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Economia

Para contribuintes de Campo Grande “Dia Sem Imposto” virou promoção

Elverson Cardozo | 25/05/2012 14:19
Fila ao lado do posto de combustíveis Gueno Avenida, na avenida Mato Grosso. (Foto: Elverson Cardozo)
Fila ao lado do posto de combustíveis Gueno Avenida, na avenida Mato Grosso. (Foto: Elverson Cardozo)
O auxiliar de carga e descarga, Ricardo Sassai, de 34 anos, foi o primeiro da fila. Chegou às 4h30. (Foto: Elverson Cardozo)
O auxiliar de carga e descarga, Ricardo Sassai, de 34 anos, foi o primeiro da fila. Chegou às 4h30. (Foto: Elverson Cardozo)

A confusão e o tumulto foram praticamente pré-anunciados, mesmo com o aviso categórico de que o “Dia Sem Imposto” seria uma campanha de conscientização sobre as altas cargas tributárias e não uma promoção.

Nesta sexta-feira (25), dia em que acontece a mobilização a nível nacional, teve quem encarou sair de casa antes das 5h, só para garantir uma vaga na fila que se formou ao lado dos dois postos de combustíveis da Capital, que participaram da ação.

E não é para menos. Aos olhos de quem costuma pagar R$ 2,80 por litro de gasolina, abastecer o carro e a moto com quase a metade do valor é uma proposta tentadora.

De tão tentadora gerou tumulto e quase virou confusão. No posto Gueno Avenida, localizado na avenida Mato Grosso, o primeiro da fila chegou às 4h30. A PM (Polícia Militar) informou que pelo menos 400 pessoas se aglomeravam no local por volta das 9h.

A fila tinha mais de 50 metros e por pouco não dobrou a esquina. Um dos integrantes tratou logo de distribuir uma senha improvisada para organizar a “bagunça” e evitar que os “mais espertos” furassem fila, mesmo assim, teve quem reivindicou o direito de ser atendido primeiro.

No Auto Posto Aurora, localizado na região central, no cruzamento da Dom Aquino com a Rui Barbosa, a situação parecia estar sob controle. Só parecia. Na fila desde às 8h, o moto-entregador Nilson Costa, de 43 anos, reivindicava o direito de abastecer o carro, mesmo com a distribuição de senhas já encerradas.

Débora Osório, de 23 anos, também estava revoltada. Fora da lista dos que já tinham garantido acesso ao desconto, a dona de casa queria, por toda lei, abastecer o carro e a moto.

Posto Aurora, na região central de Campo Grande. (Foto: Minamar Júnior)
Posto Aurora, na região central de Campo Grande. (Foto: Minamar Júnior)

A jovem contou que soube da campanha hoje pela manhã, ao ouvir um programa de rádio. Débora disse ainda que se não conseguisse participar do Dia Sem Imposto iria processar a emissora por ter divulgado informação incompleta. “Foi limitada a quantidade de combustíveis, mas não a de veículos”, justificou.

Às 10h20, a supervisora de crédito e conta, Jucimar Ferreira, de 34 anos, era a última da fila. Como as senhas já haviam sido esgotadas, pretendia arriscar. Queria abastecer o carro para fazer uma viagem à cidade de Dourados.

“Não fizeram coisa melhor. O pessoal corre atrás”, disse, acrescentando que um dia não foi o suficiente para suprir a demanda.

Compensa? - Se comparado ao preço médio que o combustível está sendo comercializado em Campo Grande, a economia no “Dia Sem Imposto” é de, no máximo, R$ 30,00, para abastecer 25 litros de gasolina que, hoje, nos dois postos, estava sendo comercializada a R$ 1,62.

Cada estabelecimento participou oferecendo 5 mil litros de gasolina, o suficiente para abastecer 140 carros e aproximadamente 50 motocicletas. Pode parecer pouco, mas para quem levantou cedo a diferença compensou.

“Porque R$ 30,00 não é 0,30 centavos”, finaliza a dona de casa Débora Osório.

Outros estabelecimentos – Fora os postos de combustíveis, outros três estabelecimentos participaram da campanha. No Firulas Café, localizado na praça de alimentação do Shopping Campo Grande, o risoto, que custa em média R$ 35,00 estava sendo vendido a R$ 23,96.

O café expresso, que é comercializado a R$ 3,90, hoje podia ser pago com R$ 1,30 a menos, a R$ 2,60. A proprietária do estabelecimento, Milla Rosimar, de 30 anos, afirmou que a procura começou logo cedo, mas o local não chegou a ficar tumultuado.

Grupo resolveu aproveitar desconto no valor do risoto. (Foto: Minamar Júnior)
Grupo resolveu aproveitar desconto no valor do risoto. (Foto: Minamar Júnior)

Só no período da manhã, mais de 50 cafés foram vendidos. Já o risoto, das 12h às 13h, havia sido pedido mais de 20 vezes. Para Milla, a campanha para mostrar a carga tributária sob a alimentação é válida, mas o consumidor enxerga a ação como promoção.

Na Lalai, instalada no mesmo shopping, a campanha do “Dia Sem Imposto” ainda não começou, mas a procura já. A gerente da filial, Roseli Marinho, de 39 anos, disse que já recebeu algumas ligações hoje pela manhã, mas em todas elas os clientes perguntaram por descontos - referente à campanha - nas tortas, como Marta Rocha, morango e prestígio.

Mas hoje, pelo menos por enquanto, quem for à filial vai ter de se contentar em pagar menos no pastel, pão de queijo e suco de laranja. A Lalai adere à campanha a partir das 16h.

Já na Subway, que fica na avenida Alagoas, todos os sanduíches de presunto destinados à campanha já foram vendidos. A assessoria de comunicação da rede informou que a procura maior foi entre 11h e 12h e que o espaço chegou a ficar tumultuado.

Atendimento na Subway da avenida Alagoas. (Foto: Minamar Júnior)
Atendimento na Subway da avenida Alagoas. (Foto: Minamar Júnior)

Campanha - O “Dia Sem Imposto” parte de uma mobilização intitulada “Dia nacional de respeito ao contribuinte e da liberdade de impostos” – uma campanha de conscientização promovida pela Conaje (Confederação Nacional de Jovens Empresários) sobre as altas cargas tributárias.

Em Mato Grosso do Sul, a iniciativa foi organizada pelo CJE (Conselho de Jovens Empresários), da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, CDL Jovem de Campo Grande e de Dourados.

Os descontos foram equivalentes à carga tributária estimada pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).

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