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Em Pauta

Os primeiros restaurantes surgiram com o macarrão

Mário Sérgio Lorenzetto | 21/10/2017 09:46
Os primeiros restaurantes surgiram com o macarrão

O macarrão revolucionou o mundo gastronômico. Permitiu a criação dos restaurantes. O modelo de servir clientes em mesas e de acordo com sua preferência de paladar surgiu na China antiga, em decorrência da demanda dos mercadores estrangeiros que circulavam por uma das Rotas da Seda e não encontravam locais de confiança para se alimentar.
A cidade de Kaifeng, que hoje se encontra na província de Henan, na área central da China, foi um dos entrepostos mais importantes da famosa e rica rota comercial. Em seu auge, há cerca de mil anos, Kaifeng chegou a ter 1,3 milhão de habitantes, dez vezes mais que a Londres e Paris do mesmo período. Além dos habitantes fixos, a cidade tinha uma população flutuante gigantesca, resultante das inúmeras caravanas de mercadores que por ela passavam. Nessa época, Kaifeng chegou a contar com 72 restaurantes, onde os funcionários anotavam os pedidos dos visitantes e tratavam de servi-los prontamente. O atendimento e o serviço tinham de ser rápidos por causa da alta rotatividade de pessoas nos estabelecimentos. Por isso, funcionários que errassem os pedidos tinham seus salários reduzidos ou eram até demitidos.
Entre os pratos mais pedidos pelos fregueses estava o macarrão achatado com molho de gengibre, alho e tangerina e o macarrão com caldo de carne e fatias de carne de porco. Nessa época foram criados mais de 30 pratos que tinham o macarrão como principal ingrediente.
O modelo dos restaurantes chineses ainda demoraria 500 anos para chegar à Europa, o que só aconteceu por volta do século XVII. Mas, antes disso, tanto o macarrão como seus derivados ficariam famosos em outros países do Oriente Médio, da Ásia e principalmente no Japão.

Os primeiros restaurantes surgiram com o macarrão

O macarrão tem 4 mil anos. A Pompéia chinesa.

Lajia foi um vilarejo próximo ao Rio Amarelo, no noroeste da China, a quase dois mil quilômetros de distancia de Pequim. A descoberta de Lajia entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2.000 causou furor. Os pesquisadores já sabiam que na Antiguidade aquela área havia sofrido fortes terremotos, acompanhados por grandes inundações do Rio Amarelo. Mas, ao iniciar os trabalhos de campo nas ruínas, depararam com cenas impressionantes. Entre os achados, centenas de esqueletos. Muitos deles estavam na posição de encolhimento, o que revelava uma tentativa daquelas pessoas de se protegerem de algo assustador. Tal como em Pompéia, outras pessoas estavam abraçadas, o que também deixava clara a tentativa de ajudar ou de proteger os mais próximos nos momentos finais.
Em pouco tempo de trabalho, conseguiram confirmar o cataclismo que tomara conta daquela região 4 mil anos antes. A vila foi fortemente abalada por um grande terremoto. Em seguida, foi tomada por uma enchente. Uma espécie de tsunami do Rio Amarelo. Tudo indica que ninguém escapou da tragédia.
Por esses achados, Lajia passou a ser conhecida como a "Pompéia chinesa", uma referencia à cidade romana destruída pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. e cujas ruínas são famosas por revelar não só a tentativa dos moradores de se salvarem como mostra o cotidiano daquela população. Mais de 10 mil instrumentos e utensílios foram descobertos em Lajia.
A descoberta que agitou o mundo demorou dois anos para acontecer. Era resto de comida. Encontraram uma evidência que deixava bem próximos de pôr fim a um debate que já dura várias gerações. O que os chineses haviam encontrado sob três metros de terra em Lajia eram os restos ancestrais do macarrão. A falta de oxigênio debaixo da terra foi fundamental para a conservação dos alimentos por milhares de anos. O local onde o macarrão foi encontrado era uma cozinha comunitária onde preparavam o macarrão para servir de oferenda em um altar vizinho. O macarrão não só era um alimento como era utilizado em rituais religiosos. Esse macarrão era feito com farinha de milheto e de painço. O macarrão feito com trigo só seria criado em outra localidade chinesa.

Os primeiros restaurantes surgiram com o macarrão

O macarrão de trigo italiano têm 3 mil anos.

Mesmo com a descoberta do macarrão de 4 mil anos em Lajia, os mais puristas contestam a versão de que os chineses teriam sido os criadores da pasta. Tal corrente afirma que só é possível considerar macarrão, o produto derivado do trigo, similar ao que é consumido hoje. Por séculos, árabes, judeus, italianos e chineses disputaram a primazia de terem sido os inventores do macarrão. Existem muitas narrativas. A quase totalidade não passa de lenda. Um caso emblemático é a versão de que os etruscos - os italianos da região da Toscana - teriam sido os verdadeiros idealizadores da pasta. Os defensores dessa hipótese apontam para a descoberta de afrescos em tumbas nos quais estariam retratadas cenas de banquetes em que aparecem rolo de macarrão, ferramentas para triturar trigo e facas usadas para cortar a massa. Esses afrescos remontariam a 3 mil anos.

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