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Em Pauta

Seus almoços semanais agora com um diferencial: só pague o quanto quiser

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/08/2015 08:02
Seus almoços semanais agora com um diferencial: só pague o quanto quiser

Pague o quanto quiser pela refeição. A economia do futuro chega ao Brasil.

O Ecozinha de Curitiba é um restaurante diferente de tudo que você já viu. Seus almoços semanais tem um diferencial importante - você paga o quanto quiser pela refeição, em média cada pessoa deixa R$ 20. Sua propaganda diz que tudo é natural, orgânico e artesanal. Não pode ir chegando e sentando, necessita fazer reserva anterior para que não ocorra desperdício de alimentos. A culinária é vegana - não entra produtos de origem animal. É a economia do futuro que chega ao Brasil. E está fazendo barulho por ocupar imenso espaço da economia tradicional como é o caso do Uber (um aplicativo em que qualquer pessoa pode prestar serviço de taxi, sem ser taxista) ou do Airbnb (um site que coordena o aluguel de sua casa, de um quarto ou até o uso de um sofá).

Seus almoços semanais agora com um diferencial: só pague o quanto quiser
Seus almoços semanais agora com um diferencial: só pague o quanto quiser

Após um primeiro semestre enclausurada, Dilma volta à estrada.

As notícias continuam ruins para o governo federal. A Lava-Jato chegou ao setor elétrico e uma agência de classificação de risco fez a revisão, para baixo, da capacidade do Brasil em receber investimentos. No outro lado da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o Congresso transparece uma forte sensação de "sitiar" o poder executivo. Mesmo com tantos temporais, Dilma voltou a distribuir sorrisos e fazer gracejos. No lançamento da plataforma digital "Dialoga Brasil" chegou a ganhar muitos aplausos e chuva de pétalas de rosas. É claro que a plateia era constituída por petistas dos movimentos estudantis, sociais e LGBT.

É essa Dilma sorridente e bem disposta que o governo quer exibir com mais frequência. A Presidenta deve começar um roteiro de viagens ao Nordeste, reduto eleitoral do PT. Dará mais entrevistas a jornais de grande circulação nacional, bem como a rádios e emissoras de TV. Ela também voltará a acompanhar obras e programas de seu governo. Esforçam-se para construir uma agenda positiva para um governo que se aproxima perigosamente de obter índices negativos de apoio. Atualmente, as últimas pesquisas mostram o apoio de, aproximadamente, 7% da população. Número equivalente ao percentual de pessoas dispostas a continuar apoiando o PT.

Seus almoços semanais agora com um diferencial: só pague o quanto quiser
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Foi dada a largada para a corrida das pesquisas eleitorais. Quais as limitações dessas pesquisas?

Imagine a seguinte situação: durante um evento familiar, um pesquisador deseja medir o quanto você gosta de cada um dos membros de sua família que estão presentes. Ou seja: qual é a força dos seus laços afetivos com cada familiar que participa da festa?

O que fazer? Como extrair um dado quantitativo confiável de algo que é essencialmente subjetivo? Tradicionalmente, a pesquisa utiliza o recurso mais evidente: perguntar ao indivíduo e interpretar suas declarações. Criaram fórmulas e métodos para diminuir o grau de subjetividade. Mas, nenhum deles elimina a subjetividade. Diminui, mas não acaba. Se há problemas, sérios, para obtermos dados confiáveis nas pesquisas quantitativas (aquelas que aparecem na imprensa dizendo que o candidato X tem 40% dos votos e o Y tem 30%), nas pesquisas qualitativas são usadas entrevistas em grupos de eleitores utilizando escalas formuladas pela psicologia e estatística, ocasionando tantos outros problemas de entendimento (as qualitativas são pesquisas que nunca vem a público).

Voltando ao exemplo da festa em família...O pesquisador pode estruturar um roteiro de perguntas-chave a respeito de seus familiares, sentar-se com você e entrevistá-lo em profundidade (essa é a pesquisa quantitativa). Ou, talvez, reunir as famílias em uma sala e "moderar" uma conversa em grupo com todos - posteriormente analisando a gravação e interpretando os resultados. Os dois métodos - quantitativo e qualitativo tem limitações. A base dos problemas das pesquisas está no fato de que baseiam-se nas declarações dos eleitores. Muitos dizem não saber dar alguma resposta. Outros apresentam declarações inverídicas. E outro contingente não sabe quem realmente escolher. Retornemos à festa familiar. Há delicadas relações afetivas - inveja, traição e fofocas - que fazem com que os dados declarados não tenham validade. Também, frequentemente, você não saberá dizer realmente se gosta mais de um indivíduo ou de outro. Pai ou mãe? Irmão mais velho ou mais novo? Primo X ou Y? Muito difícil, para muitos - no plano consciente. Muitas vezes o eleitor gosta de muitos candidatos ou de nenhum. E ele está limitado a uma orientação obrigatória dada pelo pesquisador, o entrevistado fica inquirindo o eleitor tentando descobrir se prefere o pai ou a mãe, mas ele não deseja dar uma resposta. O resultado é que as pesquisas dão um norte, servem de subsídio, mas não tem o caráter de determinar alguma coisa em um processo eleitoral, como tantos querem fazer crer.

Seus almoços semanais agora com um diferencial: só pague o quanto quiser
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A riqueza do campo está na tecnologia e não na quantidade de terra.

Cerca de 70% do crescimento da agropecuária é devido à expansão da tecnologia. Antes, todo o crescimento da oferta de alimentos significava mais desmatamento. Antes, os agricultores administravam terra e trabalho. Atualmente, eles incorporaram imenso arsenal tecnológico. Ligaram-se ao mercado internacional. Em pouco diferem com o que há de melhor na tecnologia dos países mais desenvolvidos. A área agricultável só pode ter razoáveis ganhos com o crescimento ainda maior do arsenal tecnológico e com a reconquista das terras empobrecidas. O ponto de excelência só pode ser conquistado pela ciência.

Antes, o trabalho braçal dominava a terra. Hoje, a ciência ocupou o espaço. Quem concentra a renda no campo é a tecnologia. A terra não tem mais esse poder. Medida pelo índice de Gini, a concentração tem o mesmo grau para os estabelecimentos de até 100 hectares como para os que tem mais de 100 hectares. Entre os 500 mil agricultores que estão obtendo os melhores resultados financeiros há uma grande quantidade de pequenas fazendas, com menos de 100 hectares. Já não existe a antiga dualidade de grande proprietário de terras e de pequeno. Agora, a dualidade é o de detentor de tecnologia e o sem instrumental tecnológico. Com a atual conjuntura de preços dos alimentos, a renda torna-se a cada instante mais dependente da tecnologia, de seu monitoramento e da administração do negócio. Como os agricultores não têm poder sobre os preços, só podem ter lucros administrando as tecnologias. Os marcos temporais do agronegócio podem ser resumidos em: até os anos 70 só precisavam administrar a terra, entre os anos 70 a 90 necessitavam de um mix - terra e tecnologia, após os anos 90 apenas tecnologia.

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A pobreza rural ainda fere a democracia.

Muito se fala das enormes riquezas produzidas pelos agricultores brasileiros nos últimos anos, mas há um Brasil que está esmaecido por essa propaganda que não condiz com a verdadeira face do campo brasileiro. A pesquisa do IBGE alcançou 4,4 milhões de fazendas que declararam o valor de sua produção. Nela, pode ser verificado que tão somente 500 mil fazendas se responsabilizam por 87% do valor da produção do campo nacional. Isso mostra que alardeada pujança e riqueza rural está sendo comandada por 11% dos agricultores.

Em contrapartida, os demais 3,9 milhões de fazendas produzem uma pequena fatia de apenas 13% da produção agropecuária, indicando dificuldades na geração de renda. Muito mais grave, porém, é descobrir que, destes, um enorme contingente de 2,9 milhões de estabelecimentos rurais responde por apenas 4% da produção rural. Esse pífio desempenho produtivo indica haver pobreza nessa enorme faixa de pequenos agricultores.

E tem mais. Dos 29,8 milhões de brasileiros que residem no campo, 25% se encontram em extrema pobreza. São 7,5 milhões de pessoas vivendo de vento. Do total de residentes no campo, 39% não sabem ler nem escrever, enquanto outros 42% tem o nível de educação fundamental incompleto. É terrível o quadro da baixa escolaridade no campo.

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