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Em Pauta

Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes

Mário Sérgio Lorenzetto | 11/10/2015 08:50
Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes

Rudolph Giuliani, ex-prefeito de N.York, famoso pelo "Tolerância Zero" no combate à criminalidade, diz que essa política não existe.

Quem não ouviu um político brasileiro apresentar como trabalho uma política de "Tolerância Zero"? O modelo adotado em N.York que retirou das ruas (pelo menos do centro da cidade) a marginalidade foi tomado como exemplo pelo Brasil afora. Uma cópia mal feita?

Rudolph Giuliani deixou o cargo há mais de uma década, mas não passa um dia sequer sem falar de sua experiência à frente da metrópole. Durante seus dois mandatos, de 1994 a 2001, criou uma série de medidas duras para o combate ao crime, apelidadas de políticas de tolerância zero. Com a queda da criminalidade que se seguiu e uma política de isenções fiscais, N.York tornou-se um polo de atração de novas empresas, sobretudo de tecnologia.

Ele diz que as taxas de criminalidade afugentam investimentos. Mas, também afirma: "É preciso deixar claro que não existe uma política de tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes. O que existe é a teoria das janelas quebradas, criada por dois professores da Universidade de Harvard, que defende que não se pode ignorar pequenos delitos, como roubos de baixas quantias ou depredações de propriedades. Eles são a porta de entrada para crimes maiores". Giuliani faz uma declaração que deixará políticos e policiais brasileiros truculentos sem discurso, ele afirma, categoricamente, que a polícia não era truculenta em seu mandato. Fica bem claro que a política que ele implementou foi a de prevenir crimes e de aumentar a riqueza da cidade.

Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes
Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes

A Coréia do Norte começa a copiar o desenvolvimento econômico chinês.

Um país famélico e beligerante. Esta é a caricatura criada pela imprensa ocidental do que seria a República Popular Democrática da Coreia, mais conhecida como Coreia do Norte. Se é verdadeira essa faceta dos coreanos do norte, ela começa a ser modificada. Politicamente, o regime comunista (um dos últimos no mundo) reafirma suas convicções, não importa quão alucinada sejam. O povo parece guiado por semideuses, objetos de veneração ilimitada: Kim-Il-sung, o fundador, que expulsou dessas terras os ocupantes militares japoneses, depois os norte-americanos, até se tornar "presidente para a eternidade". Seu filho Kim-Jong-il, que consolidou o exército e dotou o país de capacidade nuclear. Agora, o mais novo - Kim-Jon-um, de 32 anos, que começou a modernizar o país. Em todos os cantos do país há imensos retratos dos três.

Há poucos anos a capital, Pyongyang, era toda cinzenta, não havia carros trafegando nas ruas. Hoje, a cor está em toda parte. Nas roupas das mulheres e nas torres de edifícios residenciais. Uma floresta de torres de trinta ou quarenta andares, muito semelhante às encontradas nas cidades chinesas. A característica maior é a iluminação; parece disputarem um campeonato de luzinhas piscando incessantemente. Abundam canteiros de obras em todos os lugares. Parece o Brasil de dois anos atrás.

O novo rumo econômico, copiado da China, foi definido em maio do ano passado por um comitê do Partido dos Trabalhadores (esse é o nome oficial do partido que governa a Coreia do Norte...coincidência?). Reduzir o controle do estado, dar liberdade às empresas semioficiais e construir as zonas econômicas especiais (ZEE) abertas ao mercado e às empresas estrangeiras. Explicitamente - querem criar um ambiente favorável para que os investidores tenham condições melhores, podendo trabalhar sem obstáculos e lucrar.

Eles constroem algumas comparações com os chineses. Dizem que os trabalhadores são disciplinados e permanecem em seus postos - não são como os chineses, que mudam de fábrica todos os dias. Eles recebem o equivalente a 30 euros por mês, mais 7 euros de seguros, para oito horas de jornada, seis dias por semana - quase dez vezes menos que um trabalhador chinês. É preciso somar ao salário a distribuição obrigatória de alimentos - arroz, óleo de cozinha, frango...

Em plena mutação econômica, sob o pesado ambiente político, a Coreia do Norte não corresponde à caricatura frequentemente veiculada no Ocidente. Muito menos à visão de uma sociedade sem classes que tentam transmitir os seus governantes. O dinheiro e o lucro ainda são temas tabus, mas tal como na China, onde a corrupção é um esporte nacional, os norte coreanos começam a realizar seus treinamentos de propinas.

Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes
Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes

Sem maquiagem: as revendedoras de cosméticos.

Há mais de um milhão de mulheres que vendem cosméticos de porta em porta no Brasil. Uma prática originária nos Estados Unidos que recebeu o nome de Sistema de Vendas Direta (SVD). Na relação entre as indústrias e as mulheres vendedoras há uma imensa informalidade, elas não têm direito algum. Pior, esse sistema de exploração não só admite como enaltece a informalidade das relações trabalhistas. E como se trata de mulheres, essa relação não é denunciada, transformando-se em exploração preconceituosa. Elas são chamadas de "consultoras" e parte significativa "agradece" à indústria de cosméticos a possibilidade de um complemento em seus parvos recursos. Mas dentro do arcabouço construído há posições de extrema "inferioridade" subordinativa, são as "revendedoras das revendedoras". É um trabalho sem forma definida e sem direito constituído. E todos aplaudem alegremente. Que tal passarmos a ter "colaboradores" na construção civil? Ou nos frigoríficos? Ou nas fazendas?

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Tolerância zero. É impossível ter uma ação preventiva em 100% dos crimes

"Tokens" estão desaparecendo.

Os "tokens" começaram a ser usados pelos bancos como um reforço de segurança. Eles estão desaparecendo tragados pela internet. Uma típica migração de peças físicas para o mundo virtual. O Banco Itaú informou a seus clientes a desativação dos "chaveirinhos" (formato do token). O Bradesco está caminhando na mesma direção, 3 milhões de seus clientes só usam senhas. Apenas mais um sinal da progressiva mudança do século XXI favorecendo somente informações digitais.

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