queda de 1,3% nos Estados Unidos nos quatro anos analisados.

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O preço pela conservação da natureza: ambientalismo para adultos

Registro 347895: você só talvez tenha provado, porém com certeza já viu

Tudo bem que de pano é mais gostoso, mas o filtro de café descartável foi uma revolução. Invenção da dona de casa alemã Melitta Bentz, o coador descartável conquistou fama internacional e hoje o nome dela é sinônimo do produto. Foi no dia 20 de junho de 1908 que a Frau Bentz entregou o pedido de registro de patentes do porta-filtros e do coador no órgão alemão de patentes. Antes do filtro branquinho, com papel especial, Melitta e o marido, Hugo Bentz experimentaram vários tipos de papel.

A dona de casa não gostava do sabor amargo deixado pela borra que sobrava ao fundo das xícaras. Tinha 34 anos, um filho e curiosidade. Com martelo e pregos iniciou os experimentos com um mata-borrão do caderno do filho. Não deu certo e outros papeis foram usados. Junto com o papel ideal, ela trabalhou com o marido no recipiente ideal para segurar o líquido quente. O registro de proteção foi oficializado em 8 de julho de 1908, na patente de número 347895.

A curiosidade virou negócio de família de maneira muito rápida. Em 15 de dezembro, foi registrada a firma M. Bentz e a produção dos primeiros filtros foi manual somente na primeira etapa, até que todo o trabalho fosse terceirizado. ainda foi manual, mas logo seria terceirizada. Hugo Bentz e os filhos Horst e Willi, trabalhavam juntos. Seis anos após o registro, a empresa, contava com 15 funcionários e 200 metros de área para a produção.

A M. Bentz também trabalhou com filtros fornecidos por terceiros, este feitos de porcelana e cerâmica. Até 1920 a empresa fabricou cerca de 100 mil filtros e cinco anos depois adotou as cores verde e vermelho para evitar cópias. E há uma razão para os filtros e os coadores Melitta terem formato “V”. Desta maneira, o aroma pode expandir-se, sem a liberação excessiva de substâncias amargas.

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