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Finanças & Investimentos

O mito da economia colaborativa

Por Emanuel Gutierrez Steffen (*) | 20/06/2016 09:27

“Economia colaborativa” e “economia do compartilhamento” são hoje expressões-curinga, aquelas que se pode usar a qualquer momento para causar uma boa impressão no Facebook. Mas o que realmente significam essas expressões e qual é a diferença entre elas e a economia “não compartilhada” ou “não colaborativa”?

Sarah O’Connor, colunista do Financial Times, acha que é tudo a mesma coisa. “O que exatamente está sendo compartilhado? Quem colabora com quem? Os anfitriões do Airbnb não colaboram com seus hóspedes mais do que a rede de hotéis Marriot colabora com seus clientes”, escreveu ela esta semana.

Na casinha alugada pelo Airbnb ou no hotelzão da Marriot, o negócio é o mesmo. Eu te ofereço minha propriedade com lençóis limpos, você me paga por isso, negócio fechado. Se você não gostar da minha propriedade ou do meu serviço, me castigará em sua avaliação – tanto no Airbnb quanto no Booking, o principal site de reservas de hotéis.

Seria o Uber parte da economia do compartilhamento? Bem, então teríamos que considerar taxistas na mesma categoria, pois o negócio é o mesmo. E também os donos de vans escolares, ônibus fretados, carregadores de liteiras do século 19, proprietários de carroças da Idade Média, navegadores fenícios e muitos outros integrantes da economia tradicional. O business de todos eles consiste em ganhar um trocado compartilhando um espaço dentro de um meio de transporte por algum tempo.

Um exemplo sempre citado de economia de compartilhamento é alugar o próprio carro quando você não precisar dele. Mas se essa atividade der lucro e você decidir comprar mais carros só para alugá-los, daí a turma deixa de considerar compartilhamento, ainda que exista pouquíssima diferença entre as duas atividades.

Também é assim com “economia colaborativa”. Difícil imaginar uma economia “não colaborativa”. O pote de Nescau sobre o qual meu filho avança todas as manhãs não seria possível sem colaboração de milhares de pessoas de diversos países. Produtores de cacau da África e de açúcar do Brasil, fabricantes de fertilizantes, de máquinas de embalagens e de automação industrial, empresas de transporte marítimo, caminhoneiros, publicitários, nutricionistas, fornecedores de matérias-primas para máquinas, navios e caminhões – todos eles trabalham juntos. Ninguém consegue produzir sozinho um pote de Nescau; só a colaboração torna possível esse típico produto da economia tradicional.

Não é, então, que “economia colaborativa” e “economia do compartilhamento” não existam. Pelo contrário. São expressões tão redundantes quanto “luta violenta” ou “gastronomia de alimentos”. Pois toda relação econômica se fundamenta em colaboração e compartilhamento.

Fonte: Leandro Narloch /colunista veja.com.br
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(*) Emanuel Gutierrez Steffen é criador do portal www.mayel.com.br

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