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Em Pauta

Prefeitos Jaca. Onde só voam urubus. Onde escola não tem caneta Bic

Mário Sérgio Lorenzetto | 03/07/2016 08:10
Prefeitos Jaca. Onde só voam urubus. Onde escola não tem caneta Bic

A obra demorou mais de 10 anos. Custou R$ 20 milhões. No dia da inauguração, autoridades locais e nacionais se acotovelaram para aparecer nas fotos. Uma multidão de papagaios de pirata tomou conta do ambiente. O nome do aeroporto é pomposo: Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato. Fica no Piauí, próximo ao Parque da Serra da Capivara que conta com centenas de sítios arqueológicos.

Muitos meses passaram. Nenhuma empresa nacional, muito menos internacional, utiliza o aeroporto, perdido a 500 quilômetros de Teresina. Como disse uma reportagem da Globo, no local só voam urubus. E, como diz a população local, a Air Melancia só atende uma horta do fruto recentemente plantada ao lado da pista. E mais, o Parque da Serra da Capivara perdeu seus funcionários que foram trabalhar no Aeroporto da Melancia.

Em São Francisco do Sul (RS), o prefeito mandou comprar 32 mil garrafas de espumante. Só podia ser espanhol, de uvas garnacha ou trepat e envelhecido 12 meses em barrica de carvalho. A cidade tem apenas 19 mil habitantes. Um porre de espumante.

A cidade de Caruaru (PE) está em situação de emergência por causa da seca e da crise financeira. Mas a festa não pode parar. Contratou Wesley Safadão para cantar cobrando centenas de milhares de reais. Só Deus, o cantor e o prefeito sabem o valor verdadeiro. Há versões que chegam a R$ 3,5 milhões.

Em Campo Grande, a outrora bela e progressista capital do Mato Grosso do Sul, a dupla Bernal-Olarte quebrou a prefeitura, quebrou o Instituto de Previdência, "quebrou" o asfalto, sucateou os postos de saúde e as escolas. Nelas, até caneta Bic desapareceu. Todos são culpados, menos os dois. E luta por um empréstimo de R$ 12 milhões sem explicar onde será investido. No ranking dos "Prefeitos Jaca", Bernal e Olarte são melhores que o do Piauí, o gaúcho e o de Caruaru? Qual o pior prefeito existente no país?

Prefeitos Jaca. Onde só voam urubus. Onde escola não tem caneta Bic

R$ 112 milhões para as moedas olímpicas.

Até o final dos Jogos Rio 2016, a Casa da Moeda fabricará 320 milhões de moedas, com valor de face de R$ 1. São moedas comemorativas das Olimpíadas. Elas têm 12 estampas diferentes, além dos mascotes, Vinícius e Tom, 10 modalidades esportivas como vôlei, boxe, judô, natação, e alguns paraolímpicos, são os homenageados. A Casa da Moeda afirma que cerca de 225 milhões de moedas já foram disponibilizadas. Além delas, foram confeccionadas peças para colecionadores, que carregam um valor simbólico de R$ 10 em suas faces. Elas serão de prata ou de ouro, e vendidas por R$195 e R$1.180, respectivamente. Uma homenagem nada barata. Custará R$ 112 milhões para o governo federal.

Prefeitos Jaca. Onde só voam urubus. Onde escola não tem caneta Bic

A economia brasileira presa em uma ampulheta.

Há pelo menos 120 anos, estamos presos na mesma história econômica. As décadas passam e, quando o dia amanhece, percebemos que voltamos ao roteiro de reformas, crescimento, gastança e crise. A história econômica brasileira está presa em uma ampulheta - cheia de dinheiro ou areia, é virada de cabeça para baixo e começa a gastança. Os nomes dos governantes mudam, assim como o cenário do filme da nossa economia e o figurino. O que não muda é a estrutura que nos relegam.
Tudo começa com um presidente que decide enfrentar a inflação e a crise das contas públicas (costumam caminhar juntas). Para isso, esse governante corta gastos, aumenta impostos e renegocia as dívidas. Seu sucessor mantêm as reformas, dando início a uma estabilidade que atrai empresas e investidores. Os brasileiros vivem alguns anos de prosperidade e inflação baixa. Surge a reviravolta. Um terceiro presidente toma posse e abandona as reformas em nome do crescimento. Volta a zombar da inflação e dos gastos governamentais. Empurra o país para uma nova crise. Esse é o enredo brasileiro. Aconteceu no longínquo 1898 até 1909. Foi repetido na ditadura militar, entre 1964 a 1985. Novamente apareceu entre 1995 e 2015, durante os governos FHC, Lula e Dilma. Quem acreditar em um sólido e responsável governo brasileiro, com validade de longo prazo, acredita em saci-pererê e mula-sem-cabeça. Governante brasileiro, profissão irresponsabilidade.

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