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Em Pauta

SUS 25 anos – ser universal, integral e igual (utopia?)

Mário Sérgio Lorenzetto | 07/10/2013 07:11
SUS 25 anos – ser universal, integral e igual (utopia?)

Plano limitado...

O SUS (Sistema Único de Saúde) está fazendo 25 anos neste outubro. Está muito distante de observar os princípios que orientaram sua criação e funcionamento, conforme estabelecido na Constituição de 1988: ser universal, integral e igual. Especialistas em saúde pública reconhecem limitações nas áreas de atendimento, mas entendem que o modelo é o melhor para o país. Para que um SUS melhor se torne realidade, indicam o aumento das receitas federais e melhoria na gestão.

Um dos grandes problemas, o subfinanciamento crônico, com desvio de recursos para o pagamento dos juros da dívida, indica que o SUS sempre foi pilhado, desde o nascedouro. Países com sistemas universais, nos quais o SUS se inspirou, reservam, em média, 7% do PIB para a saúde. No Brasil, são 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto). O SUS faz milagre com o pouco que tem.

SUS 25 anos – ser universal, integral e igual (utopia?)

Gratuidade total é inviável...

O especialista em economia da saúde Bernard Couttolenc, diretor-presidente do Instituto Performa afirma que a oferta de serviços a 100% dos brasileiros é inviável. Uma saída para o SUS, diz ele, seria aprimorar a integração com a iniciativa privada, que investe mais em saúde que o setor público. A promessa do SUS me parece inviável tanto política como economicamente, diz Couttolenc. Ele continua afirmando que ninguém conseguiu fazer isso. Nem Inglaterra, nem Canadá, ninguém promete tudo de graça para todos. Não há recursos suficientes para dar conta de 200 milhões de pessoas, finaliza o economista .

O SUS foi desacreditado desde o início. Por exemplo, muitos setores do operariado apoiavam retoricamente o SUS, mas corriam em direção aos planos de saúde privados, enfraquecendo as possibilidades reivindicatórias para a melhoria do sistema público.

A sociedade brasileira nunca se importou com eficiência – era o que parecia. Com as manifestações de junho, ficou claro que ou o SUS melhoria a gestão e consequentemente a eficiência ou teremos uma crise maior que a de junho.

Os planos de saúde estão virando um pequeno SUS...

Quem se dispõe em consultar os principais hospitais privados brasileiros sobre os planos de investimento nota uma efervescência de projetos de ampliação e modernização tecnológica. O movimento é uma reação à expressiva ampliação do mercado brasileiro de planos e seguros de saúde, que respondem por 70% do faturamento dos hospitais.

O mercado de planos e seguros de saúde cresceu 50% entre 2012 e 2013, saltando de 32 milhões de clientes para 47,9 milhões. Apenas entre 2007 e 2012, o número de diárias de internações dos usuários desses planos saltou de 5,2 milhões para 6,3 milhões por ano, levando a uma situação crítica em algumas instalações hospitalares, que passaram a trabalhar com lotação máxima e a apresentar filas de espera par o atendimento com alguma semelhança do SUS.

A Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados) calcula que se os consumidores de planos de saúde aumentarem em 2,1% ao ano (taxa verificada em 2012) será preciso criar 13,7 mil novos leitos até 2016.

A busca é por mais leitos para os planos de saúde e não para o SUS. O presidente da Anahp diz que os hospitais de pequeno porte com menos de cem leitos e que atendiam pelo SUS fecharam as portas em grande quantidade. Foram 280 hospitais que correspondiam a 18.322 leitos.

O drama está na remuneração...

Em 2012, uma internação pelo SUS era remunerada em R$ 1.050, enquanto o plano de saúde pagava R$ 5.070 pelo mesmo procedimento. Só que o SUS promoveu 11,4 milhões de internações no ano passado, enquanto os planos de saúde internaram 6,3 milhões.

Tem plano de saúde investindo muitos milhões de reais na conta do marketing, em time de futebol. O caixa está altíssimo e a fila também cresce proporcionalmente. A diferença entre os planos de saúde e o SUS está diminuindo.

Vamos agora ao pior número que existe na área financeira que envolve a saúde: a despesa total com saúde no Brasil em 2012 foi de R$ 396,7 bilhões. Somando as despesas pagas pela União, pelos Estados e Municípios, chegamos ao valor de R$ 186,5 bilhões. Os recursos privados foram de R$ 210,2 bilhões. Gastamos R$ 23,7 bilhões a mais que todos os governos em nossa saúde. E o ministro Padilha sairá candidato a governador em São Paulo.

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Quais os melhores hospitais da América Latina?

A gestão de qualquer hospital é muito complexa. Há cinco anos, os latino-americanos contavam com poucas ferramentas para avaliar o desempenho de seus hospitais. As indicações para internar em um hospital vinham de familiares ou de amigos.

Surgiu, então, há cinco anos, a primeira edição do Melhores Hospitais da América Latina, que contabiliza a segurança e dignidade do paciente, o capital humano, a capacidade, a gestão de conhecimento, a eficiência e o prestígio.

Algumas centenas de hospitais de toda a América Latina participaram. Os hospitais e clínicas enviaram um elevado volume de dados relevantes por meio de respostas a um questionário.

Albert Einstein lidera mais uma vez!

Entre os 45 melhores hospitais da América Latina o Brasil conseguiu classificar seis. De São Paulo, quatro hospitais entraram na lista. Um do Rio de Janeiro e outro gaúcho.

O brasileiro Hospital Israelita Albert Einstein liderou, assim como o fez nas outras quatro edições do concurso. Ele é, sem dúvida alguma não só o melhor hospital brasileiro, mas também é o mais completo e de melhor qualidade da América Latina.

O Hospital Samaritano de São Paulo conseguiu o 50º lugar pela segunda vez consecutiva. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz ficou em 70º lugar, subindo três casas em relação ao ano anterior. Os gaúchos ficaram com 110º lugar com o Hospital Moinhos de Vento, também saltando três posições em relação a 2012. Os cariocas ficaram com o 170º lugar, caindo duas posições com o Hospital São Vicente de Paula. Outro paulista levou o 310º lugar com os trabalhos desempenhados pelo Hospital Edmundo Vasconcelos. Agora você sabe para onde ir se necessitar de um hospital de ponta.

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Audácia brasileira...

Fomos conhecer Petra e Jerash na Jordânia. Na viagem, em um restaurante de beira de estrada em um deserto (só existem dois interesses econômicos nesse lugar – minas de potássio e um imenso aqueduto, uma vez que na Jordânia não existe água) encontramos com um brasileiro, Mauricio Junot, que estava indo para Amã, capital da Jordânia, esperar a chegada de 100 brasileiros que passariam a trabalhar em sua empresa. Junot me disse que tinha encontrado um filão de ouro, blindagem de carros. Um negócio de pequena importância no Brasil. Na Jordânia de imensa importância. A lei brasileira só permite nível três de blindagem em um carro – contra ataques com armas de mão – calibres 38, 45, por exemplo. Nos países árabes é permitida blindagem de nível seis, contra ataque de fuzis. A diferença de preço é imensa, como a quantidade de veículos blindados. Ele estava se preparando para competir contra empresas norte-americanas por um grande contrato no Iraque. Que brasileiro audacioso! Mais algumas centenas como esse e teríamos outro Brasil.

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No topo não!

Estudo recente realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em conjunto com a USP (Universidade de São Paulo) mostra que a presença feminina em altos cargos, nos últimos 15 anos, ficou com o mesmo 8% de sempre. Uma merreca.

Como nos últimos anos as mulheres fizeram avanços significativos no ingresso às universidades e ao mercado de trabalho, criou-se a falsa impressão de existiriam muitas mulheres nas diretorias, presidência e conselho das 837 companhias analisadas. De fato, as poucas empresas que oferecem essa oportunidade não se arrependem, pelo contrário a taxa de sucesso das mulheres é elevada. Mas chegar ao topo, ainda não.

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Elizabeth Farina – Presidente da Unica – manda ver!

A Unica (União das Indústrias de Cana-de-açucar) tem à frente uma mulher, simpática e determinada, Elizabeth Farina. Ela afirma que conseguiu retornar a ter diálogo com o governo Federal e que o maior problema do setor é o endividamento. Hoje, 30% das usinas estão endividadas, diz a presidenta e com isso não conseguem acessar os recursos colocados à disposição pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Farina informa que 40 usinas com capacidade de moagem de 46 milhões de toneladas de cana-de-açpucar foram fechadas. Em contrapartida, as novas usinas adicionaram 120 milhões de toneladas. Também entende que, dificilmente ocorrerá um novo crescimento no número de usinas, porque o setor ainda ter de explorar até o limite as capacidades já instaladas. O outro fator que influencia a abertura de novas usinas é a falta de uma política de preços definida.

Por último, ela acredita que não ocorrerá exportação de etanol tão cedo, apesar das portas dos EUA estarem abertas. Se ocorresse exportação, o país necessitaria adquirir mais gasolina.

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E pra não dizerem que não falei de flores!

Flor virou sinônimo de Sebrae nos últimos anos. Está com projetos em dez Estados brasileiros. Assistência técnica, cursos de empreendedorismo, cooperativismo e gestão da propriedade rural são algumas ações que o Sebrae realiza com as agricultoras. Perceberam “agricultoras” e não “agricultores”?

Pois é, as mulheres saíram do anonimato e do papel de coadjuvantes, ficando com o serviço doméstico para os holofotes do estrelato e aumento da renda familiar, com a floricultura. Os papéis sofreram uma inversão os homens cuidando do transporte das flores e as mulheres plantando e colhendo.

E em Holambra (SP), cidade conhecida como capital das flores e local de produtores muito tecnificados, o Sebrae apóia um projeto diferenciado – a fertirrigaçao. Uso de um aparelho que mede a condutividade elétrica da água. Com isso fica controlada a quantidade de adubo que a planta consome, evitando desperdícios.

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4,5 milhões de torcedores!

A FIFA anunciou que recebeu mais de 4,5 milhões de pedidos de ingressos para os 64 jogos da Copa do Mundo de 2014, um total que o principal órgão do futebol denominou de “impressionante”. A grande maioria dos pedidos, 3,4 milhões, foi do Brasil, seguido pela Argentina com 223.686 e pelo EUA com 175.122. Tem muitos cambistas?

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