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Em Pauta

Perdidos em Shangri-la, as aventuras da Segunda Guerra

Mário Sérgio Lorenzetto | 13/10/2016 07:05
Perdidos em Shangri-la, as aventuras da Segunda Guerra

Era maio de 1945. Na Europa comemoravam o término da guerra, mas os combates continuavam no Oceano Pacífico. Todavia, não existiam combates na ilha que era denominada Nova Guiné Holandesa - hoje, as províncias indonésias Papua e Papua Ocidental, situadas ao norte da Austrália. Como nunca houvera guerra nessa ilha, um grupo de militares norte-americanos iria a ela, desfrutar de um "passeio recreativo de avião". Era um voo de incentivo para militares que deveriam ser premiados. O lugar a ser sobrevoado era tão exótico como desconhecido. Uma vez encontrado, todos desejavam conhecê-lo. Mas ninguém conseguia chegar. Não se podia aterrissar e era difícil acesso a pé. Só iriam ver a ilha pelas janelas do avião.
Um dos primeiros que sobrevoou o lugar o denominou de Shangri-la, pensando em "Horizontes Perdidos", de James Hilton. Mitos foram criados e difundidos. Diziam que os habitantes da ilha tinham mais de dois metros de altura e praticavam sacrifícios humanos.

Perdidos em Shangri-la, as aventuras da Segunda Guerra

A queda do avião na falsa Shangri-la

Em 13 de maio de 1945, 24 militares embarcaram em um avião. Ele se arrebentou em uma montanha. Só três passageiros saíram com vida do acidente. A primeira foi Margaret Hasting, uma belíssima cabo do exército, que a imprensa da época comparou às estrela de Hollywood. O segundo foi o sargento Kenneth Decker, que teve um ferimento terrível na cabeça e ficou com amnésia.

O terceiro, tenente John McCollom, não teve muitos ferimentos físicos, mas sofreu uma "ferida existencial". Seu inseparável irmão gêmeo morreu no avião. Com muitas dificuldades, reuniram todos os líquidos que encontraram e alguns pacotinhos de doces. O tenente levou um pedaço de lona amarela. Pensou que ela poderia ser vista do ar. E foi essa ideia que os salvou. Um pequeno ponto amarelo em um mar de verde da selva foi visto do ar quando outros aviões foram procurá-los.

Perdidos em Shangri-la, as aventuras da Segunda Guerra

Diabos ou anjos?

Como era de se esperar, encontraram com o povo que residia na ilha e os atemorizava. Os três brancos se viram de frente com os nativos que nunca haviam visto pessoas com essa cor de pele. Os nativos não eram altos nem praticavam sacrifícios humanos, mas eram canibais e não gostavam de intrusos.

Muitos guerreiros queriam matá-los, talvez fossem o diabo, mas o chefe Wimayuk Wandik recordou de uma lenda que profetizava que um dia que espíritos de pele clara baixariam do céu como se fossem anjos. Assim, ao invés de comê-los, resolveram que tinham de ajudá-los.
Entretanto, o exército dos EUA não sabia o que fazer. Não se podia aterrissar na ilha. Só poderiam enviar mais soldados, com medicamentos e provisões. Mas quem seria enviado a um lugar repleto de guerreiros selvagens e sem esperanças de retornar?

Perdidos em Shangri-la, as aventuras da Segunda Guerra

Uma unidade e um plano que merecem um filme

Existia uma inusitada unidade do exército, eram paraquedistas filipinos, treinados para levar a cabo missões atrás das linhas inimigas. O lema dessa companhia era "custe o que custar". E foi ela que, quando questionada da disposição, respondeu por unanimidade com seu lema. Todos se levantaram e gritaram: "Sim, custe o que custar". Não eram obrigados, eram voluntários. Pouco depois, 11 paraquedistas filipinos foram lançados na ilha.

Quando tocaram a terra, se viram cercados por tantos guerreiros, que mesmo com armas de fogo, não sairiam com vida. Mas era um mal entendido. Tido como um dos mais risíveis da Segunda Guerra. Os nativos queriam suas roupas. Ficaram pelados no encontro. Mas a ideia do resgate era ainda mais risível. Descabelada. Deveriam levantar uma espécie de arco, como o existente no futebol norte americano - dois postes verticais, unidos ao meio por um poste horizontal. Na parte superior, amarrariam uma cinta elástica. O conjunto era uma ideia tirada do estilingue. Assim, aviões equipados com cordas e ganchos, voariam muito próximo da superfície, enganchariam a cinta elástica para que essa fizesse decolar um planador. O planador foi chamado de "ataúde voador". Mesmo com tantas adversidades, o plano tresloucado deu certo.

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