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Em Pauta

Pagar as contas, ambição básica do empreendedor brasileiro

Mário Sérgio Lorenzeteto | 11/12/2013 08:28
Pagar as contas, ambição básica do empreendedor brasileiro

A ambição básica do empreendedor brasileiro é pagar as próprias contas

O responsável por transformar o McDonald’s na maior cadeia de restaurantes da história, Ray Kroc, dizia que dois fatores determinam o sucesso de um empreendedor. Primeiro, estar no lugar certo na hora certa. Depois, aproveitar que a sorte sorriu e arriscar. Claro que as coisas são mais complicadas, mas o resumo apresentado por Ray Kroc explica como funciona o tal espírito animal, tão falado e tão pouco compreendido. Nunca o espírito animal dos empreendedores brasileiros estive tão aguçado. A proporção da população que planeja abrir um negócio no Brasil é três vezes maior que nos Estados Unidos. Mas o resultado desse surto empreendedor têm sido decepcionante.

Desde 2007 apenas 1,5% das empresas conseguiram aumentar, anualmente, o número de funcionários em 20%. O período analisado é de três anos – um índice usado para definir as empresas de “alto impacto”. Essas companhias, sozinhas, criaram 50% dos novos postos de trabalho no Brasil.

Pagar as contas, ambição básica do empreendedor brasileiro

Dificuldades ficam claras graças a um estudo da ONG de empreendedorismo Endeavor

Estamos abaixo da média, segundo a Endeavor, em fatores básicos para o sucesso de qualquer empresa. É mais difícil, por exemplo, contratar e demitir funcionários aqui do que na China, na Índia ou na Rússia. Alguns entraves ao sucesso são notórios, como a dificuldade de abrir e fechar empresas. São necessários 107 dias para abrir uma empresa no Brasil, ante 25 na Argentina, cinco nos EUA e um dia em Taiwan. Existem casos de brasileiros que pegaram o avião foram a Taiwan e abriram a empresa em um dia e concluiu a exportação que não podia esperar. Para esse entrave, o governo federal prometeu facilitar, até o fim de 2014, a abertura e fechamento de um negócio. A promessa é que sairemos de 107 dias para cinco.

O levantamento da Endeavor revela também que, na disponibilidade de capital de risco, estamos atrás de China, Chile, Índia e África do Sul. Se sobram fundos para grandes negócios no Brasil, para os iniciantes são poucos. E os poucos existentes sofrem com a burocracia.

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O governo começa a ajudar, mas nossos empresários poderiam ousar mais

O raio-X da Endeavor mostra que, talvez inibidos pelas dificuldades de fazer negócios no país, apenas 5% dos donos de negócios iniciantes pretendem contratar mais de 20 funcionários nos próximos 5 anos, ante 18% nos EUA e 10% na Argentina. A ambição básica de nosso empreendedor é pagar as próprias contas, diz Silvio Meira do Cesar – Centro de Inovação.

Esses empreendedores também apresentam dificuldades na formação. Mais de 30% nem sequer terminou o ensino fundamental, e a fatia de quem concluiu a pós-graduação é de 2,1%. Em meio a isso tudo, a boa notícia é que, um grupo crescente de empresários supera as barreiras e chega muito longe. As dificuldades não diminuirão de uma hora para a outra, mas o mercado oferece cada vez mais espaço a empreendedores que pensam grande. Mesmo com o elefante na sala.

Pagar as contas, ambição básica do empreendedor brasileiro

Recorde de vendas de empresas brasileiras para estrangeiros

A venda de uma empresa nacional para um grupo estrangeiro gera, em alguns lugares, certo mau humor. Para muitos, o dinheiro que vem de fora para comprar empresas inteiras é menos útil para o país do que aquele que as cria do zero. O motivo principal do humor azedo é que, poucas vezes, ocorre a criação de novos empregos. Um olhar empírico para esse fenômeno revela uma realidade um tanto diferente. O dinheiro vindo do exterior circula e volta para a economia real, ao contrário do que se imagina. Basta observar o que os empresários brasileiros que venderam suas empresas fizeram com o dinheiro recebido de fora do país – criaram novos negócios a partir do zero. Assim, ocorreu a permanência no mercado da empresa vendida e outra surgiu com vasta ampliação de vagas de trabalho.

Em sua ampla maioria, os empresários brasileiros vendedores apresentam uma nova experiência bem sucedida, quebrando outro mito – o de que eles venderam porque são derrotados. Claro, há aqueles que foram forçados pelas circunstâncias – dívidas impagáveis e resultados sequenciais ruins – a se desfazer de suas empresas.

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Apetite voraz das multinacionais para crescer expande mercado

Hoje, o país conta com 185 fundos diferentes para a compra de empresas com capacidade de aportar US$80 bilhões. Isso, aliado ao apetite das multinacionais com pressa para crescer no país, aumentou a demanda por um “produto” com oferta limitada – as grandes empresas nacionais. O valor de uma empresa sempre está embasado em suas perspectivas de lucro no futuro. Para uma grande corporação, pode valer a pena pagar o equivalente a 30 vezes o lucro anual de uma empresa familiar. Seja porque a presença em mercados de grande crescimento impulsionará o valor das ações no exterior, seja porque as sinergias obtidas, com a junção dos dois negócios, gerarão ganhos impossíveis de obter de forma independente. Para o dono de uma empresa familiar, receber hoje, o lucro esperado para daqui duas ou três décadas é uma proposta difícil de recusar.

Essa dinâmica criou a figura do “empreendedor serial”, aquele que cria um negócio para vendê-lo e repetir o ciclo sempre que possível. A venda é tanto o fim quanto o começo. Finalmente, há aqueles que aproveitam a venda de suas empresas para realizar sonhos antes irrealizáveis, criar uma ONG por exemplo, por pura falta de tempo.

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Quem mente mais, homens ou mulheres?

pesquisa do Museu da Ciência de Londres concluiu que os homens mentem mais que as mulheres. Pelo menos na Inglaterra, eles contam três lorotas por dia, contra duas delas. Já nos Estados Unidos, uma pesquisa da Universidade de Harvard, concluiu que eles e elas mentem com a mesma frequência, mas por motivos diferentes. Homens mentem mais para contar vantagem e se livrar de problemas. Mulheres inventam para livrar os outros, e não elas, de algum sofrimento. A empresa britânica de pesquisas OnePoll entrevistou 3 mil homens e mulheres e descobriu as Top Tem contadas por cada gênero.

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