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Economia

Grupos familiares monopolizam postos de combustíveis, constata CPI

Renata Volpe Haddad | 17/05/2016 17:34
Durante reunião da CPI dos Combustíveis, deputados ouviram representante de distribuidora e presidente de sindicato. (Foto: Renata Volpe Haddad)
Durante reunião da CPI dos Combustíveis, deputados ouviram representante de distribuidora e presidente de sindicato. (Foto: Renata Volpe Haddad)

Em Campo Grande, os 160 postos de combustíveis associados ao Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Mato Grosso do Sul) pertencem a apenas 10 empresários. A informação foi divulgada durante reunião da CPI dos Combustíveis realizada nesta terça-feira (17) na Assembleia Legislativa.

De acordo com o presidente do Sinpetro, Edemir Jardim Neto, a maioria dos postos pertencem a empresas familiares. "Na Capital, temos 160 postos associados ao sindicato e no interior são 440 sendo que juntos empregam 9.580 funcionários no Estado", afirma.

O presidente justifica que o Sinpetro não estabelece valores dos combustíveis, nem realiza auditoria ou fiscalização, apenas colabora com os associados em defesa administrativa, entre outros assuntos. "A revenda é o último elo e não podemos interferir no preço que os empresários repassam aos consumidores finais, isso depende de cada um".

Em relação aos preços dos combustíveis praticados no Estado, Edemir que também é dono de posto, defende que "não entende como os empresários conseguem manter os preços tão baixos", já que os custos são muitos.

"De oito anos para cá, venho percebendo uma bagunça no setor e os custos são tantos que não consigo entender como eles revendem tão barato. Se isso continuar, a revenda logo vai acabar e vamos dar brecha para comerciantes de outros Estados tomarem conta do que é nosso. As margens de lucro dos postos no interior são 16% e é o correto", disse ele, em resposta aos deputados.

A CPI presidida pelo deputado Beto Pereira (PSDB) está ouvindo empresários depois de receber e requisitar mais documentos a diferentes órgãos que fiscalizam o setor. A intenção é descobrir se existem irregularidades nos preços de combustível cobrados no Estado, assim se existem práticas nocivas ao mercado, como cartel ou dumping.

Distribuidora - Outro empresário ouvido hoje foi o representante da TAG Distribuidora, Luis Ricardo Coutinho. Ele explicou sobre a margem de lucro do preço da refinaria até o consumidor final e enfatizou que o mercado é livre e os empresários aplicam os preços que quiserem. A distribuidora atende 5% do mercado estadual.

"A TAG foi criada em Mato Grosso do Sul há dois anos e meio sendo que a matriz é no Estado e tem uma filial em Paulínia. O etanol é comprado do próprio Estado e a gasolina e diesel puros são de Paulínia, sendo que misturamos os combustíveis aqui", explica.

Coutinho informa que a margem de lucro da distribuidora é de R$ 0,2 por litro. "Vendemos o combustível a R$ 2,97 aos postos e nossa margem é pouca, o resto, é de imposto, pagamento de refinaria e outros custos".

Um dos relatores da CPI, Maurício Picarelli (PSDB) alegou que foi constatado que postos do interior do Estado vendem o litro da gasolina por até R$ 4. Para Coutinho, isso é porque não existe concorrência. "Um exemplo é Ponta Porã que vende o litro a R$ 3,69 e isso acontece quando vemos pouca competitividade".

Para o deputado Beto Pereira, a CPI vai continuar ouvindo empresários do ramo. "Posso afirmar que em Campo Grande está nebuloso a questão do combustível, está estranho o cenário e vemos até agora muita contradição e dificuldades dos empresários relatarem os problemas vividos. Agora vamos ver se existe mesmo uma margem abusiva".

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