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Em Pauta

PT, PSDB e PP detêm o poder nos Estados e em Brasília, mas o PMDB é quem lidera

Mário Sérgio Lorenzetto | 01/03/2015 08:34
PT, PSDB e PP detêm o poder nos Estados e em Brasília, mas o PMDB é quem lidera

A espada do parlamento na democracia. O PT, PSDB e PP detêm o poder, mas o PMDB é quem lidera

A melhor posição para os políticos é a de ficar com a espada na cabeça da Dilma, Azambuja e Olarte. Os três são os mandatários, mas não estão liderando o processo político.

Dilma não consegue atender ao sistema político. Não consegue diminuir o apetite dos políticos de todos os partidos, inclusive o do PT; a economia com commodities em baixa não lhe permite contentar nem os membros de sua cozinha. Ela e alguns ministros optaram por disputar a presidência da Câmara e obtiveram uma derrota fragorosa no primeiro turno. Ao mesmo tempo buscou a fragmentação partidária incentivando o ministro Kassab a criar o PL. Sob a liderança do peemedebista Eduardo Cunha, o novo líder e presidente da Câmara dos Deputados, a manobra está sendo derrotada. Os deputados acabam de aprovar a "Lei Anti-Kassab", para criar um novo partido, só pode assinar o pleito quem não pertence a outro partido e cria um prazo de cinco anos para o novo partido funcionar de fato. “Adiós” PL. Xeque no Rede (ainda não é xeque-mate, mas botou em estado de coma). A estrela de Dilma está explodindo. A cada ação derrotada de Dilma e seus ministros mais próximos, uma reação vitoriosa dos liderados por Eduardo Cunha.

Mais habilidoso que Dilma, Reinaldo Azambuja não passou das intenções de bater chapa com os liderados por Junior Mocchi, a nova estrela do PMDB no Mato Grosso do Sul. Prevendo a derrota de seu candidato, optou pela composição. Obteve tranquilidade e tempo para arquitetar a derrota dos peemedebistas em outras esferas de poder. Optou, também, pela composição com os peemedebistas na CCJ - Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante de qualquer parlamento brasileiro. A estratégia caracteriza o nervosismo dos dois primeiros meses de governo, mas demonstra alguma facilidade em trabalhar com a política. Estabelece diálogos. Não opta pela disputa suicida. Politicamente está usando o modelo contrário ao de Dilma, todavia, a economia, a arrecadação de impostos logo mais à frente lhe dará dores de cabeça. Tanto como Dilma, terá dificuldades de atender os pleitos inumeráveis do sistema político.

Totalmente despreparado, o prefeito Olarte vive a mesma situação dos outros dois detentores do poder: não lidera. Pior, há momentos em que é comandado pelos vereadores que estão sob a liderança dos peemedebistas Mário César e Paulo Siufi. O tempo passou e mostrou que não consegue minimamente colocar em funcionamento o "presente" recebido. A Prefeitura, para Olarte, se assemelha àqueles presentes eletrônicos, de alta complexidade, que os pais dão para os filhos. Este não consegue nem mesmo ligar o botão onde está escrita a palavra "on". O botão que liga o aparelho. Tem de receber auxílio diário para colocar a máquina em movimento. E nas poucas vezes que a máquina anda, acaba trombando na parede. Não percebem, não aprendem e continuam, até a exaustão, insistindo na aprendizagem do manuseio da máquina. Só é possível vislumbrar que, os pais e o filho, quebrarão a máquina. Organizaram uma tremenda confusão. Não há como descer a espada e cortar o mandato do Olarte e não conseguem colocar a máquina administrativa em bom funcionamento.

PT, PSDB e PP detêm o poder nos Estados e em Brasília, mas o PMDB é quem lidera
PT, PSDB e PP detêm o poder nos Estados e em Brasília, mas o PMDB é quem lidera

Eduardo Cunha transformará a Câmara dos Deputados em um vespeiro

Ele é um político muito hábil e com alta capacidade de articulação política. No passado, foi bloqueado dentro do PMDB. Quando começou a galgar postos dentro do PMDB a cúpula lhe oferecia restrições. Qual foi a resposta dele? Percebeu que tinha de construir uma bancada de aliados suprapartidária que não se restringisse ao PMDB. Percebeu antes dos demais, que era possível formar bancadas fortes, capazes de pressionar o governo federal fora da esfera partidária. Criou um modelo novo, distante da cúpula. Os partidos menores e muitos deputados e alguns senadores passaram a orbitar em volta do PMDB dirigido por Cunha. O que o Kassab está tentando reproduzir com seu PSD e com a criação do PL tem a mesma lógica. Só que Cunha está muito longe de Kassab.

Eduardo Cunha é um economista de 57 anos que começou sua carreira política como presidente da Telerj, no governo Collor. Em seguida assumiu a companhia de habitação do Rio de Janeiro, no governo Garotinho. Radialista ligado à Igreja Sara Nossa Terra, elegeu-se deputado estadual e logo a seguir, foi para Brasília com votações crescentes. Dentre as prioridades de Cunha estão a votação do Estatuto da Família, projeto de um deputado ligado à Igreja Assembleia de Deus. O projeto define "família" como a união entre homem e mulher. Visa quebrar a decisão do STF - Supremo Tribunal Federal - que igualou os direitos dos casais homossexuais aos heterossexuais. Ele também desarquivou dois projetos seus: o que institui o Dia do Orgulho Heterossexual e outro que penaliza a discriminação contra os heterossexuais. Outra cruzada de Cunha, dentro de sua lógica de preservação da família, é contra a legalização do aborto. Por sua iniciativa, tramitam na Câmara dos Deputados Federais quatro projetos de lei que ampliam a repressão à prática do aborto, tipificando-o como crime hediondo.
Erra quem pensar que Cunha está sozinho. Ele representa a opinião de uma parcela cada vez maior da população brasileira. O Congresso vai virar um vespeiro.

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Mochi pretende debater as questões mais candentes do estado

Ele é a liderança que está em ascensão no meio político. Sua trajetória até galgar a presidência da Assembleia Legislativa foi longa. Teve início em Fátima do Sul, presidindo a Juventude do PMDB a pedido de André Puccinelli. Concursado no Banco do Brasil foi para Coxim advogar e plantar cítricos e administrou a cidade por dois mandatos. Ao contrário de Eduardo Cunha é um político dado à arte da "costura", da conversação aberta com os políticos. Em seu pensamento não há extremismo de qualquer espécie. Mochi tentará levar para o parlamento estadual a condução da política de prevenção e recuperação dos usuários de drogas. Esse será o debate prioritário da nova Assembleia Legislativa. Também conduzirá as discussões que visam entender os acidentes de trânsito como uma das maiores preocupações do sistema de saúde. Ele diz que envidará todos os esforços para resolver o conflito, que se eterniza, entre indígenas e fazendeiros. A Assembleia na visão de Junior Mochi será uma casa de concórdia. Os preceitos e prioridades são respeitáveis, mas dados os interesses díspares existentes, ele terá as feições de um Sísifo. Na mitologia grega, Sísifo era tido como o mais astuto dos mortais, mais foi condenado a repetir sempre a mesma tarefa de uma pesada pedra até o topo de uma montanha. Toda vez que estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida. Mochi pode empurrar a pedra, mas há na Assembleia e no Executivo um imenso poder que a empurra montanha abaixo.

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Mário César e a arte de fechar a Caixa de Pandora

A Caixa ou Jarro de Pandora é um artefato que pertence à mitologia grega. Pandora era a filha de Zeus e foi lhe dada uma caixa para cuidar. A caixa continha todos os males do mundo - a discórdia, a guerra e todas as doenças - e foi aberta inadvertidamente liberando-os. Só ficou a "esperança" dentro da caixa. Alguns pensadores entendem a esperança como um dos males do mundo, por trazer em seu seio uma ideia superficial acerca do futuro.
A tarefa do presidente da Câmara de Vereadores da capital é fechar a Caixa de Pandora que, desde as eleições municipais, se tornou a administração pública da cidade. O ideal seria construir uma nova Caixa contendo todos os bons princípios da administração. Mas essa é uma esperança excessiva.

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