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Economia

Pecuaristas pantaneiros querem medidas para atenuar perda de rebanho

Edmir Conceição e Silvio Andrade | 30/08/2011 12:08

Mato Grosso do Sul chegou a registrar 24 milhões de cabeças em 2004, hoje tem menos de 20 milhões segundo dados do IBGE.

Fazendas ficaram totalmente submersas no período da cheia. (Foto: Divulgação)
Fazendas ficaram totalmente submersas no período da cheia. (Foto: Divulgação)

Produtores rurais pantaneiros querem a postergação das dívidas com instituições bancárias como forma de minimizar os impactos das perdas trazidas pela última cheia. A definição foi tomada em reunião de pecuaristas com representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), na Casa Rural, em Campo Grande, nesta segunda-feira (29).

A proposta de adiar o pagamento das parcelas de crédito com vencimento este ano para o final do contrato já foi levada para a Secretaria de Produção e Turismo (Seprotur) e será encaminhada pela Famasul para as instituições financeiras do setor em Mato Grosso do Sul. Depois de uma das maiores cheias das últimas décadas, a pecuária pantaneira amarga os prejuízos tanto do excesso de chuva como da seca e frio que estão sucedendo o período chuvoso. Algumas propriedades já registram na ponta do lápis perdas que ultrapassam 10% do rebanho.

Os danos são reflexos de uma super cheia que não respeitou o já estabelecido ciclo das águas pantaneiras. O período de chuva, que normalmente ocorre de novembro a março, concentrou-se no final de fevereiro e início de março. O destempero do clima - que por se dar no período da colheita ocasionou perdas expressivas também para a agricultura no Estado – dificultou a retirada do gado das áreas alagadiças. “Foi um tsunami pantaneiro”, comparou um produtor que prefere não se identificar, um dos que contabiliza perda acima de 10% do rebanho.

O pico da cheia de 2011 chegou a 5,62 metros, registrados no rio Paraguai na régua colocada no município de Ladário. Foi a terceira maior cheia desde 1995, quando o rio atingiu 6,56 metros. Depois desse período, segundo a Embrapa, o Pantanal iniciou um longo ciclo de seca, com inundações abaixo de 5 metros. A maior cheia na região ocorreu em 1988, chegando a 6,64 metros.

Depois de perder gado afogado, os pecuaristas enfrentam agora a dificuldade de alimentar o rebanho, pois o Pantanal entrou novamente em período de estiagem e, se o calendário climático seguir o curso normal, as chuvas chegarão apenas em novembro. Ou seja, os animais retirados para as partes mais altas estão fracos e padecendo de fome. “É uma situação de difícil solução”, avalia o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Famasul, José Lemos Monteiro. E a preocupação é de que os efeitos sejam ainda piores. “Há 40 anos registro o movimento das chuvas no Pantanal e depois de uma grande enchente sempre vem uma grande seca”, afirma o criador pantaneiro.

As perdas, que a princípio podem ser consideradas individuais, somam para uma condição que preocupa os pecuaristas em âmbito nacional: a redução do rebanho brasileiro. Mato Grosso do Sul chegou a registrar 24 milhões de cabeças em 2004, hoje tem menos de 20 milhões segundo dados do IBGE. Entre os fatores geradores da redução estão a queda na renda do pecuarista e o abate acentuado de matrizes. “Diagnóstico de gestação feito este ano prevê baixa taxa de prenhez, o que resultará em baixa desmama de bezerros em 2012”, afirma Monteiro, avaliando que o fator se reverterá em maior redução do rebanho.

Segundo dados da Embrapa Pantanal, os municípios pantaneiros de Corumbá, Coxim, Rio Verde, Aquidauana, Miranda e Porto Murtinho concentram um rebanho de 2,4 milhões de cabeças.

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