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Em Pauta

Superação é o nome de todas as mulheres

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/03/2016 07:42
Superação é o nome de todas as mulheres

Há uma dimensão épica da luta das mulheres. Até um século atrás, metade da humanidade vivia submetida à escravidão, total e aberrante. As mulheres careciam por completo de direitos, não eram proprietárias de si mesmas, de seus corpos, de suas posses, de seus votos, de seus destinos. Sobre a imensa escravidão feminina pouco se escreveu, muito se escondeu.

Quem conhece a história das Pankhurst, as primeiras sufragistas, aquelas que deram suas vidas para que as mulheres tivessem o direito ao voto? Das alimentações forçadas com sonda gástrica nas mulheres presas que estavam em greve de fome? Quem sabe o papel fundamental de Emily Davison, que foi imolada?

Em apenas 100 anos, cinco ou seis gerações de mulheres e poucos homens mudaram o mundo. Houve uma colossal superação. O heroísmo calado de tantas e tantas mulheres que deram tudo, inclusive a vida, pela liberdade, muito antes de ser pensada a igualdade. Também em certa medida pela liberdade dos homens, porque os verdugos também estão condenados a um destino miserável. Andreia Superação. Bianca Superação. Aysha Superação. Maria Superação. Até a Amélia tem seu espírito de superação. Superação é o nome de todas as mulheres.

Superação é o nome de todas as mulheres

Sou forte, supero, sou Andreia.

Nasci cega. Só descobri mesmo o que isso significava por volta dos três anos de vida, mais ou menos na época em que conheci minha família, na Casa da Vovó Túlia. Meu pai conta que, mal ele chegou, eu abri os braços e fui em direção a ele. E completa, bem-humorado, que foi amor à primeira vista. Mais uma vez recomeçava, mais uma vez me reconstruía. E tem sido assim sempre. Reconstruo-me a cada superação e transformo cada uma delas numa conquista.

Foi assim nos estudos até chegar ao vestibular, foi assim no trabalho, por 10 anos no meu primeiro emprego e hoje em busca de novas oportunidades. Se me abalei mais de uma vez, encontrei sempre forças e apoio para retomar. E segui em frente, colecionando conquistas das quais me orgulho muito e que comemoro com a mesma alegria de cada vitória ou título do Timão.

O amor, o casamento e a maternidade estão entre as maiores, pois me fazem sentir mulher forte e vencedora, disposta a novos desafios e pronta para seguir sempre em frente. E mais determinada que nunca, pois tenho agora alguém para tomar pela mão e levar comigo na direção do futuro: a minha filha Paloma.

Andreia Zurutuza da Silva, mulher, mãe e corintiana.

Superação é o nome de todas as mulheres

Sou corajosa, estou superando, sou Bianca.

Em 2010 conheci a felicidade, o amor mais puro e verdadeiro. Luca, o meu filho, nasceu. Foram dois anos de aprendizado, insegurança, sonhos, projetos e muito, muito amor. Mas quando em maio de 2012 sofremos um acidente de carro, os sonhos chegaram ao fim. Meu filho faleceu e eu fiquei tetraplégica, o mundo acabou em um minuto.

Em seguida, veio a separação de meu marido. Nesse momento percebi que eu precisava reconstruir minha vida e cuidar de mim. Foi uma tarefa árdua inicialmente, mas não foi solitária. Tive e tenho o apoio da minha família e de amigos. Hoje trabalho e dirijo minha pequena empresa. Acordo todos os dias com o sorriso no rosto e, se necessário, mato um leão por hora. Se eu superei? Não sei, mas busco incessantemente ser uma pessoa melhor.
A saudade do meu pequeno ainda dói como uma facada no peito.

Bianca Ravagnani, mulher e empresária.

Superação é o nome de todas as mulheres

Sou sobrevivente, superarei, sou Aysha.

Atravessei o mundo. Saí da Síria para o Brasil. A guerra levou meus pais, meu marido e irmãos. Meu filho sobreviveu e, hoje, está comigo. Estou aprendendo a viver no Brasil. Era professora de jovens, agora arrumo camas. Chorei todos os dias, mas bastava olhar para meu filho para recuperar as forças. Saio do trabalho e só quero brincar com ele e ensinar a língua de vocês. É difícil, mas estamos conseguindo. Presenciei todas as dores do mundo, minha casa e todas as do meu quarteirão foram bombardeadas. Não entendo como puderam matar tantos inocentes. Tenho esperanças. Superarei as dificuldades.

Aysha Fadheela, mulher, mãe e arrumadeira em um hotel.

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