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Economia

Mercado da cana emprega mais de 100 mil, mas ainda encontra críticas

Fabiano Arruda | 03/02/2012 18:31
São 29 mil empregos diretos no setor e outros 87 mil indiretos, segundo dados da Biosul. (Foto: João Garrigó)
São 29 mil empregos diretos no setor e outros 87 mil indiretos, segundo dados da Biosul. (Foto: João Garrigó)

A safra da cana de açúcar, finalizada no último dia 31, empregou 116 mil trabalhadores, entre 29 mil postos direitos e 87 mil indiretos, e segue como um dos maiores empregadores em Mato Grosso do Sul, segundo dados divulgados pela Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) nesta sexta-feira.

Apesar dos números vultuosos, o setor ainda esbarra em críticas como a demissão após o encerramento de safras.

O exemplo mais recente ocorreu ontem na usina de açúcar e álcool Santa Olinda, com sede em Sidrolândia, que demitiu 349 trabalhadores nesta última semana. A assessoria de imprensa da usina considera o procedimento normal por conta da entressafra.

A informação é do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Açúcar e Álcool de Rio Brilhante que atende 6,8 mil trabalhadores.

O presidente da entidade, Oviedo Santos, afirma que ainda recebe reclamações de problemas como desrespeito a obrigações trabalhistas e más condições de trabalho, no entanto, as queixas caíram.

“De 1995 para cá acredito que a situação dos trabalhadores melhorou 80%. As usinas evoluíram e também melhoraram as condições de trabalho, mas ainda existem empresas que passam por dificuldades”, pontuou, destacando que, com a chegada das máquinas na produção da cana de açúcar, boa parte do sofrimento do trabalhador foi eliminada.

Outra reivindicação recente dos empregados do setor foi discutida por meio de ação civil pública proposta pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) contra o Sindal-MS (Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool do Estado do Mato Grosso do Sul) no ano passado.

A ação cobrou o pagamento horas “in itinere”, tempo gasto pelo trabalhador no percurso até o local de trabalho, que devem ser pagas como hora extra caso o total da jornada superar o limite de oito horas diárias, em situações em que o local de trabalho é de difícil acesso ou não é servido por transporte público regular, desde que o empregador forneça a condução.

O não pagamento da hora “in itinere” representa aproximadamente R$ 350 milhões anuais em valores que os trabalhadores deveriam receber, conforme cálculos do MPT. Conforme dados colhidos em vistorias feitas pelo órgão em várias usinas do Estado, o tempo médio de percurso, somada a ida e a volta, corresponde a 2h45min. Neste cálculo, estima-se que o prejuízo dos trabalhadores alcança cerca R$ 27,4 milhões ao mês.

Do outro lado, o presidente da Biosul, Roberto Hollanda, defendeu, durante entrevista nesta manhã, na sede da associação, em Campo Grande, os avanços do setor nos últimos anos.

Segundo ele 83% dos 115 mil postos de trabalho na cana de açúcar se transformaram em empregos permanentes, o que ele considerou tendência. “O emprego dos safristas, por época, diminui cada vez mais”, garantiu.

Neste universo dos permanentes, segundo a Biosul, após a safra, os trabalhadores tiram férias ou então são remanejados para área de plantio, fazem novos cursos e são destinados até para reforma da lavoura, além de parcela dos empregados que atuam no administrativo e trabalham no ano todo.

O número de usinas de açúcar e álcool saltou de 14 para 22 entre 2008 e 2012.

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