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Em Pauta

Pragmatismo – em meio século, Brasília vira sede dos maiores escândalos do país

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/04/2014 07:46
Pragmatismo – em meio século, Brasília vira sede dos maiores escândalos do país

O Brasil dos pragmáticos e o impacto de suas ações

Em pouco mais de meio século, Brasília atravessou anos de euforia, anos de rebeldia e anos de repressão. Ainda durante a construção, os escândalos já apareciam. Montanhas de aterro e de cimento desapareceram dos cofres da União. Apenas 4 anos após ser inaugurada por Juscelino Kubitschek, em 1960, a nova capital federal era invadida pelos tanques e tomada pelos militares. Durante 21 anos, cinco ditadores, além de uma Junta Militar, dominaram o país a partir de Brasília.

E os escândalos se sucederam. Ponte Rio-Niterói, Transamazônica, Usinas de Angra dos Reis, algumas das mais renomadas obras envolvidas em ações pragmáticas de desvio de dinheiro dos cofres públicos. Com o escândalo Lutfalla, surgia no cenário nacional um novo pragmático – Paulo Maluf, que em conluio com o Ministro do Planejamento, Reis Veloso, concedeu empréstimo com dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ao grupo Lutfalla. De acordo com as denúncias, o dinheiro do banco ia para empresas em nome da esposa de Paulo Maluf. E, segundo o Ministério Público de São Paulo, em 39 anos de atividade pública, Maluf lesou o patrimônio público em pelo menos R$ 10 bilhões.

O período mais intenso do pragmatismo dos governos militares contaminou as gestões dos civis que sucederam o regime de repressão. No governo Sarney, o caso mais vistoso foi o da farta distribuição de concessões de rádios e TVs para políticos aliados e adversários do presidente em troca de cargos, votos ou apoio no Congresso Nacional. Sarney aprovou a prorrogação do seu mandato em mais um ano. As rádios e TVs estão, até hoje, funcionando em todo o território nacional, inclusive no Mato Grosso do Sul.

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Era a deixa para o ‘Caçador de Marajás’ e a atuação dos ‘anões do orçamento’

Sarney foi sucedido no poder pelo jovem alagoano Fernando Collor de Melo. Collor chegou a Brasília sob o slogan do “caçador de marajás”. Em 1992, Pedro Collor, irmão do presidente,em entrevista à revista Veja, denunciou o “esquema PC” de tráfico de influência e irregularidades financeiras, organizado por Paulo César Farias, caixa da campanha eleitoral. Em maio do mesmo ano, o Congresso Nacional instalou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias. Em setembro, Collor era afastado do poder.

Itamar Franco, seu vice, foi quem assumiu. Uma das mais famosas ações pragmáticas desse período foi a descoberta de um grupo de deputados federais que montara um esquema de aprovação de emendas ao orçamento para desviar dinheiro público. Os envolvidos recebiam comissões gordas para favorecer empreiteiras e desviavam recursos para entidades de assistência social fantasmas. Esses deputados, que tinham estatura física nivelada à sua ética, ficaram conhecidos como “Os anões do Orçamento”.

A era FHC deixou um rastro de ações pragmáticas que começou ainda no primeiro mandato. O presidente, embalado pelo sucesso do Plano Real, propôs uma Emenda Constitucional para permitir sua reeleição. A aprovação da emenda custou caro. Algo como R$ 200 mil para muitos parlamentares que colocavam obstáculos. Dois deles, Ronivon Santiago e João Maia, tiveram de renunciar.

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Pragmatismo do caixa de campanha ao governo tucano

O programa de privatizações implantado pelo governo tucano também foi marcado por suspeitas de ações pragmáticas. O caixa de campanha tucana, Ricardo Sérgio de Oliveira, foi acusado de cobrar propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio que venceu o leilão da Vale do Rio Doce e outros R$90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar.

Fernando Henrique Cardoso conviveu com denúncias de caixa dois em duas eleições, desvios na Sudene, na Sudam. Sua administração foi acusada de favorecimento aos bancos Marka e Fonte Cidam, beneficiando o banqueiro Salvatore Cacciola.

Em 2002, após três tentativas frustradas, Luis Inácio Lula da Silva, se tornou o novo presidente do Brasil. O PT chegava ao poder ancorado nas promessas da distribuição de renda, promoção da justiça social e combate à corrupção.

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Discurso ético do PT terminou dando lugar ao pragmatismo da real politik

Em 2005, as bases do governo petista estremeceram com o escândalo do mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares para aprovação de projetos de interesse do Executivo. O caso manchou definitivamente a imagem do PT, derrubou uma penca de nomes do governo e provocou uma crise de governabilidade.

Em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, denunciou 40 nomes como integrantes da “organização criminosa que tinha como objetivo garantir a continuidade do projeto de poder do PT”. O resultado é recente e sobejamente conhecido. O STF determina a prisão e, logo a seguir, volta atrás.

Em ano eleitoral, toda ação pragmática é pequena, ainda que imensa. Dois casos de pragmatismo eram razoavelmente conhecidos e estavam amortecidos. O da Petrobras em Pasadena e o da Siemens- Alston no metrô de São Paulo. Os dois casos passaram a ser posicionados como se fossem a totalidade da artilharia tucana- petista. Passam a falsa impressão de “final dos tempos”, de maior escândalo do século. Não são. Outros surgirão.

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Há na fila uma nova ação pragmática a ser denunciada

A do porto de Suape. Esta sim desconhecida. Um mero míssil sem carga explosiva dos petistas contra a candidatura de Eduardo Campos? Ou não? O que existe no mundo dos mortais a respeito de ações no Porto de Suape seria a influência do governador de Pernambuco e candidato a presidente, Eduardo Campos sobre uma greve de portuários para causar embaraços ao governo petista ou o caso um tanto mais conhecido da importação de tecidos contaminados com líquidos e sangue de hospitais dos Estados Unidos para uma empresa pernambucana denominada “Império do Forro de Bolso” que reaproveitava esses tecidos. A empresa depois de embargada, de alguma maneira voltou a funcionar. O Porto de Suape é administrado por Eduardo Campos. Existe alguma ligação com a candidatura do pernambucano?

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Os muito ricos e a rudeza

Desde os tempos de Tio Patinhas, aquele personagem da Disney que nada em uma piscina de moedas, os muito ricos não desfrutam de boa fama. Pois agora o que antes era mera observação, virou tese científica, um estudo da Universidade da Califórnia indica que pessoas com mais dinheiro tendem a ser mais rudes e a quebrar regras com mais facilidade. À medida aumenta a riqueza da pessoa, argumenta o estudo, decrescem seus sentimentos de compaixão e empatia, e intensifica-se a postura de exigências, poder e auto-satisfação.

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