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Finanças & Investimentos

Educação em foco IX - Os gastos na criação de um filho

Por Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 27/01/2017 08:30

O custo total de criar um filho até que ele se torne um jovem adulto pode bater cifras estratosféricas, dependendo do nível de renda dos pais e de suas prioridades. Um estudo realizado desde 2008 pelo Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (INVENT) – e atualizado pela última vez em novembro do ano passado – calculou que filhos de famílias mais abastadas podem custar aos pais entre um milhão e dois milhões de reais do nascimento aos 23 anos, números trazidos a valor presente.

Mas, calma. Isso não quer dizer que você precisa alcançar o primeiro milhão antes de pensar em ter seu primeiro filho. Nem que deva se desesperar se já estiver preocupado com o futuro dos seus. Trata-se de aprender, como se diz no jargão popular, a trocar a roda do carro em movimento, e ter uma reserva financeira para os gastos mais pesados à medida em que eles aparecem, bem como um plano B para infortúnios.

Esses gastos são feitos aos poucos, mas é bem verdade que podem pegar pais e mães desprevenidos. Segundo Adriano Amui, presidente da INVENT e responsável pela pesquisa, o gasto mais pesado no orçamento das famílias das faixas de renda mais altas – de 6 mil reais mensais para cima – é com educação. E isso inclui não só a escola e uma universidade particular, mas também cursos extracurriculares e cursos no exterior, por exemplo. “Além do gasto com ensino superior, o jovem descobre que precisa se atualizar. Então há um consumo violento de seminários, palestras, workshop e cursos fora”, diz Amui.

Ele lembra ainda que as famílias de renda mais alta gostam de priorizar escolas bilíngues, que são mais caras, e matricular os filhos em atividades extracurriculares ainda na primeira infância. Além disso, o tempo mais longo de estudo faz com que esses filhos entrem mais tarde no mercado de trabalho e que, mesmo quando estagiam, apenas coparticipem no pagamento de seus gastos.

Os valores podem parecer altos, mas foram consultados junto a famílias de diferentes capitais, uma vez que a intenção era compilar os gastos reais com cada um desses itens. Mas como as famílias se concentravam em Rio, São Paulo e Brasília, os valores foram puxados para cima, uma vez que a educação particular, por exemplo, é bem cara nessas cidades. Ou seja, levar em conta essas quantias ao planejar um filho é uma forma bastante conservadora de fazer seu planejamento financeiro, minimizando os riscos.

Além disso, muitos dos gastos das famílias mais abastadas poderiam tranquilamente ser cortados ou minimizados, sem prejuízo ao desenvolvimento da criança. Adriano Amui inclusive critica o excesso de atividades extracurriculares e de carga horária escolar, o que sobrecarrega os jovens e lhes deixa pouco tempo de convivência familiar, estudo e lazer. “Aos cinco anos, algumas crianças já têm agenda de gente grande”, compara, questionando se é realmente saudável uma criança ou adolescente ficar com tão pouco tempo livre.

A maior lição de um estudo como esse, dizem especialistas em finanças, é a importância da reserva financeira, que já aparece como um item relevante no planejamento das famílias. Essa reserva deve incluir tanto um abrigo para os dias de chuva – como a perda de um emprego ou uma doença na família – quanto um patrimônio caso um dos pais venha a falecer. A ideia é garantir a sobrevivência e a educação dos filhos pelo menos até a formatura na faculdade. A reserva também pode incluir o dinheiro da faculdade ou o capital inicial para o filho se lançar à vida adulta.

Veja o que dizem especialistas sobre como se preparar para criar um filho:

1) Faça um orçamento: Coloque o orçamento em uma planilha, de preferência antes de o filho nascer, e estabeleça limites de gastos para cada item. A renda continuará a mesma, mas os gastos para dois agora vão se transformar em gastos para três.

2) Tenha um plano de saúde: Os gastos com saúde vêm pesando cada vez mais no orçamento das famílias, diz Adriano Amui. Ele conta que mesmo pais que têm plano de saúde pela empresa onde trabalham optam por contratar planos de saúde por conta própria, para não ficarem desprotegidos no caso da perda de um emprego, por exemplo.

Para a educadora financeira Cássia D’Aquino, esse é a principal despesa com que os futuros papais e mamães devem se preocupar, ainda antes de ter o bebê. “Tenha um excelente plano de saúde, que inclua cirurgias e bons hospitais de livre escolha. Menos enxoval em Miami e mais atenção a essas coisas”, diz Cássia, que lembra que as despesas com saúde no primeiro ano de vida são grandes, e que o bebê pode nascer prematuro ou com problemas de saúde. “Com o hospital não dá para negociar”, diz.

3) Poupe para a chegada do bebê: Se você pensa em ter um filho em cinco anos ou menos, comece a poupar em uma aplicação financeira conservadora e com liquidez razoável, como os títulos do Tesouro Direto ou os CDBs de bancos médios, que costumam pagar rendimentos maiores que os CDBs de grandes bancos. Lembrando que, neste último caso, o ideal é não investir mais que 70 mil reais por CPF por instituição financeira, para estar protegido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de quebra do banco.

4) Forme uma reserva financeira que garanta a sobrevivência e a educação dos seus filhos em caso de eventualidades: Para Cássia D’Aquino, é fundamental ter uma reserva em um produto financeiro de fácil acesso caso um dos pais ou ambos venham a faltar. A primeira coisa a se fazer, na opinião dela, é designar legalmente um tutor para ficar com as crianças no caso da morte de ambos os pais. “É preciso saber se é de interesse – e da possibilidade – dessa pessoa”, diz Cássia.

Em segundo lugar, fazer um seguro de vida cubra ao menos as despesas iniciais dos filhos após a morte de um ou dos dois provedores. O ideal seria cobrir até o fim da faculdade, para não onerar tanto o tutor ou o pai sobrevivente. Uma alternativa para proteger a prole é investir em um plano de previdência da modalidade VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) em benefício dos filhos, que pague uma renda mensal e não possa ser resgatado de uma só vez. Isso reduz as chances de adultos mal intencionados usarem o dinheiro para outros fins.

As vantagens dos seguros e do VGBL – que também é um produto securitário – é o fato de esses produtos não irem para inventário, mas diretamente para os beneficiários. Cássia julga o seguro de vida fundamental, e o VGBL conta com a vantagem adicional de poder ser resgatado quando o filho chegar à vida adulta, caso nada tenha ocorrido aos pais.

É importante ainda ter um abrigo para os dias de chuva. Um dos pais pode perder o emprego ou alguém na família pode ter uma doença, reduzindo a capacidade de pagamento das despesas essenciais. Especialistas recomendam que a reserva de emergência acumulada varie entre seis meses e dois anos da necessidade de gastos de uma família, dependendo da estabilidade da sua renda. O ideal é priorizar os investimentos mais conservadores e de alta liquidez, sempre com atenção às taxas.

5) Forme uma reserva para a vida adulta do seu filho apenas se você puder dar conta da própria aposentadoria: “Se você já tem a sua própria reserva, consegue poupar para a sua aposentadoria e para os seus objetivos e ainda consegue poupar para o seu filho, acho muito válido”, diz Letícia Camargo, planejadora financeira certificada pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).

Os pais podem optar por fazer uma reserva para a faculdade, para o filho abrir um negócio ou mesmo comprar um carro, caso o objetivo seja estudar em uma universidade pública. Pela característica de longo prazo, Letícia acha possível, nesse caso, investir em ações ou em um fundo de previdência do tipo ciclo de vida, em que o percentual de ações diminui à medida que a idade de usar o dinheiro se aproxima.

Fonte: Julia Wiltgen /Exame.com
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(*) Emanuel Gutierrez Steffen é criador do portal www.mayel.com.br

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