ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  23    CAMPO GRANDE 22º

Economia

Com a carne bovina cara, frango vira "queridinho" das donas de casa

Luciana Brazil e Viviane Oliveira | 27/05/2014 10:45
Delzira lembra que o frango, além de mais barato, dura mais em casa. (Fotos: Marcelo Victor)
Delzira lembra que o frango, além de mais barato, dura mais em casa. (Fotos: Marcelo Victor)

Poucas vezes o consumidor viu a carne bovina tão cara. O reflexo direto é que o frango surge como o “queridinho” na hora das compras e das refeições. Os números dão razão a quem adotou essa opção para gastar menos. Enquanto a carne vermelha acumula alta de 9,3%, em geral, de janeiro a maio, para o frango esse índice é de apenas 0,13% segundo dados do IPC (Índice de Preços ao Consumidor).

A opção mais barata muda a rotina das donas de casas e até de quem trabalha com produção de alimentos. Os salgados, antes feitos com carne, agora recebem a ave como recheio, afirma a salgadeira Ilda Larucci, 39 anos. Acostumada a fazer 50 unidades por dia, Ilda precisou usar o frango para driblar a alta no preço da carne bovina.

“Diminui o número de salgados de carne e passei a rechear com frango”, explica. Em casa, para o almoço o cardápio também mudou. “Ontem, eu fiz pucheiro com legumes e hoje, será linguiça de porco”.

Mesmo com o aumento no preço da carne de boi, o consumidor continua comprando, e a demanda do frango segue sem alterações significativas, como afirmou o coordenador do Nepes (Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais) da Anhanguera Uniderp, o professor Celso Corrêa. Em matéria publicada recentemente pelo Campo Grande News pequenos empresários confirmaram que, apesar do preço salgado, os carnívoros não reduziram as compras.

Porém, o professor alerta que se as pessoas deixarem de compra carner e migrarem para o frango, o preço também vai subir.  Com isso, ele explica que a exportação poderá se afetada, já que o empresário prefere manter as vendas no país. "Ele vai manter a demanda interna porque é mais fácil, não tem tantas exigências".

Ele aponta que as classes E,D e parte da C tendem a migrar para opções mais baratas. "Acredito que apenas 20% dos consumidores de carne passem a consumir mais frango se a alta da carne persistir".

A salgadeira teve que trocar a carne pelo frango na hora de cozinhar.
A salgadeira teve que trocar a carne pelo frango na hora de cozinhar.

Conforme o IPC, entre os cortes de frango, apenas o quilo da coxa e sobrecoxa – vendidas juntas - tiveram alta significativa, 10,97%. O preço do quilo do peito com pele, da asa e da coxa tiveram queda inflacionária. O peito foi o corte de frango que mais sofreu redução no preço, queda de 4,67%. Em janeiro, o corte apresentava alta de 10,3%. Neste mês, a alta foi de 9,56%.

Enquanto prepara o almoço, a aposentada Delzira Rodrigues, 81 anos, frisa que, além do preço da carne, o da batata e do tomate também estão pesando orçamento. “Aqui em casa, como só mora eu e meu filho, um frango dá para três dias. E por ser mais barato, compensa”, conta.

Para encontrar o preço mais barato, a salgadeira Ilda percorrer vários lugares antes de comprar. Além da pesquisa, ela opta por cortes mais acessíveis economicamente, como o músculo. “Há quatro meses percebi que a carne está mais cara. Eu compro músculo hoje por R$ 9,99, mas em promoção consigo achar por R$ 7,99”.

Carne- Poucas vezes a carne esteve tão cara. O preço dos cortes mais nobres, como picanha, variam muito de um estabelecimento para outro e podem ser encontrados a valores próximos de R$ 55 o quilo do produto. Apesar do preço salgado, o consumidor carnívoro não reduziu as compras.

O preço da carne, que sempre sobe em dezembro, consequência da grande demanda, costuma recuar logo nos primeiros meses do ano. Porém, isso não aconteceu e o valor se estabilizou em alta.

Nos siga no Google Notícias