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Economia

Entrada de redes nacionais dá chacoalhão no mercado de farmácias

Paula Vitorino | 17/07/2012 16:03

Sindicato dos donos de empresas do setor reclama que concorrência das grandes vai prejudicar as locais

Unidades da Drgoasil já estão prontas para inauguração. (Foto: Minamar Júnior)
Unidades da Drgoasil já estão prontas para inauguração. (Foto: Minamar Júnior)

Atraídas por um mercado consumidor em crescimento, redes nacionais de farmácia estão chegando e cada vez mais investindo em unidades em Campo Grande. Boa para o consumidor, a chegada das grandes redes provoca chiadeira entre os empresários locais e coincide com mudanças na maior rede local do setor.

O Sinprofar (Sindicato dos Proprietários de farmácia) diz que a preocupação é em todo o estado e que alguns estabelecimentos de “filhos da terra”, já estão fechando as portas. Só na Capital, existem cerca de 300 farmácias.

Os comerciantes alegam não ter condições de competir com as grandes marcas e que a concorrência praticada é “predatória”.

“Eles não querem abrir a loja numa região que está começando. Abrem onde já sabem que o mercado está consolidado, até em frente de outras farmácias”, diz o presidente do Sindicato, Roberto Martins Rosa, que é proprietário da segunda maior rede de farmácias do Estado, a Droga Fic, com 10 unidades na Capital.

O mais novo investimento, que já está com as logomarcas espalhadas pela cidade, é a Drogasil. Com 384 farmácias em sete Estados, a rede vai inaugurar de uma só vez cinco lojas em Campo Grande.

A data ainda não foi revelada pela empresa, mas quem passa pelas lojas vê que estão em fase final de acabamento. A fachada está coberta, sob a alegação de que é para evitar que fique suja de poeira.

Uma das unidades fica no cruzamento das ruas Bahia e Amazonas, em frente á franquia de outra marca.

A rede Pague Menos, presente em todos os estados com mais de 500 unidades, vai para o quinto ano no mercado sul-matogrossense e anuncia ampliação dos investimentos. Ainda neste ano, o número de unidades na Capital passa de 6 para 7, com uma loja na avenida Afonso Pena. No Estado, a ampliação é de 9 para 10, com nova unidade em Três Lagoas.

A expectativa ainda é de que outra rede nacional chegue a Capital ainda neste ano, mas a empresa não confirma oficialmente o investimento.

Desigual - O presidente do sindicato diz que a concorrência com as grandes redes acaba sendo desleal porque as marcas compram as mercadorias de outros estados e em grande quantidade, com isso, as farmácias regionais não conseguem competir com os preços.

Para igualar a concorrência, o sindicato defende que as redes nacionais sejam impedidas de importar os medicamentos de outros estados e também comprem os produtos das distribuidoras locais.

“A gente não sabe quais benefícios fiscais eles recebem nos seus estados. Não dá pra competir desse jeito”, frisa.

Perdas-O proprietário de uma farmácia franquiada, José Antônio Molina, afirma que seu faturamento caiu 30% desde a entrada da rede Pague Menos.

O Sindicato ainda alerta que as perdas são para a economia em geral. “Falam que estão gerando emprego e movimentando a economia, mas na verdade estão quebrando o comércio daqui e tirando até nossa mão de obra”, diz.

José ainda alega que os empresários das grandes redes ganham o dinheiro aqui, mas investem e gastam fora, em seus estados de origem.

Os comerciantes ainda reclamam da falta de incentivo e apoio fiscal. “Estão abrindo as portas para o comércio externo, mas esquecendo de nós. Tratando a gente como se fossemos bandidos, sonegadores de imposto”, reclama.

Novo nome- Até a maior rede e tradicional do setor no Estado, a São Bento, lançou uma segunda "marca", a Brasil Popular Saúde.

São quatro lojas na Capital, que, de cara, não apresentam nenhuma ligação com a rede e prometem preços mais baratos, populares. De acordo com a sub-gerente de uma das unidades, Érica Rodrigues, a oferta é direcionada a medicamentos de uso contínuo, os mais consumidos.

Um dos proprietários da São Bento, Luiz Fernando Buanain, diz que a abertura dessas unidades não tem ligação com o aumento das marcas nacionais. “Já fazia parte do nosso cronograma. A rede mais popular é uma tendência de vários setores”, diz.

Apesar do indicativo de prejuízo apontado pelo Sindicato, o empresário garante que a rede avalia diferente. A São Bento prevê, pare este ano, passar de 93 para 100 unidades em todo o Estado.

Buainaim diz que não há motivos para temer a concorrência e garante conseguir oferecer os mesmos preços. “Temos os mesmos produtos, o mesmo preço e a tradição. Estamos encarando com naturalidade a entrada das grandes marcas”, afirma.

Tem mercado - O gerente regional da Pague Menos, Sebastião Tribuzi, garante que a rede não compra medicamentos com benefícios. “Até temos esse direito, mas preferimos não ter beneficio para evitar retaliação dos outros estados”, explica.

Ele afirma que a marca se mantém na concorrência porque consegue lucra pouco na unidade, mas ganha no volume. “Os medicamentos que compramos 90% são direto das fábricas”, diz.

Sebastião também afirma que não há motivo para “desespero”, pois avalia que o Estado tem ainda muito campo para crescer. “Temos 60% dos 3 milhões de moradores que consomem remédios. Tem mercado para todo mundo”, acredita.

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