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Economia

Mais do que um negócio, comércio de bairros quer conquistar seus clientes

Caroline Maldonado | 16/08/2015 08:49
Proprietário percebeu que poderia abrir segunda farmácia no mesmo bairro (Foto: Marcos Ermínio)
Proprietário percebeu que poderia abrir segunda farmácia no mesmo bairro (Foto: Marcos Ermínio)
Estelita acredita que cliente quer ambiente aconchegante e próximo de casa (Foto: Vanessa Tamires)
Estelita acredita que cliente quer ambiente aconchegante e próximo de casa (Foto: Vanessa Tamires)

A escolha de um lugar para ir ou comprar algo é quase sempre baseada em preço e comodidade, mas isso é muito mais subjetivo do que parece. Como as grandes redes não estão muito preocupadas com atendimento, os pequenos negócios estão atraindo cada vez mais clientes, que buscam algo além de preço baixo.

Os pioneiros do mercado de bairro, que cresce cada vez mais em Campo Grande, detalham como conseguiram mostrar às pessoas que comprar em um pequeno negócio vale a pena. Além disso, quem faz essa escolha está participando da transformação na vida de pessoas, que se dedicam ao trabalho de uma forma diferenciada. Tem uma história atrás do balcão e o personagem principal é mais que alguém que montou o negócio por ser um investimento em algo rentável.

Um restaurante pode não ser badalado, em uma das ruas mais importantes da cidade, mas pode ser um dos poucos em que os pratos são feitos por alguém que aprendeu a fazer aquilo com os pais, não abre mão dos detalhes, esquecidos em locais onde a rotatividade de funcionários é alta e o dono nem tem afinidade com o ramo, é mais um investidor.

São clientes com essa visão que fizeram crescer o negócio de Estelita Cosmo de Araújo, de 53 anos, que há 10 anos prepara a tapioca, que aprendeu com os pais, uma paraibana e um pernambucano. O pai montou para ela um restaurante, mas foi na barraca de tapioca, que ela descobriu como unir o útil ao agradável e agora já são duas barracas em feiras diferentes e a Casa da Tapioca, no Jardim Leblon.

Ela tem ajuda da filha, da irmã e da prima para administrar os negócios. “Como a gente sabe fazer a tapioca, esse que é o bom da coisa, saber fazer não e depender de outro”, diz Estelita. Mas não é só o “saber fazer” que cativa os clientes. Segundo ela, tem cliente que procura o local pelo aconchego. “Alguns vão lá na barraca da feira mais para conversar. Tem cliente que chega baixo-astral, fica ali e daqui a pouco já melhora. Além disso, eu também estou sempre de humor, não tem essa de estar um pouco chateado e demonstrar para o cliente”, detalha Estelita, que é da categoria MEI (Micro Empreendedor Individual).

Dono da Drogaria América abriu outra farmácia a cerca de 200 metros (Foto: Marcos Ermínio)
Dono da Drogaria América abriu outra farmácia a cerca de 200 metros (Foto: Marcos Ermínio)
Casa da Tapioca, no Jardim Leblon, busca conquistar clientes com pequenos detalhes (Foto: Vanessa Tamires)
Casa da Tapioca, no Jardim Leblon, busca conquistar clientes com pequenos detalhes (Foto: Vanessa Tamires)

Ela destaca ainda que os MEIs e pequenas empresas têm ainda a vantagem do preço, em muitos casos. “O preço tem que ser acessível. Uma casa de lanche linda, um lugar maravilhoso é bom, mas tudo vai para o preço. Para manter aquilo tudo ali, tem que tirar do cliente. Às vezes alguns investem muito na aparência, mas o lanche deixa a desejar e acaba ficando mais caro”, explica.

Com uma farmácia no bairro Coophavila há 10 anos, Lodomilson Alexandre, de 47 anos, deixou muitos concorrentes para trás e já estava craque no quesito “conhecer bem o cliente”, quando decidiu pesquisar e viu que no mesmo bairro, tinha um outro público que nunca frequentou a drogaria América, mas virou cliente assíduo no novo espaço que ele abriu, há pouco mais de um ano, uma franquia a 200 metros da primeira farmácia.

“Percebi que tinha moradores, com renda um pouco superior, por isso comprei a franquia. O perfil desses clientes é diferente do da América. É um publico que gosta de comprar em redes e passou a comprar comigo. Eu comecei a descobrir um mercado diferente dentro do meu próprio bairro. Por outro lado, tem cliente que passa aqui na frente da drogaria e vai lá na outra, a América”, relata o microempresário.

Ele também lembra que preço em comércio de bairro já não assusta mais os clientes, pois com menos custos dá para cobrar menos. “Aqui perto, por exemplo, tem uma loja de calçados. Eu comprei lá o mesmo sapato que tem em uma grande loja do shopping e paguei R$ 50 a menos”, diz.

Movimento – Para estimular a compra em 190 mil pequenos negócios de Mato Grosso do Sul, foi lançado pelo Sebrae (Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa), o movimento “Compre do Pequeno”, cujo o dia D será 5 de outubro, data em que foi instituído o estatuto da micro e pequena empresa. A campanha tem um site, que mostra os pequenos empreendimentos que estão mais perto de quem acessa, é o www.compredopequeno.com.br. Para envolver cada vez mais gente no movimento, o Sebrae lembra que os pequenos comércios são responsáveis por mais da metade dos empregos formais no Estado.

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