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Economia

Condomínio tem atraso nas obras, falha em estrutura e vazamento de gás

Renata Volpe Haddad | 22/07/2016 14:11
Condomínio Vitalitá, da Brookfield tem oito torres. (Foto: Alcides Neto)
Condomínio Vitalitá, da Brookfield tem oito torres. (Foto: Alcides Neto)

Atraso de três anos na entrega e problemas como o vazamento de gás, donos de apartamentos da Brookfield, condomínio Vitalitá, localizado próximo ao Parque Sóter, na vila Margarida, em Campo Grande, reclamam que mesmo com as chaves em mãos, não são autorizados a mudar por questões de segurança.

Quem quiser arriscar, precisa assinar termo de ciência de que não há fornecimento de gás e o de água pode ser suspenso a qualquer hora, devido a problemas estruturais. O documento foi elaborado pelo síndico e advogado do condomínio, para garantir a segurança dos moradores.

Proprietário de um apartamento, o engenheiro de computação, Kleber Padovani de Souza, 32, contou à reportagem do Campo Grande News que comprou a unidade na planta em 2010 e o prazo para entrega era 2013.

Três anos depois de espera, em julho de 2016, quando conseguiu pegar as chaves, não foi autorizado a mudar, porque o síndico afirmava ter um vazamento de gás no apartamento. "Não temos informação clara, ninguém nos esclarece o que está acontecendo. Só sei que comprei um imóvel há seis anos e não posso mudar", afirma.

A torre de seu apartamento é a H que foi liberada recentemente, porém, ele precisou assinar um termo de ciência que informa que o fornecimento de gás nas torres E e H está suspenso. "Assinei porque preciso mudar, mas o termo não dá informações claras dos motivos da suspensão do fornecimento", relata.

Morador e integrante do administrativo do condomínio, Luiz Fernando Villar, relata que há problemas na rede elétrica, piscina, canos de água e gás. (Foto: Alcides Neto)
Morador e integrante do administrativo do condomínio, Luiz Fernando Villar, relata que há problemas na rede elétrica, piscina, canos de água e gás. (Foto: Alcides Neto)

Outro caso é de uma funcionária pública, que preferiu não ser identificada, que comprou o imóvel há quatro anos, mas ainda não pegou as chaves por causa de problemas no apartamento. "Já fiz cinco vistorias e sempre acabo encontrando um problema no apartamento. O que vem acontecendo agora e que todo mundo relata, inclusive quem mora lá, é que há vazamento de gás, defeito na piscina e problema no fornecimento de água", conta.

A torre H onde a mulher comprou o imóvel era para ter sido entregue em junho de 2012. "Paguei à vista, comprei para o meu filho que mora de aluguel e até hoje não estou com as chaves. Entrei na justiça contra a construtora, mas sei que a justiça é lenta. O medo maior é não resolverem o problema de gás, pois soube que a empresa que abastece o condomínio se recusou a fornecer gás porque o vazamento era grande".

São 768 apartamentos, sendo 384 unidades entregues e recentemente, liberadas 180 chaves. Das oito torres, duas ainda não estão prontas para serem ocupadas. O gás natural é utilizado na cozinha, no lugar do GLP. 

Segurança - De acordo com um dos advogados da Gusson e Medeiros Advocacia que atende o condomínio, Wendell Lima Lopes Medeiros, os problemas se arrastam desde quando a primeira torre foi liberada. Ele afirma que a Brookfield foi irresponsável ao entregar as chaves aos moradores, sabendo das adversidades."Foram problemas elétricos, na automação para fornecimento de água e agora o mais grave é o vazamento de gás".

Pintura desgastada da torre H onde ainda não há morador. (Foto: Alcides Neto)
Pintura desgastada da torre H onde ainda não há morador. (Foto: Alcides Neto)

Os moradores das torres E e H que receberam as chaves, enfrentaram problemas para se mudar, pois o condomínio não havia recebido da Brookfield as documentações necessárias que atestam que o apartamento está pronto para morar.

"Não tem como liberar a mudança de um morador se a construtora não repassou ao condomínio a documentação. Agora, há dois dias, a Brookfield mandou 90% da documentação, mas quem quiser mudar, assina um termo de ciência de que não há gás e pode ter o fornecimento de água suspenso".

Problemas - A reportagem do Campo Grande News foi até o local e conversou com dois responsáveis pela administração do condomínio, Luiz Fernando Villar e Márcio Custódio.

Eles informaram que para essas quatro torres que ainda não foram entregues há problemas no encanamento e a construtora está refazendo tudo. "Estão trocando os canos, arrumando as bombas de água que não estavam funcionando", afirma Villar.

Outro problema apontado por eles, é o aquecimento da piscina. "Quando compramos o apartamento, no contrato estava que o aquecimento seria feito por placas solares, mas instalaram gás, isso gera um custo muito grande ao condomínio. Reclamamos, a construtora instalou as placas, mas não nos apresentou a documentação necessária, ou seja, é uma adversidade que ainda não foi resolvida".

Além disso, quando os apartamentos foram vendidos, a propaganda era de que poderiam ser instalados três condicionadores de ar em cada unidade. "Mas durante a construção, a Brookfield mudou as regras e não pode instalar nenhum ar condicionado, a não ser o de janela. Entramos com uma ação para que essa regra mude, alterando a rede bifásica para trifásica, sendo que há estrutura para isso". 

Problemas estruturais em condomínio novo. (Foto: Alcides Neto)
Problemas estruturais em condomínio novo. (Foto: Alcides Neto)

Gás e segurança - No mês passado, os proprietários junto com os advogados recorreram ao Ministério Público Estadual para tentar resolver a questão do fornecimento de gás natural. No documento, eles contam o histórico de problemas dos apartamentos e lembram que o fornecimento de gás nas torres E, F, G e H foi interrompido em 5 de maio pela MSGÁS (Companhia de Gás Natural de MS).

O MPE pediu respostas às empresas e a companhia de gás, que por sua vez explicou que devido a política de segurança, o fornecimento de gás natural só pode ser liberado depois que os problemas de vazamento forem solucionados e a construtora apresente um novo teste de estanqueidade e ART assinada por engenheiro mecânico.

Presidente da MSGÁS, Rudel Espíndola explica que a empresa zela pela segurança de seus clientes, mas é responsável pelas obras apenas da porta para fora. "Em caso de dúvida, a empresa pode nos procurar que nossa equipe esclarece todas as dúvidas da instalação, porém não podemos fornecer gás sem a garantir de que os clientes estarão seguros".

A construtora informou à MSGÁS que contratou uma empresa tercerizada para reparar os danos na rede e o serviço já está sendo feito.

Posicionamento - Brookfield informou através de nota que acabou de obter a renovação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, que atesta a normalidade da rede de gás, uma vez que em Campo Grande a vistoria possui prazo de validade.

Ainda segundo a construtora, mesmo o residencial estando de acordo com todas as normas de segurança, a empresa está finalizando uma nova análise dos pontos de gás de todo o empreendimento com empresa recomendada pelo próprio condomínio.

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