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Economia

Crise passa longe e especializadas em ovos e peixe querem zerar estoque

Movimento é intenso nesta semana em peixarias e lojas de chocolate de Dourados, mas tem consumidor “com pé no freio”

Helio de Freitas, de Dourados | 31/03/2015 07:28
Em uma loja franqueada de chocolates, preços semelhantes aos de 2014 explicam boas vendas (Foto: Eliel Oliveira)
Em uma loja franqueada de chocolates, preços semelhantes aos de 2014 explicam boas vendas (Foto: Eliel Oliveira)

Pelo menos nas lojas especializadas, as vendas de produtos tradicionais na Semana Santa e na Páscoa não foram afetadas pela crise econômica do país. Empresas de Dourados, a 233 km de Campo Grande, consultadas pelo Campo Grande News nesta segunda-feira afirmam que o movimento é intenso, especialmente de hoje em diante, e os estoques devem acabar até o sábado de Aleluia.

É possível perceber que em cada setor há uma peculiaridade para explicar o aquecimento das vendas, mesmo com todo mundo falando em crise e falta de dinheiro.

Nas lojas especializadas que vendem ovos de Páscoa, bombons e outros produtos de chocolate, principalmente aquelas de redes nacionais, a alta do cacau no mercado internacional não foi integralmente repassada aos produtos e como resultado os preços se mantiveram estáveis em comparação a 2014.

Sem sobra de estoque – “O que os próprios clientes falam é que nos mercados os preços estão mais caros que nas lojas especializadas. A minha previsão é mais uma vez acabar com toda a linha de Páscoa até sábado. Não vai sobrar nada. Geralmente as pessoas chegam na segunda-feira atrás de promoção e não encontram mais nada. Neste ano minha expectativa é essa também”, afirmou ao Campo Grande News a comerciante Mara Trew, dona de uma loja franqueada de produtos de chocolate.

Segundo ela, pelo fato de a Páscoa cair neste ano no início do mês, muitos consumidores deixam para comprar em cima da hora. “De sexta para cá aumentou bastante o movimento”.

Entretanto, Mara Trew acredita que a crise deflagrada agora no país vai trazer reflexos para as vendas normais da loja. “A venda normal mês a mês vem diminuindo em relação a 2013. O ano passado não foi bom para ninguém do comércio, porque teve Copa, teve eleição. Vamos começar a sentir daqui para frente, porque as pessoas vão começar a segurar o dinheiro. Na Páscoa as pessoas compram mesmo, mas imagino que iremos sentir esses efeitos ao longo do ano”.

Pesquisa do Procon realizada no dia 25 deste mês comprova que as marcas das lojas especializadas não tiveram aumento. Pelicano, Cacau Show e Chocolates Brasil cacau mantiveram os preços em relação à pesquisa anterior, duas marcas tiveram aumento no preço dos produtos (Garoto 10% e Nestlé, 7,6%) e três marcas estão mais baratas (Lacta -10,0%, Arcor – 3,5% e Ferrero Rocher - 25%).

Peixes – A venda de peixe também está em alta nesta semana em Dourados. Em um hipermercado de uma grande rede nacional não era mais possível encontrar nesta segunda-feira algumas espécies de peixes de água salgada.

Já na peixaria mais tradicional da cidade, o proprietário, Gildo Pimentel, diz que a crise não afeta o movimento e ele tem uma explicação bem plausível para essa situação: “Ao contrário da carne bovina, que subiu muito, o preço do peixe se manteve estável. Hoje, o quilo do peixe, que chegou a ser o dobro da carne de boi, está no mesmo valor. Isso faz com que as pessoas consumam mais peixe, que na minha opinião é muito positivo”.

O comerciante afirma que em seu estabelecimento o campeão de vendas é o filé de tilápia. Relativamente barato (em torno de R$ 22 o quilo), o produto é de fácil manuseio, porque vem limpo e sem espinha. Entretanto, ele disse que se arrependeu de não ter comprado estoque de bacalhau neste ano. “Fiquei com medo do preço [cotado em dólar] e me arrependi. As pessoas mais tradicionais ainda procuram o bacalhau para a Sexta-Feira Santa”.

A pesquisa do Procon, feita em 14 estabelecimentos da cidade, constatou aumento médio de 5% no preço dos peixes.

Pé no freio – Apesar da opinião positiva de alguns comerciantes e embora as vendas se mantenham aquecidas nesta Páscoa, muitos consumidores vão gastar menos neste ano em função da crise.

A servidora pública Vera Lucia é um exemplo de douradenses que estão “com o pé no freio” nesta Páscoa. Ela e o marido vão comprar apenas dois ovos de chocolate – um para a afilhada e um para ser dividido entre os cinco integrantes da família. No ano passado, segundo ela, cada criança ganhou um ovo.

Ela admite que o medo da crise influenciou mais do que os preços dos ovos de chocolate. “No ano passado não havia crise econômica. Cada criança ganhou um ‘Cacau Show’ de 30 reais. O preço não subiu tanto não, mas lá em casa as crianças já são crescidas. Um grande para a família já é o suficiente. A palavra de ordem é ‘pé no freio’. A gente nunca sabe quanto a energia elétrica vai vir, ou se a gasolina vai aumentar ainda mais, sem falar em supermercado, essas coisas”.

Na peixaria mais tradicional da cidade dono se arrepende de não ter feito estoque de bacalhau (Foto Eliel Oliveira)
Na peixaria mais tradicional da cidade dono se arrepende de não ter feito estoque de bacalhau (Foto Eliel Oliveira)
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